15 Mil nas Ruas de SP, em Passeata “Contra a Direita e Por Direitos”
Passeata do MTST começou na avenida Paulista por volta das 17h
Liderado pelo MTST,
ato reuniu movimentos sociais para cobrar as reformas prometidas por Dilma e
dar "resposta à elite"
Capitaneado
pelo MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) de Guilherme Boulos, um ato
com a participação de outros movimentos sociais reuniu nesta quinta-feira 13, milhares de pessoas, embaixo de chuva, para marchar pelas ruas da cidade.
A manifestação passou pelos Jardins, um dos bairros mais ricos da cidade e
reuniu, embaixo de chuva, pelo menos quinze mil pessoas, segundo estimativas da
Polícia Militar. Além de discursos políticos, o ato teve momentos
bem-humorados, como o baile de forró "contra o preconceito aos
nordestinos" na frente do Hotel Renaissance, que tem uma das diárias
mais caras da capital paulista.
Sob chuva forte,
o ato começou por volta das 17h
no vão livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp), na avenida Paulista, com os
militantes do MTST e também da Central Única de Trabalhadores (CUT), do
movimento Juntos e de outras organizações. “Tem uma ‘playboyzada’ aí dos
Jardins que, porque o ‘titio’ Aécio [Neves] perdeu a eleição, ficaram
‘bravinhos’ e foram para a rua contra o povo. Se lá na marcha deles tem elite,
que não gosto do povo, aqui tem povo trabalhador, aqui tem negro, aqui tem
nordestino, aqui está o povo brasileiro”, gritou Boulos de cima do caminhão de
som, antes de a passeata começar. Era uma referência ao ato do último dia
primeiro de novembro, que reuniu 1,5 mil pessoas no mesmo local para pedir a
queda da presidenta Dilma Roussef por impeachment ou por meio de um golpe
militar.
De acordo com o
líder do MTST, um dos objetivos era justamente “fazer o enfrentamento contra a
direita atrasada”: “Eles têm ido às ruas nos últimos meses defender posições
inaceitáveis para maioria do povo brasileiro. Defender não só intervenção
militar e impeachment, como também semear ódio aos pobres, o racismo e a
homofobia. Isso não pode ser admitido. Essa marcha vem para fazer contraponto e
mostrar que se os golpistas do Jardins estão colocando mil pessoas nas ruas,
nós vamos pôr 15 mil só para começar”.
Da avenida
Paulista, a passeata passou pelas rua Augusta, alameda Jaú e avenida Rebouças,
todas nos Jardins. Quando chegaram em frente ao hotel Renaissance, um dos mais
caros da capital paulista, os militantes fizeram um rápido baile de forró ao
som de Zé Ramalho e Luiz Gonzaga enquanto outros simulavam carpir o jardim do
empreendimento. “Queremos terra”, ironizavam os manifestantes ao mesmo tempo em
que viaturas e a Tropa de Choque da PM faziam uma linha de bloqueio na área de
embarque e desembarque para proteger o hotel.
“Esse ato é para sociedade brasileira perceber e entender
que a Dilma tem o apoio popular para fazer as reformas para qual ela foi
eleita. É para dar um recado para a sociedade brasileira: não são só os
reacionários que estão indo para as ruas”, afirmou o presidente da CUT, Vagner
Freitas. “O povo não votou para ter alta de taxa de juros, não votou para ter
banqueiro no Banco Central ou como ministro da Fazenda, o povo não votou para
ficar sendo pressionado pelo PMDB reacionário. Quem venceu a eleição foi a
agenda progressista. E pela quarta vez, o povo derrotou a agenda retrograda
reacionária”, complementou.
Pelas reformas já
Guilherme
Boulos, do MTST, explicou ainda que a marcha foi pensada também para pressionar
o governo federal pelas reformas prometidas na campanha eleitoral. “O ato
também tem o objetivo de pautar reformas populares no Brasil. O programa que
foi eleito nas urnas tem que ser realizado”, enfatizou. “[O projeto eleito] era
de mudança popular. As propostas que perderam não podem imperar. É necessário
que o povo deixe claro a importância das reformas estruturais: a reforma
política, a reforma urbana, a reforma agrária progressiva. Enfim, todos esses
temas estão travados na agenda brasileira há décadas por conta do impeditivo
que as elites colocam no Congresso Nacional”, disse.
Presente na
passeata, a ex-deputada federal do PSOL Luciana Genro, que disputou a
Presidência em outubro, minimizou a representatividade do discurso de extrema
direita: “Eu acho que a manifestação que ocorreu aqui dias atrás não tem força,
não tem representatividade social. Mas é evidente que a direita existe no
Brasil e ela se expressa, por exemplo, no massacre que a polícia e as milícias
promovem semanalmente na periferia das grandes cidades”.
Dos Jardins,
a passeata seguiu pela rua Consolação até o centro da cidade, na Praça
Roosevelt. Após quase três horas de caminhada embaixo da chuva, o MTST encerrou
o ato. No discurso final, Boulos deixou um recado para Dilma. “Nós não vamos
permitir que a presidenta não faça as reformas que prometeu e não governe para
os trabalhadores”.
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