TORTURADORES TREMÊEM - FARSA DA DITADURA CONTADA 42 ANOS DEPOIS
Mais um caso de tortura no Nordeste vem à tona. Nenhum torturador ficará impune, por isso lutam desesperadamente para depor o Governo Dilma, camuflados em maçons, religiosos, pessoas de bem e poetas, que publicam como se fossem seus, velhos escritos de uma tia já falecida encontrados em velho baú da família.
No dia 28 de outubro de 1973, o militante
mineiro da APML, José Carlos Novais da Mata Machado foi morto sob torturas no
DOI-CODI de Pernambuco. Ao seu lado estava Gildo Macedo Lacerda, que nunca teve
os restos mortais localizados.
Dois dias depois,
os principais jornais publicavam uma notícia-padrão, como fotos dos dois,
informando que os “subversivos” teriam morrido após um tiroteio, com outro
companheiro da organização, supostamente Paulo Stuart Wright. O episódio ficou
conhecido como o “Teatro da Caxangá”.
Em 1998,
publiquei o livro “Zé – José Carlos Novais da Mata Machado – reportagem
biográfica”. Era a nova versão sobre a morte dele, vinte e cinco nos depois,
amparada em dezenas de depoimentos e algumas fontes documentais. O próprio
cunhado de José Carlos, Gilberto Prata Soares, confirmou ter se infiltrado na
APML. O livro esgotou em dois anos e nunca foi reeditado.
No último dia 28 de
outubro, lancei uma campanha no site Catarse, que permite financiamento privado
para projetos: quero fazer uma nova e ampla pesquisa, reescrever e publicar uma
nova edição do Zé, 42 anos depois de sua morte e de vários militantes da APML.
Vai o link:
Peço a ajuda de
vocês, que têm suas redes de comunicação. Sou um jornalista cearense turrão,
radicado no Recife há muitos anos, que, aos 46 anos, insiste em não usar
Facebook, Twitter, Instagram, essas coisas. Que detesta selfie. Que prefere
livros, sempre. Claro que a campanha ainda não decolou, e vai somente até 29 de
dezembro.
Busco o apoio de
gente que acredita em Democracia, Direitos Humanos, que não quer retrocessos
como os que já vivemos no passado, e que luta pela memória.
Dois motivos me
levam a isso.
Ampliar a versão original,
incluindo novas entrevistas, e acrescentar importantes informações do próprio
IV Exército, obtidas pela Comissão da Verdade Dom Hélder Câmara, de Pernambuco.
Houve uma operação coordenada, em vários estados, para prender e eliminar os
militantes da APML. Na Bahia, ela ganhou o nome de “Operação Cacau”. Tem 85
páginas, como fotos dos militantes sendo monitorados.
Em outubro de 1973,
foram assassinados pela repressão, os seguintes militantes da APML: Paulo
Stuart Wright, Umberto Albuquerque Câmara Neto, José Carlos Novais da Mata
Machado, Gildo Macedo Lacerda, Honestino Monteiro Guimarães,
Em fevereiro de
1974, dois remanescentes da APML também foram mortos, e constam na lista dos
desaparecidos políticos: Eduardo Collier Filho e Fernando Augusto de Santa Cruz
Oliveira
Outro motivo é de
ordem pessoal. Eu luto pela memória e contra o pacto cínico de uma nova e velha
direita raivosa, que é capaz de louvar o Golpe de 1964 e defender publicamente
o uso da tortura, representados na figura do deputado federal Jair Bolsonaro.
Para ajudar nesta
luta, basta clicar no link, escolher um valor (que começa com R$ 20,00) e
ajudar. E, se possível, compartilhar nas redes sociais.
Ao longo do texto,
fui percebendo a quantidade de vezes em que usei a palavra “depois”.
Talvez seja a noção
de passagem do tempo.
O pai de José
Carlos, Edgar da Mata Machado, morreu em 1995. Nos últimos tempos de vida, ao
se referir à morte do filho, sempre citava uma frase de Le´n Bloy:
“Sofrer passa. Ter
sofrido não passa nunca”.
Mais informações
com o próprio autor: samalima@gmail.com.
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