Lobão, Frota e Dolabella dão bolo em FHC e na massa cheirosa, que grita “ei, ebola, leva a Dilma embora”
Marcha anticomunista
O repertório de xingamentos a Dilma Rousseff (PT), ao PT e a
símbolos da esquerda foi vasto. “Dilma terrorista!” / “Ei, ebola, leva a Dilma
embora” / “Ai que maravilha, a Dilma vai pra Cuba e o Aécio pra Brasília”.
Sobrou também para o compositor Chico Buarque, apoiador da candidata petista.
“Chico Buarque, vai cantar Geni na m*”. A preocupação com o comunismo permeou
todo o ato: “A nossa bandeira jamais será vermelha”, gritavam os mais
exaltados. Um cartaz com os dizeres “Viva a liberdade! Fora o comunismo!” foi
afixado na frente do carro de som que levava as celebridades. Os simpatizantes
do tucano também fizeram uma versão de “Pra não dizer que não falei de flores”,
de Geraldo Vandré, hino da resistência à ditadura militar. “Dilma vai embora
que o Brasil não quer você / aproveita e leva embora os vagabundos do PT.”
É HUMILHANTE
FHC marcou para esta noite de quarta-feira uma grande
manifestação.
Com o ego ferido ao ver Lula e Dilma enchendo de povo as ruas
deste país, o insepulto Príncipe dos Sociólogos resolveu arregaçar as mangas e
testar o seu cacife, a sua popularidade — ou sabe-se lá o que ele queria testar
— e convocou o povo às ruas contra a “podridão”.
Atentai bem.
A convocação deu em todos os jornais e sites camaradas, todo
articulista do bico comprido se referiu ao movimento, denominado #VemPraRua22, pulularam videos no face, no twitter, no Zap… com
depoimentos de FHC, Pedro Simon e o próprio Aécio.
Os neo-vloggers.
Diziam que iriam resgatar o espírito das jornadas de junho, aquela
rave cívica que arrastou uma moçada jovem e cansada de caminhar em esteiras nas
academias e que resolveu vestir-se de bandeira e dar um rolê pelas ruas, sempre
na hora de pico, atrapalhando o trabalhador de chegar em casa.
Lembra deles?
Aécio foi taxativo “nesta quarta-feira, a partir das 19h, o Brasil
inteiro vai estar mobilizado pela mudança.”
A expectativa era enorme. As casas de apostas se enchiam, o povo
se acotovelava com maços de reais nas mãos. Colocariam 50 mil pessoas nas ruas
como fez Dilma no Recife? Fariam um novo TUCA? Reproduziriam aquela linda
imagem recheada de vermelho que vimos essa semana na ponte que liga Joazeiro à
Petrolina, com uma multidão gritando Dilma, Dilma?
Às 19h de hoje tivemos a resposta:
cri, cri cri, cri…
O povo não foi.
Olhei para um lado, olhei para o outro e nada. Cadê Dado
Dolabella, cadê Lobão, cadê Alexandre Frota, quêde Lindsay Lohan?
Uai, sô. Abandonaram o candidato, esses cabras só são machos pra
xingar nas redes sociais, cadê mostrar a cara, cadê bater no peito, cadê
levantar a bandeira?
Nada!
Na hora de chacoalhar cadeirante, ameaçar ator, xingar a
presidenta, eles saem todos das tocas.
Todos nós sabemos que a turma do Aécio é da massa cheirosa e, sem
água, fica difícil madame arrumar o cabelo para sair às ruas.
Mas FH deixou claro que dessa vez queria o povo lá, o povão, eu e
você. E FH, todos o sabemos, tem a sua forma singular de se aproximar do povo,
certa vez disse que era um mulatinho com um pé na cozinha, dessa vez preferiu
mexer na árvore genealógica pra convencer os desinformados, ele aclamou sem
enrubescer “sou neto de nordestino, tenho orgulho disso. Nós aqui de São Paulo
precisamos estar juntos com vocês todos, nós todos juntos em indignação contra
essa podridão que está havendo no Brasil.”
Cri, cri, cri…
Mas com mil diabos, tantos artistas populares ao lado deles,
Chitãozinho, Zezé, Anderson Spider, o Fenômeno, o Goleiro Bruno, a família Para
Nossa Alegria…
Mas e o povo, quêde povo no Largo do Batata, Deus dos invernos?
Com que cara o candidato sai de casa amanhã? Haja injeção de
cavalo depois dessa.
Melancolicamente, Aécio vai vendo a sua candidatura artificial
cair na real.
Um cabra que, às véspera do pleito, convoca o povo às ruas e fica
comendo mosca só pode tá moscando.
A única multidão que segue Aécio é aquela que desrespeitosamente
aplaude o seu candidato em debates, dentro dos estúdios de TV, no ar
condicionado.
A rua é nóis, Aécio.
Palavra da salvação.
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