Violência Contra a Mulher Não é Apenas Crime Passional
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Por Bia Cardoso, no Groselha
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Sandra Gomide, 32 anos,
assassinada em 20 de agosto de 2000. Pimenta Neves, o ex-namorado editor de um
grande jornal, deu dois tiros nas costas da vítima. Ele ficou preso de setembro
de 2000 a março de 2001, quando o STF concedeu-lhe um habeas corpus para
responder pelo crime em liberdade. Em maio de 2006, o Tribunal do Júri de
Ibiúna condenou Pimenta Neves a 19 anos e dois meses de prisão. Desde a
condenação, a defesa do condenado recorreu mais de 20 vezes ao STJ e ao STF.
Depois de 11 anos do crime, Pimentas Neves foi preso no dia 24 de maio de 2011,
por decisão do STF. Além da pena criminal, o jornalista também foi condenado a
pagar R$ 166 mil de indenização por danos morais aos pais de Sandra, que teriam
ficado doentes após a morte da filha. Em junho desse ano mais um recurso ao STF
foi negado.
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Eloá Cristina Pimentel, 15
anos, assassinada em 13 de outubro de 2008. Lindemberg Fernandes Alves, então
com 22 anos, invadiu o domicílio da ex-namorada. Eloá e sua amiga Nayara
Rodrigues, também de 15 anos, foram mantidas como reféns por mais de 100 horas.
Após diversas ações desastrosas da polícia, Nayara foi libertada com um tiro no
rosto e Eloá faleceu com um tiro na cabeça e outro na virilha. Em março de 2001
a audiência de instrução começou a ser refeita por determinação do Superior
Tribunal de Justiça (STJ). A Justiça paulista terá de decidir mais uma vez se
Lindemberg, acusado de matar Eloá com dois tiros, irá ser submetido a
julgamento popular pelo crime.
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Mércia Mikie Nakashima, 28
anos, desapareceu em maio de 2010. Seu corpo foi encontrado 19 dias depois em
uma represa na cidade de Nazaré Paulista. Segundo o laudo do IML (Instituto
Médico Local) Mércia morreu afogada, mas antes foi ferida por tiro no braço
esquerdo, na mão direita e no maxilar. Também foi atingida no rosto por outro
objeto não identificado. O principal suspeito do crime é seu ex-namorado Mizael
Bispo de Souza. O Ministério Público (MP) ofereceu denúncia contra Mizael por
homicídio triplamente qualificado – motivo torpe, meio cruel e recurso que
impossibilitou a defesa da vítima. Para o MP, Mizael matou Mércia por ciúme e
por não se conformar com o término do relacionamento. A prisão preventiva de
Mizael Bispo foi decretada no dia 7 de dezembro de 2010. Desde então, o acusado
está foragido.
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Eliza Samudio, 25 anos,
desaparecida desde o início de junho de 2010. Ela lutava na Justiça para que o
goleiro do Flamengo, Bruno, reconhecesse a paternidade de seu filho. Em outubro
de 2009, a jovem já havia registrado queixa na Delegacia de Atendimento à
Mulher contra Bruno. Ela teria sido agredida pelo jogador e obrigada a tomar
uma bebida abortiva. No dia 4 de agosto de 2010, o Ministério Público de Minas
Gerais denunciou Bruno e nove réus por homicídio triplamente qualificado,
sequestro e cárcere privado, ocultação de cadáver e corrupção de menor, exceto
o ex-policial Bola, que responderá por dois crimes: homicídio triplamente
qualificado e ocultação de cadáver. Ate hoje o corpo de Eliza não foi
encontrado. A juíza do caso está sob escolta policial devido a ameaças.
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Suênia Sousa Farias, 24 anos,
assassinada em 30 de setembro de 2011, com dois tiros na cabeça e um no tórax
disparados pelo professor de direito Rendrik Vieira Rodrigues. Rendrik esperou
a universitária sair da faculdade, entrou no carro da moça e seguiu com ela até
a cidade-satélite Recanto das Emas. A polícia acredita que os disparos podem
ter ocorrido com o carro em movimento. Após rodar por horas com o corpo dentro
do carro da vítima, Rendrik foi para a 27ªDP e se entregou. As duas faculdades
de Brasília em que trabalhava o demitiram. Rendrik está preso em uma cela
especial, no Complexo Penitenciário da Papuda. O local não possui grades e tem
um espaço mais amplo. Apesar de várias tentativas da defesa, o ex-professor
deve ficar preso até o final do julgamento. Está marcada para hoje, dia 25 de
novembro, a primeira audiência de instrução para o julgamento.
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Essa sexta 25 de novembro, foi
o Dia
Internacional de Luta Pelo Fim da Violência Contra a Mulher. Um dia para
relembrar a impunidade que permeia todos os casos citados nesse post, mas também
as ações do Estados, da mídia e de nós mesmos, como lembram Mayroses e Cynthia
Semiramis:
Por isso, ao invés de assistirmos passivamente a essa trágica história, devemos pensar sobre a nossa parcela de responsabilidade na violência contra as mulheres. Ela é fruto de uma sociedade patriarcal que naturaliza a submissão do corpo feminino e que reproduz cotidianamente discursos e práticas machistas que perpetuam essa situação. Assim, foram violentos os assassinos de Eliza, mas também foi violento o Estado que lhe negou proteção, a mídia que transformou sua morte em espetáculo e todos e todas que passivamente assistem ao desenrolar da história se achando no direito de condená-la por ser mulher.
Por isso, ao invés de assistirmos passivamente a essa trágica história, devemos pensar sobre a nossa parcela de responsabilidade na violência contra as mulheres. Ela é fruto de uma sociedade patriarcal que naturaliza a submissão do corpo feminino e que reproduz cotidianamente discursos e práticas machistas que perpetuam essa situação. Assim, foram violentos os assassinos de Eliza, mas também foi violento o Estado que lhe negou proteção, a mídia que transformou sua morte em espetáculo e todos e todas que passivamente assistem ao desenrolar da história se achando no direito de condená-la por ser mulher.
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