TEMER NÃO REÚNE AS CONDIÇÕES MÍNIMAS, NEM MORAIS NEM POLÍTICAS, PARA GOVERNAR, E LULA GANHARÁ EM 1º TURNO EM 2018
Certamente, ele preferiria estar aí, em Marte.
A seguir, texto de Laurez Cerqueira no 247
Aécio, Serra e Alckmin parecem ter se tornado fardos muito pesados
para serem carregados, devido ao envolvimento deles em muitos
escândalos, e por responderem a muitos processos na justiça. É possível
que estejam sendo abandonados por não caberem mais na nova conjuntura
política.
Para refrescar a memória, no auge das manifestações do pessoal de
camisas amarelas da CBF, convocadas com a ajuda de Aécio Neves, recém
derrotado nas eleições de 2014, ele, José Serra, Aloysio Nunes Ferreira e
Geraldo Alckmin, foram impedidos de subir em carros de som e enxotados
da Avenida Paulista aos gritos de "fora corruptos!". São nomes que não
inspiram mais segurança para disputar eleições presidenciais.
A guerra entre eles está destruindo o PSDB e o governo de Michel
Temer, que eles mesmos ajudaram a alçar ao poder com o golpe de Estado.
Como a anistia ao "caixa dois", que livraria tucanos e outros
parlamentares dos processos está sendo descartada, tudo indica que eles
também estão.
A história pode estar tomando outro rumo, levando em consideração que
as abstenções atingiram níveis inimagináveis nas eleições deste ano.
Os editoriais do jornal Folha de S. Paulo, matérias da Rede Globo, da
revista Veja, da Época e de outras empresas de imprensa, que sempre os
apoiaram e tiveram, nos últimos dias, José Serra, Geraldo Alkmin e Aécio
Neves estampados nas capas com denúncias gravíssimas de envolvimento
deles em escândalos de corrupção, são sintomas de uma misteriosa
mudança.
É como se a mídia senhorial tivesse resolvido trabalhar na limpeza da
área para colocar outros personagens no cenário político, da linha
"gerentes e não políticos", bordão em alta na opinião pública, a fim de
tecer um novo arranjo de governo com mais presença do poder
econômico-financeiro e tecnocrático no centro das grandes decisões do
país.
Temer também está sendo descartado por ter demonstrado, no curto
período na Presidência da República, que não reúne as condições mínimas
de governabilidade para construir a saída da crise política e econômica
do país, agravadas ainda mais na gestão dele.
O envolvimento direto de Temer no escândalo Geddel Vieira Lima e
Eliseu Padilha, na prática criminosa de advocacia administrativa,
denunciado pelo ex-ministro Marcelo Calero; a articulação da base do
governo para aprovação da anistia ao "caixa dois" no Congresso Nacional;
a desastrosa comunicação dele sobre os fatos relacionados à queda de
Geddel, que se transformou em provas confessionais para o processo de
imputação de crime de responsabilidade, em andamento no Ministério
Público; o aparecimento recente de Eduardo Cunha com 41 perguntas
devastadoras a Temer, nas investigações da Lava-Jato; são fatos que
configuram um quadro fatal para o governo. Isso sem falar nas delações
premiadas da Odebrecht que pode ser o apocalipse.
Com a popularidade muito baixa e a perspectiva de que a rejeição a
Temer se transforme em quase unanimidade nacional, principalmente com o
agravamento da crise econômica e do desemprego, a base do governo,
sustentada pelo "centrão", pode migrar para outro arranjo político como
sempre ocorreu no Congresso Nacional. Quem conhece a Casa sabe disso.
Curiosamente, as gravações de Temer, Geddel e Padilha, envolveram
dois ministros do PSDB: Marcelo Calero, da Cultura, e Alexandre de
Moraes, da Justiça, a quem a Polícia Federal está subordinada.
O Congresso não costuma dar sustentação a governos impopulares. Dilma
foi a última vítima. Quando a destruição da imagem dela pela mídia
golpista e pela oposição chegou a níveis perversos, aconteceu o efeito
manada, abandono da base.
Temer está diante de duas alternativas: renunciar ou ser destituído
do governo. Ter o mandato cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral no
início do próximo ano, por crime eleitoral, ou, numa possível
reviravolta no Congresso Nacional, ser cassado por crime de
responsabilidade. O impeachment depende, evidentemente, das forças
políticas organizadas para a transição a um suposto novo governo.
Logo depois da queda de Geddel, Aécio correu para solidarizar-se com
ele e pousou para fotos, deu declarações de apoio, sabendo que Geddel
voltou para a Câmara e, como Romero Jucá, deve ser peça importante nas
negociações com o "centrão", essa ameba que pode se agarrar em qualquer
ser vivo de plantão.
Aécio está tentando dar os passos do avô, Tancredo Neves, que foi
primeiro ministro, em direção à possível instituição do parlamentarismo
no Brasil, já que não se elegeu por eleição direta. Mas, para eleição
indireta, os nomes dos candidatos que estão na boca de parlamentares
graduados no Congresso são Fernando Henrique Cardoso, Henrique Meireles e
Tasso Jereissati. O dele não. É carta fora do baralho.
A decisão se o Brasil terá regime parlamentarista ou não está nas mãos do ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal.
Surpreendentemente, o STF, em março deste ano, incluiu na pauta um
mandado de segurança, que estava mofando no tribunal desde 1997. O
mandado questiona a constitucionalidade de uma emenda constitucional, do
ex-deputado Eduardo Jorge/PT, em tramitação no Congresso, que institui o
regime parlamentarista.
No entendimento do ex-deputado Jaques Wagner, líder da bancada do PT,
na época, autor do mandado, depois de realizado o plebiscito previsto
nas disposições transitórias, o regime de governo só poderá mudar com
uma nova assembleia nacional constituinte, não poderá ser instituído por
Emenda Constitucional. Para ele, as disposições transitórias cumpriram
suas funções.
Ou seja, a decisão se o Congresso pode ou não mudar o regime de governo por Emenda Constitucional, depende do STF.
Fernando Henrique Cardoso, em viagem aos Estados Unidos, deve
explicar ao império que os candidatos do seu partido não conseguem mais
chegar ao poder por meio de eleição direta, que os três candidatos do
PSDB, Alckmin, Serra e Aécio, que disputaram eleições com Lula e Dilma
perderam todas as vezes, estão envolvidos em escândalos de corrupção, e
que as únicas alternativas que restaram foram o golpe de Estado para
derrubar Dilma, cassar a chapa Dilma/Temer, no TSE e, se o STF permitir,
o regime parlamentarista. O PSDB conseguirá eleger o presidente da
República somente por meio de eleição indireta e governar com o
"Centrão" criado por Eduardo Cunha, que está preso por corrupção.
Se nada disso acontecer, Lula ganhará em primeiro turno, em 2018.
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