FHC, O CORRUPTO MOR, DIZ QUE COMPRARAM OS VOTOS DA SUA REELEIÇÃO SEM QUE ELE SOUBESSE DE ALGUMA COISA. PODE?...
FHC assustado, se diz vítima
Em entrevista a Mariana
Godoy e longe das perguntas enviadas pelo chefe Ali Kamel, a entrevistadora parecia uma
espécie de Risadinha de Saias, ou, a versão mais feminina de Roberto Dávila.
A vida seria uma beleza se as entrevistas pudessem ser feitas apenas num
ambiente de risadas.
Mas não é assim. E as melhores entrevistas da história
contêm, todas elas, tensão e, não raro, antagonismo. Porque o objetivo não é
alegrar o entrevistado e sim informar o público.
Uma clássica, da Playboy americana, foi bruscamente
interrompida quando o entrevistado, o jovem Robert de Niro, pegou o gravador do
jornalista e o espatifou contra a parede.
Mas, fora os sorrisos, o que mais me chamou a atenção na
conversa de FHC com Mariana foi a postura dele em relação à compra de votos no
Congresso para que ele pudesse ter um segundo mandato, então proibido pela
Constituição.
FHC, durante muito tempo, negou essa realidade palpável,
expressa em feias maletas cheias de numerário, conforme evidências tão fortes
quanto as que trouxeram à luz as contas na Suíça de Eduardo Cunha.
Para tanto, FHC contou com o apoio da imprensa amiga, para
a qual maletas com dinheiro não eram um assunto digno de ser colocado em
entrevistas com FHC.
Mas a internet mudou as coisas, e em sites independentes a
compra é frequentemente lembrada, em seus detalhes mais vívidos. E da internet
o episódio ganhou, enfim, alguma atenção da imprensa.
Até no Roda Viva o assunto apareceu, claro que do jeito que
você poderia esperar de um programa como aquele.
FHC, diante das novas circunstâncias, foi obrigado a
aceitar o fato de que sua reeleição foi comprada.
Mas, e isto é fundamental, ele encontrou sua própria e
personalíssima versão dos acontecimentos, como ficou claro no programa de
Mariana Godoy.
FHC
se coloca, indignado, como vítima da
compra. O beneficiário foi ele. Tudo foi feito para ele. Cada cédula nas maletas
tinha como objetivo proporcionar mais quatro anos de presidência para FHC. (Aqui, um vídeo de um repórter da Folha que cobriu a
compra, em 1997.)
E no entanto ele fala do assunto como se tivesse sido
vítima de uma armação infernal de forças ocultas.
Não foi coisa dele, não foi coisa do PSDB, não foi coisa do
seu amigo Sérgio Motta, tesoureiro do partido e amigo seu de décadas.
Talvez FHC evolua, em breve, para a seguinte versão: foi
coisa do PT. De Lula.
Em seu jorro de indignação, ele usa como argumento o fato
de que a emenda foi aprovada com larga margem e que ele foi reeleito no
primeiro turno.
Mas um momento.
Só
faltava você comprar votos no Congresso e perder na votação,
tanto mais que o dinheiro – limpo, naturalmente – só era entregue contra a
demonstração do voto comprado.
Quanto à vitória nas eleições presidenciais, o que uma
coisa tem a ver com a outra? Nada, mas FHC decidiu dizer que tem. Se entendi, é
como se o voto popular absolvesse e abençoasse a compra.
Então ficamos assim, como vimos no programa de Mariana
Risadinha Godoy.
FHC foi vítima do dinheiro que comprou seu segundo mandato.
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