FERNANDA MONTENEGRO ENVIA UM BEIJINHO NO OMBRO A ALI KAMEL
Deu
a louca na Rede Globo. Ou há algo que ainda não se poder enxergar com clareza.
Em 2006, um dos mais próximos executivos da família Marinho, o jornalista Ali
Kamel, publicou o livro "Não somos racistas", um libelo contra a
política de cotas raciais – desde então, esta foi a posição editorial de todos
os veículos de comunicação da Globo.
Ontem,
no entanto, na novela Babilônia, o grupo dos Marinho deu um giro de 180 graus
na novela Babilônia, que vem sofrendo críticas de setores conservadores desde o
primeiro capítulo, quando a novela estreou com o beijo gay de Fernanda
Montenegro e Natália Thimberg.
Desta
vez, a polêmica envolveu a política de cotas raciais, numa cena exibida no
capítulo desta segunda-feira. Ao conceder um bônus polpudo à sua melhor advogada,
a jovem negra Paula (Sheron Menezzes), Teresa (Fernanda Montenegro)
ouviu: "Sabe o que eu queria fazer com esse cheque? Esfregar na cara
de todas as pessoas que riram de mim por eu ter entrado na faculdade pelo
sistema de cotas".
Em
seguida, respondeu: "beijinho no ombro pras invejosas".
Evidentemente,
uma cena com esse teor político, no momento em que o Brasil é sacudido por uma
onda neoconservadora, não entraria numa novela da Globo sem que tivesse sido
discutida internamente. Mais do que simplesmente criar polêmica, ao discutir o
tema das cotas raciais, a Globo parece disposta a assumir pautas mais
progressistas.
Será
que os Marinho decidiram mandar um "beijinho no ombro" para Ali
Kamel? Confira, abaixo, a sinopse do livro "Não somos racistas", que
fala do medo do autor em relação à política de cotas:
SINOPSE:
'Não
somos racistas' é um livro nascido do espanto. Movido pelo instinto de
repórter, Ali Kamel, diretor de jornalismo da Rede Globo, começou a perceber
que a política de cotas proposta pelo Governo Lula - e que pode ser aprovada em
breve pelo Senado - divide o Brasil em duas cores, eliminando todas as nuances
características da nossa miscigenação. Ali constata, estarrecido, que, nesta
divisão entre brancos e não-brancos, os 'não-brancos' são considerados todos
negros. O primeiro capítulo de 'Não somos racistas' mostra como a política de
cotas começou a ser construída no governo Fernando Henrique Cardoso. Mostra,
ainda, como o jovem sociólogo Fernando Henrique foi uma das cabeças de um
movimento que dominou parte da intelectualidade nacional nos anos 1950. Um
movimento que se afastava do conceito de multiplicidade e democracia racial
proposto por Gilberto Freyre em obras como 'Casa grande e senzala' e dividia o
Brasil entre duas cores; negros e brancos. O livro de Ali Kamel começou a se
desenhar em 2003, quando ele passou a publicar, quinzenalmente, uma série de
artigos sobre as cotas no jornal 'O Globo'. Neles, constatava o sumiço dos
pardos e dos miscigenados nas estatísticas raciais brasileiras. Apontava,
também, para o fato de que o branco pobre tem a mesma dificuldade de acesso à
educação que um negro pobre, levantando a hipótese de que o maior problema do
país talvez não seja a segregação pela cor da pele - e sim pela quantidade de
dinheiro que se carrega no bolso. 'Não somos racistas' aprofunda e sistematiza
as idéias apresentadas pelo jornalista naqueles artigos; a negação da
miscigenação; o 'olho torto' das estatísticas, que escamoteiam problemas
sociais na divisão da população por cores; a situação de negros e brancos no
mercado de trabalho; o medo de que uma política de cotas, posta em prática,
construa uma separação entre cores que nunca existiu, de fato, no Brasil,
promovendo o ódio racial; os estudos científicos que provam que raças não
existem e, portanto, não pode haver tratamento desigual para seres humanos
iguais.
Comentários
Postar um comentário
comentário no blogspot