A investigação que Sergio Moro não teve coragem de peitar, nem Dallagnol de colocar no powerpoint
A seguir, texto de Wanderley Guilherme dos Santos
O QUE FAZER COM A REDE GLOBO DE COMUNICAÇÕES?
O que fazer com o sistema globo de
comunicação é um dos mais difíceis problemas a solucionar pela futura
democracia brasileira. A capacidade de fabricar super-heróis fajutos,
triturar reputações e transmitir versões selecionadas e transfiguradas
do que acontece no mundo, lhe dá um poder intimidante a que se foram
submetendo o Executivo, o Legislativo e o Judiciário. A referência aos
três poderes constitucionais da República resume a extensão do controle
que o Sistema Globo detém e exerce implacavelmente, hoje, sobre toda e
qualquer organização ou cidadão brasileiro. Só ínfima proporção do povo
desdenha ser personagem de um fictício Brasil, nas páginas de seus
jornais e revistas, notícias radiofônicas e matérias televisivas. Ainda
menor é o número dos que não se abalam com a possibilidade de soçobrar
nos planos de perseguição e vingança do portentoso vozeirão do Monstro
comunicativo. Nenhum juiz, político, servidor público, organizações do
bem ou do mal, passantes inofensivos e supostos detentores de direitos
posa de valente diante das bochechas do mau humor Global. O Sistema
Globo de Comunicação superou as Forças Armadas e as denominações
religiosas, inclusive a inquisitorial Igreja Católica, na capacidade de
distribuir pela sociedade os terríveis sentimentos de medo, ansiedade e
inquietação. Ele é a fonte do baixo astral e baixa estima dos
brasileiros e das brasileiras. O Sistema Globo converteu-se no gerente
corruptor e corruptível do medo político, econômico, social e moral da
sociedade brasileira, sem exceção.
Denunciar a gênese não contribui para
elaborar eficiente estratégia de destruição do Monstro. Aliás, de que
destruição se trata? O Sistema fabricou a mais abrangente e veloz rede
de transmissão de notícias, através de emissoras e retransmissoras
associadas, com comando centralizado e sem rival na sofisticação de sua
aparelhagem e na competência de seus operadores. O Sistema Globo de
Comunicações é modelo de excepcionalmente bem sucedido projeto de
formação da opinião pública e de interpretação conjuntural dos valores
cívicos da nacionalidade. É ele quem cria os amigos e os inimigos do
País, mediante o controle, pelo medo, das instituições políticas e
judiciárias. Com extraordinária reserva de recrutas intelectuais e
especialistas, está aparelhada para a defesa de qualquer tese que a
mantenha como proprietária praticamente exclusiva do poder de anunciar,
em primeira mão, o que é a verdade – sobre tudo e sobre todos.
Não é esse poder tecnológico e de
competência que deve ser destruído. Ao contrário, preservado e
estimulado a manter-se na vanguarda da capacidade difusora de notícias e
de valores, bem como em sua engenhosidade empresarial capitalista. O
que há a fazer é expropriar politicamente o Sistema Globo de
Comunicações, mantendo-o autônomo em relação aos governos eventuais (ou
frentes ideológicas de infiltradas sanguessugas autoritárias), e
implodir as usinas editoriais e jornalísticas do medo e de catástrofes
emocionais, restituindo isenção aos julgamentos de terceiros. O Sistema
Globo constitui, potencialmente, excelente opção para um sistema público
de notícias impressas, radiofônicas e televisivas. Politicamente
expropriados da tirania exercida sobre o jornalismo da organização, seus
proprietários jurídicos podem manter ações e outros haveres econômicos
das empresas conglomeradas, sem direito a voto na redação do futuro
manual do sistema público de comunicação.
Como está é que não pode ficar. Ou não haverá democracia estável no país.
À Rede Globo, da família Marinho, desde o Governo Militar, lhe foi dado o direito de ser o 1º Poder para, livremente e conforme seus interesses e conveniências, eleger governos e governar por meio dos mesmos e de tirá-los quando lhe interessar. Com isso, é também a inimiga nº 1 do Brasil, dos brasileiros.
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