FRACASSA MISSÃO DE AÉCIO PARA "SALVAR" VENEZUELA
Aécio Rapapé tentando mais um golpe baixo.
Os senadores
brasileiros, liderados por Aécio Neves (PSDB), decidiram retornar ao Brasil, na
noite desta quinta-feira (18), após ver fracassar a tentativa de visitar, em
Caracas, na Venezuela, a pretexto de uma "missão política e
diplomática", o líder da oposição naquele país, Leopoldo López, que está
preso. Pelo Twitter, Aécio disse que a comissão tentou, mais de uma vez, se
dirigir ao presídio, mas "o trânsito, sob influência dos bloqueios",
tornou a iniciativa "impossível". Em seguida, ele publicou que o
grupo voltou ao aeroporto e deve retornar ao Brasil. O também tucano Aloysio
Nunes confirmou que o grupo desistiu da missão.
"O
que aconteceu em Caracas foi uma coisa vergonhosa. Esse governo venezuelano,
Nicolás Maduro, enlouqueceu. Ele criou uma enorme confusão no trânsito na
cidade, mobilizou um grupo de 200 pessoas para nos cercarem, nos agredirem,
jogarem pedras. O governo brasileiro tem o dever de falar alto e grosso contra
esses assassinos. Queremos a paz na Venezuela", afirmou Aloysio, em áudio
divulgado em suas redes sociais.
No
Twitter, o fato está sendo encarado como um "mico internacional". A
hashtag #AecioMicoInternacional tem sido replicada por centenas de internautas,
que ironizam a tentativa do senador tucano de visitar a Venezuela.
A
Câmara dos Deputados aprovou uma moção de repúdio aos atos de protesto contra a
delegação brasileira de senadores que foi à Venezuela para verificar as
condições dos opositores ao governo venezuelano presos naquele país.
O
deputado Vanderlei Macris (PSDB-SP) disse que o episódio ocorrido na Venezuela
confirma que houve um movimento organizado e contrário aos senadores líderes de
oposição brasileiros em missão naquele país. “Esse Parlamento dá uma
demonstração clara de repúdio contra agressões sofridas por brasileiros na
Venezuela”, disse ele, ao defender a moção de repúdio por conta da intimidação
sofrida por senadores brasileiros. A moção foi apresentada pelo deputado Nilson
Leitão (PSDB-MT).
O
presidente da Câmara, Eduardo Cunha, relatou a conversa que teve por telefone
com o chanceler brasileiro, Mauro Vieira, que foi acionado pela presidente
Dilma Rousseff para atuar no incidente.
“Ele
alega que o governo brasileiro autorizou o transporte da delegação em avião da
Força Aérea Brasileira. Lá chegando, com proteção policial, houve o
deslocamento até o local da visita, feito com o embaixador [brasileiro]
seguindo em carro próprio e a delegação em um micro-ônibus. No caminho,
militantes tentaram agredir o ônibus, mas a proteção policial funcionou para
impedir qualquer desdobramento de natureza mais grave”, informou Cunha ao
Plenário.
“É
claro que o episódio provoca uma tensão, e a delegação decidiu retornar ao
aeroporto e ao Brasil, com proteção policial aumentada. Essa é a versão do
ministro”, completou o presidente da Câmara, que cobrou uma posição oficial do
governo brasileiro sobre o episódio e a garantia da integridade da comitiva de
senadores.
Para
o deputado Glauber Braga (PSB-RJ), no entanto, as informações relatadas não
eram suficientes para que a Câmara aprovasse a moção. “Por enquanto, só tenho o
relato de vossa excelência [Eduardo Cunha] e o Twitter do senador Ronaldo
Caiado [DEM-GO], com todo o respeito que tenho por ele e sabendo de suas
posições ideológicas, que são claras”, disse Braga.
Já
o líder do Psol, deputado Chico Alencar (RJ), disse que a moção não é nenhuma
afronta ao governo venezuelano. “Essa moção do Parlamento está enxuta, não
acusa governos e fala do devido respeito a uma comitiva parlamentar”, disse
Alencar.
Posição
do governo
O
líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), disse que o
governo brasileiro, por meio do Ministério das Relações Exteriores, já está em
contato com o governo venezuelano e tomando providências. “É fato que houve o
episódio. O Itamaraty já está acionado. O governo está tomando todas as
providências: primeiro, para garantir a integridade física e o direito de ir e
vir da delegação brasileira”, explicou Guimarães.
“A
presidente Dilma Rousseff já está acionando o governo da Venezuela, e o nosso
governo não vai aceitar qualquer ação do governo venezuelano que comprometa o
direito de ir e vir de líderes da oposição do Brasil”, completou.
Mercosul
O
deputado Celso Russomanno (PRB-SP), por sua vez, lembrou que a entrada da
Venezuela no Mercosul foi condicionada à autorização para que os países membros
pudessem fiscalizar o exercício da democracia naquele país.
“A
garantia de parlamentares brasileiros é o mínimo que se pode exigir. Por lá, as
coisas acontecem de maneira orquestrada. Certamente para que os parlamentares
não tivessem êxito no que foram fazer lá”, disse.
A
líder do PCdoB, deputada Jandira Feghali (RJ), destacou que é clara a luta
político-ideológica que está estabelecida no Plenário. “A informação sobre esse
caso ainda está nebulosa. Não sei se foi marcada ou se não foi marcada [a
viagem]. Se a Venezuela sabia da visita. Não sei como o processo se deu. Não
devemos nos meter no processo de luta política que está lá. Queria ver como
seria a visita a uma cadeia americana sem avisar”, indagou.
“Como
se trata de parlamentares brasileiros, nós concordamos em votar a moção, mas
isso não retira de nós a demarcação clara de defesa da autonomia da Venezuela”,
disse a deputada.
O
deputado Rubens Bueno (PPS-PR) leu uma nota publicada pelo presidente do
Senado, Renan Calheiros, sobre o ocorrido na Venezuela. "As democracias
verdadeiras não admitem conviver com as manifestações incivilizadas e
medievais. Elas precisam ser combatidas energicamente para que não se
reproduzam”, diz a nota.
A
comitiva de senadores de oposição do Brasil estava a caminho do presídio em que
está Leopoldo López, preso por atuar como líder oposicionista ao governo de
Nicolás Maduro. Participam da missão três senadores do PSDB – Aécio Neves (MG),
Aloysio Nunes Ferreira (SP) e Cássio Cunha Lima (PB) –, dois senadores do DEM –
Ronaldo Caiado (GO) e José Agripino (RN) – e Sérgio Petecão (PSD-AC).
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