MORO PARTE PRO BATE BOCA COM ADVOGADOS DE LULA E CORTA A PALAVRA DELES
Moro se sente um deus, mas caminha direto para o inferno
Discussões entre a defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva (PT), o juiz federal Sérgio Moro – que é responsável pelos
processos da Operação Lava Jato na primeira instância – e representantes
do Ministério Público Federal (MPF) foram registradas na audiência
realizada na tarde desta segunda-feira (21) no prédio da Justiça Federal
do Paraná, em Curitiba.
Esta foi a primeira oitiva com testemunhas de acusação do processo
que envolve o tríplex, em Guarujá (SP), e que tem Lula como um dos
réus. O ex-presidente responde por corrupção passiva e lavagem de
dinheiro.
Os advogados de Lula que participaram da audiência são Cristiano
Zanin Martins, Jair Cirino dos Santos, José Roberto Batochio, Juarez
Cirino dos Santos e Roberto Teixeira.
Em nota, a defesa do ex-presidente disse que os delatores ouvidos
nesta segunda-feira não apresentaram qualquer elemento que confirme a
“tese acusatória” referente ao triplex.
O senador cassado e delator da Lava Jato Delcídio do Amaral (sem
partido-MS) foi o primeiro a ser ouvido. O depoimento dele foi
interrompido várias vezes. Os advogados de Lula reclamavam das perguntas
formuladas pelo MPF que, conforme eles, não eram objetivas e ainda
direcionavam as respostas das testemunhas.
“Qual é o contexto? O contexto só existe na cabeça de Vossa
Excelência. Que contexto é esse? O contexto para nós é a denúncia. E o
contexto é a denúncia. Nós pedimos para que o Ministério Público se
mantenha, portanto, no objeto da denúncia”, falou a defesa.
Lula não compareceu à audiência. Ele foi dispensado por Sérgio Moro, que atendeu ao pedido da defesa.
‘Região agrícola’
A defesa também argumentou com o juiz federal, que disse que as
interferências dos advogados estavam sendo inapropriadas naquele
momento. Um dos advogados chegou a chamar Curitiba de “região agrícola
do nosso país”.
“Pode ser inapropriado mas é perfeitamente jurídico e legal. O juiz
preside, o regime é presidencialista, mas o juiz não é o dono do
processo. Aqui os limites são a lei. A lei é a medida de todas as
coisas. E a lei do processo disciplina essa audiência. A defesa tem o
direito de fazer o uso da palavra pela ordem para arguir questão de
ordem ou se a vossa excelência quiser eliminar a defesa eu já imaginei
que isso tivesse sido sepultado em 1945 com os aliados e vejo que
ressurge aqui nessa região agrícola do nosso país. Se Vossa Excelência
quiser suprimir a defesa então acho que não há necessidade nenhuma de
continuarmos essa audiência”.
“Doutor. A defesa está tumultuando a audiência levantando questão de
ordem atrás de questão de ordem não permitindo que o Ministério Público
produza prova. Tanto o Ministério Público tem direito de produzir a
prova quanto a defesa”, justificaram os advogados.
Discussões de todos os lados
Durante o depoimento de Delcídio do Amaral, as questões da defesa de
Lula encontraram apoio até do procurador do MPF que acompanhava a
audiência, quando o juiz questionou o ex-senador sobre a tentativa de
obstruir uma possível delação do ex-gerente da área internacional da
Petrobras, Nestor Cerveró.
Moro – Seguindo aqui nessa questão, o senhor poderia
me descrever um episódio aqui, que houve uma tentativa de impedimento
da delação do senhor Nestor Cerveró. O senhor se envolveu nesse
episódio?
Adv. Lula – Excelência, o senhor me desculpa, mas esse fato é objeto de um processo que tramita, por decisão do Supremo Tribunal Federal, na Justiça Federal de Brasília. E já houve, inclusive, audiência na semana passada, quando todas as testemunhas acabaram por não reconhecer a delação do depoente em relação a esse tema.
Moro – Mas há um contexto e, por isso, estou fazendo essa pergunta.
Adv. Lula – É que é outro processo. Então, se nós formos… O Supremo disse que Vossa Excelência não tem competência para tratar desse caso. Vossa excelência está afrontando uma decisão do Supremo agora
MPF – Vou acompanhar aqui o ilustre advogado, em
razão de que o senador Delcídio é acusado naquele processo. Então, vossa
excelência, com todo o respeito, estaria antecipando o interrogatório. E
isso poderia gerar um efeito naquele outro processo. Então, vossa
excelência poderia reconsiderar isso aí, de não fazer perguntas sobre
aquele processo?
Moro - São breves questões relacionadas sobre o que ele já prestou aqui sobre esse fato.
Moro - São breves questões relacionadas sobre o que ele já prestou aqui sobre esse fato.
MPF – Ok, eu agradeço
Adv. Lula – É que eu fiz uma questão de ordem. Vossa excelência não decidiu… A minha questão de ordem…
Moro – Está indeferido, porque existe um contexto probatório que o juízo reputa relevante.
Comentários
Postar um comentário
comentário no blogspot