A Imoralidade dos Altos Salários e Regalias do Judiciário
Título alterado pelo Bastidores
Por Altamiro Borges
Vários especialistas garantem que o Poder
Judiciário é o mais hermético dos poderes da República – e também
o mais corrupto. Este fenômeno é mundial, mas chega aos extremos no Brasil. No
início de julho, numa dobradinha irresponsável que visa apenas desgastar o
governo Dilma, o Senado aprovou um projeto que concede ao setor um reajuste
salarial que varia de 53% a 79% a depender do cargo na Justiça. A presidenta,
que só fala no tal do ajuste fiscal, já anunciou que vetará o aumento. Até na
mídia oposicionista houve críticas à generosidade dos senadores. Globo, Estadão
e Folha publicaram editoriais e artigos contra a "irresponsabilidade"
do Legislativo e as regalias do Judiciário.
"Aumentos
salariais e distribuição de benefícios no Poder Judiciário não combinam com as
carências e as necessidade do país", pontificou a Folha em 2 de julho.
Conforme denunciou, o projeto implica em gastos adicionais aos cofres públicos
de R$ 25,7 bilhões divididos nos próximos quatro anos. O jornal ainda
criticou recente resolução do Conselho da Justiça Federal, que generalizou o
pagamento de um bônus de até um terço dos vencimentos a todos os magistrados
federais que recebam mais de mil processos novos por ano ou acumulem funções. A
manobra é revoltante, como aponta a Folha:
"A pretexto de
tornar as varas com grande número de ações mais atrativas, o adicional foi
banalizado. O que era exceção se tornou regra – segundo dados disponíveis, mais
de 80% dos juízes receberão o extra –, e a iniciativa demandará até R$ 100 milhões
por ano. Em termos de valores, esse bônus fica muito aquém do reajuste aos
servidores, mas vai muito além no quesito indecência. Trata-se, no fundo, de
uma maneira sub-reptícia de elevar ao máximo (R$ 33.763) o salário dos membros
de uma carreira de Estado repleta de vantagens, inclusive a de ser a mais bem
remunerada do país".
Recentemente,
a revista Época publicou longa reportagem, assinada por Raphael Gomide, que
revela as manobras em curso no Judiciário para elevar ainda mais as suas
regalias. O interesse da famiglia Marinho não tem nada de nobre – faz
parte apenas do esforço editorial em apoio ao ajuste fiscal para aumentar
o superavit primário – nome fictício da reserva de caixa dos
banqueiros.
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