Em Minas Gerais, escola fundamental funciona em Posto de Gasolina com 60.000 litros de combustível




Cozinheira e colega carregam água para abastecer a escola; cada sala de aula tem um banheiro


Na “melhor educação fundamental do Brasil”, escola funciona em posto de gasolina


por Luiz Carlos Azenha, em Uberaba


O candidato do PSDB ao Planalto, Aécio Neves, tem dito em comerciais de campanha, discursos e debates que Minas Gerais tem “a melhor educação fundamental do Brasil”.

Esta simplificação grosseira, baseada tão somente nos resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), acaba mascarando para os não mineiros as precariedades da educação em Minas Gerais, argumentam professores ligados ao Sindicato dos Trabalhadores em Educação do estado, o SindUte.

Baixos salários, falta de quadras esportivas, laboratórios e bibliotecas compõem o quadro, dizem eles.

Os professores apontam para exemplos bizarros, como o da Escola Estadual Cândido Xavier, em Uberaba, para dizer que Aécio combina gastos em propaganda com mordaça na imprensa local para evitar que se exponha a verdade sobre a Educação em Minas.

Uberaba não fica em um lugar remoto do Estado. Com mais de 300 mil habitantes, é um importante polo de desenvolvimento, que se conecta economicamente com Ribeirão Preto, no norte de São Paulo.

O corredor da escola serve de pátio, local de merenda e cozinha

A escola Cândido Xavier foi criada no final de 2010, para atender ao surgimento de núcleos habitacionais em bairros próximos, alguns dos quais do Minha Casa, Minha Vida. Vai completar quatro anos de funcionamento precário. Hoje está em salas que ficam sobre um shopping center de um posto de gasolina, ao lado de uma das estradas que cortam a cidade.

A escola atende a 540 alunos em três turnos. As crianças do ensino fundamental estudam à tarde. As salas de aula improvisadas foram construídas para servir como escritórios. Com a da administração e a da cozinha, são 11 salas ao todo. Segundo o diretor, cada uma custa ao Estado um salário mínimo de aluguel, pagos ao dono do posto.

No andar de baixo do shopping, outra loja serve de biblioteca e de sala improvisada dos professores. Um galpão vizinho ao posto é a “quadra de esportes”.

Recentemente, grades foram colocadas para evitar o risco de as crianças cairem.

A merenda é preparada numa cozinha improvisada no corredor, que também é o pátio dos alunos. É ali que eles comem e passam o tempo do recreio.

A única saída da escola dá direto no posto de gasolina, onde segundo o frentista ficam estocados, em depósitos subterrâneos, 15 mil litros de gasolina, 15 mil de álcool e 30 mil de óleo diesel. O portão da escola, protegido por uma grade, fica trancado com cadeado, o que faz supor que não se considere aqui a possibilidade de uma emergência.

Para evitar que os alunos transitem no estacionamento do shopping, existe um corredor que liga a saída da escola a uma rua dos fundos, onde estacionam os ônibus escolares.


A quadra de esportes é improvisada em um galpão vizinho ao posto de gasolina.


Hoje faltava água na escola, o que tem acontecido com frequência. A cozinheira teve de sair com uma colega para pegar um panelão de água. Como as salas de aula são, na verdade, escritórios, cada uma tem um banheiro. Quando falta água, se algum aluno usa um banheiro o professor tem de providenciar um balde de água para dar a descarga, diz a avó de uma aluna de 19 anos que estuda à noite.

Segundo ela, por causa do mau cheiro e das baratas a neta passou mal recentemente e teve de voltar mais cedo para casa.

O diretor alega que o improviso pode acabar na metade do ano que vem, para quando está prevista a inauguração de num novo prédio na região. Na escola improvisada, ele contou sempre com o quebra-galho de um político local.

Hoje, alunos de ensino médio conversavam em uma das salas para matar o tempo, já que a professora tinha saído para fazer perícia e tirar licença médica.
Os dirigentes do SindUte sustentam que o alto número de professores doentes é também reflexo da precariedade do ensino em Minas Gerais.

Para eles, a escola que funciona em um posto de gasolina não é um problema pontual, mas apenas uma das mazelas mais evidentes de uma realidade que fica escondida sob o slogan de “melhor ensino fundamental do Brasil”.





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