A Monumental Dificuldade de Marina em Trabalhar em Equipe
Qual o estilo de Marina?
Neca Setúbal, amiga e
conselheira de Marina, falou disso numa entrevista em vídeo ao jornalista
Fernando Rodrigues, da Folha.
Neca usou Dilma e Eduardo
Campos para definir o jeito de liderar de Marina.
Nem a viva e nem o defunto
foram poupados no esforço de Neca em elevar Marina.
Dilma, segundo ela, tem um
“estilo masculino”. Campos era “centralizador”.
Marina, disse Neca,
trabalha em “equipe”. Está num patamar diferente e superior.
Mesmo?
A biografia de Marina
mostra outra coisa. Ela é o que você poderia chamar de criadora de encrencas.
Parece ter, ao contrário
do que Neca disse, extrema dificuldade de trabalhar em equipe.
No mesmo dia em que Neca
louvava o espírito de time de Marina, o dirigente do PSB Carlos Siqueira, que
coordenava a campanha de Campos, dizia o exato oposto.
“Ela nomeou o presidente
do comitê financeiro da campanha e não perguntou ao PSB”, disse ele.
“Ela que vá mandar na Rede
dela”, acrescentou ele. “Como está numa instituição como hospedeira, tem que
respeitar a instituição. No PSB mandamos nós.”
Siqueira está fora da
campanha. E a candidatura de Marina só não está em chamas porque as
expectativas de voto são efetivamente promissoras.
O cenário mais provável,
hoje, é um segundo turno entre Dilma e Marina. Aécio tende a ficar pelo
caminho.
O estilo de Marina parece
combinar duas coisas contrastantes. O exterior sugere humildade – os traços, as
vestes, a voz.
O interior, ao contrário,
insinua um caráter com grande dificuldade de trabalhar em equipe – algo que
obriga a pessoa a ouvir, com frequência, não.
Pessoas com este perfil
costumam, na vida corporativa, sair de empresa para empresa com frequência.
Para elas, para usar a
grande expressão de Sartre, “o inferno são os outros”.
No caso de Marina, que
optou pela vida pública e não executiva, a consequência tem sido pular de
partido para partido.
Do PT para o PV, e deste
para a Rede, com a passagem de ocasião pelo PSB, foi um pulo.
Era óbvio, vistas as
coisas em retrospectiva, que para Marina se aquietar num partido ele tinha que
ser seu.
É mais ou menos, para
continuar na comparação corporativa, como o executivo que não gosta de ouvir
ordens: ele só vai sossegar quando e se montar sua própria empresa.
Este o sentido histórico
da Rede.
Marina jamais vai dizer
isso, até para preservar a imagem de extrema humildade, mas está claro que ela
poderia repetir o que Luís 14 afirmou em relação ao Estado: “A Rede sou eu”.
Pelas palavras de
Siqueira, morto Campos e ungida ela, Marina agiu exatamente assim: como se o
PSB fosse ela. Ou dela.
No passado não tão
distante assim, os brasileiros tiveram um campeão de votos com características
parecidas com Marina, pelo voluntarismo e pela dificuldade em se integrar a um
time, ou a um partido.
Era Jânio Quadros.
Jânio foi adotado pela
direita da época, alojada na UDN, para chegar ao poder.
Venceu as eleições de
1961, conforme esperado. Antes, já candidato, anunciou que renunciava à
candidatura. Depois renunciou à renúncia.
Na presidência, renunciou
depois de sete meses.
Cultivava, como Marina, a
aura de simplicidade. Comia sanduíches de mortadela e deixava a caspa se
mostrar em seus paletós baratos.
Mas, também como ela, não
sabia viver em grupo.
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