José Henrique Campos, o Filho de 9 Anos de Eduardo Campos
Recebi o texto que reproduzo lá emabaixo (através da amiga Duda Novaes) de autoria de Sandra Annetty (psicóloga, graduada pela PUC-RS) em comentário a um texto meu no Facebook, no qual fiz referências ao desvario da família de Eduardo Campos por ocasião do seu velório e sepultamento, quando expuseram José Henrique, o filho de apenas 9 anos, àquela louca dramaticidade.
No texto, observo que, por não estar ele (José Henrique) "engajado" politicamente como os seus três irmãos mais velhos e a mãe, queria apenas o seu pai de volta... queria, certamente, que todos, principalmente seus irmãos e sua mãe estivessem sentindo a saudade de Eduardo da forma que ele estava sentindo: profundamente... intimamente... silenciosamente.
E ele não entendia nada...
Não entendia toda aquela empolgação, como se uma festa fosse, comandada por correligionários que pensavam apenas em se dar bem, e começavam ali mesmo a contagiar seus irmãos mais velhos e sua querida mãe...
Ele estava só em sua profunda dor... em sua imensurável saudade. E seu sofrimento e sua dor me levaram junto com ele.
Como pai afetuoso que sou e sempre fui, chorei e sofri (não nego) todas as vezes que ele aparecia no vídeo com o espanto e dor de perder o pai estampado em seu rosto de menino, chegando a dizer à mãe dentro do carrinho que transportava os restos mortais do seu pai já dentro do cemitério "Mamãe, estou com medo!" Eu e Nadja lemos claramente nos seus lábios aproximados pela câmara da TV.
Eduardo foi um pai exemplar, sabemos disso, o que só aumentou ainda mais o sofrimento daquela criança, levada pela família até a beira da cova na qual enterraram seu pai sob um clima de festejo de reveion. Foram mais de 20 minutos de fogos estourando.
No dia seguinte a "festa" foi no lar dos Campos, apinhado de políticos, vizinhos, amigos e oportunistas, que aguardavam o pronunciamento de Renata (viúva de Eduardo).
Ela o fez lendo um texto previamente postado no celular que segurava com a mão direita, tendo o filho José Henrique entre seu corpo e o celular.
Na metade da fala a criança levantou a cabeça e olhou para sua mãe, e depois voltou a deitar em seu braço, e ali ficou, com o olhar perdido, até o fim da leitura. Era mais um pedido de socorro à sua mãe.
Naquele dia posterior ao sepultamento do seu pai, seu lar deveria estar em silêncio, em paz, com cheiro de incensos queimados em respeito a Eduardo, e não invadido por abutres famintos vasculhando as oportunidades proporcionadas por aquela tragédia que se arrastava já por intermináveis sete dias.
Com certeza essa criança, não "engajada", sofrerá ainda por muito tempo, e nunca entenderá aquelas "festas" que tanto empolgaram seus irmãos mais velhos e sua querida mãe.
A seguir, texto de Sandra Annetty
(psicóloga, graduada pela PUC-RS)
"A morte de Eduardo Campos fez renascer em mim a certeza
de que, ao menos no Brasil, a Política é a dileta e poderosa esposa do Cão!
Mulherzinha bandida, e com uma legião
de fãs-de-carteirinha, paus-mandado, arruaceiros, carcereiros, um exército
de imbatíveis! De imediato, lembrei-me das palavras do Chefe de Gabinete do
"casal", Antônio Carlos Magalhães, que disse que "em política,
só não vale perder a eleição". Hoje, entendo que o sentido disso é:
"eleição a gente não perde nem morto!".
Desde a notícia da queda do avião em que o presidenciável e
sua equipe estavam, eu só pensava nos seres humanos mais atingidos pela
tragédia: a mulher, a mãe, e os cinco filhos de Campos; e mais as esposas,
filhos, mães das demais vitimas, que, vamos falar a verdade, a basear-se na
cobertura midiática, parecia que sequer existiam! Eis a primeira das tantas
provas de que a Senhora Demo era a única que importava ali! Então, as pessoas
têm um momentâneo surto de consciência e afirmam que só se pensaria em
estratégia política, em nomes de sucessor e vice, após o enterro! ... E eu
acreditei! Como sou ingênua!
Mas o velório e o funeral tornaram-se um evento de gala
surreal, com direito a selfies com a viúva, com o caixão ao fundo; e até a
sorrisos da então candidata a vice-presidente! Além disso, havia gente gritando
"Justiça!" na porta do Palácio das Princesas, dando a impressão de
que a(s) vítima(s) tivesse(m) sido assassinada(s). Uma loucura que nem mesmo
eu, uma psicóloga com mestrado em "distúrbio comportamental de massa"
(mais conhecido como "histeria coletiva"), consigo entender, ou
melhor, aceitar que exista de fato além dos livros-objeto do meu estudo.
Mas, de tudo, o que me marcou, e me esfregou na cara que a
morte de um ser humano havia se transformado na maior bandeira política do
período eleitoral atual, foi ver os 3 filhos mais velhos de Eduardo Campos em
cima do carro do corpo de bombeiros vestindo um "uniforme" com a
máxima "nós não vamos desistir do Brasil" ("nós" quem,
caras-e-camisas-pálidas???), de braços erguidos e punhos cerrados, berrando
palavras de ordem. Neste momento, não sabia se aquelas pobres crianças, devido
ao duro momento de instabilidade emocional, foram cruelmente manipuladas, bem
como a viúva que se deixou aparecer naquela selfie bizarra; ou se a canalhice
já é algo impregnado até no DNA, e todos ali sabiam muito bem o que estavam
fazendo, e o que de fato tinha valor.
Que Pernambuco esteja de luto, em choque, por um homem
público que foi, para eles, um bom comandante, e um ser humano cativante; e que
muita gente de todo o país esteja se sentindo assim também, é esperado. Que
haja cortejo fúnebre, lágrimas, revolta, tudo isso é plausível. Nem todo mundo
faz parte da escória que se aproveitaria até da própria mãe (se alguns a
tivessem) para promover o que quer que seja. Mas até o momento, só dá pra
concluir que a Política é mesmo coisa dos infernos; que Seres Humanos que não
são de seu exército não valem absolutamente nada, e não passam de marionetes; e
que a Morte é tão simplesmente sua maior e mais competente promoter!"
Concordo plenamente Jose foi o que mais me abalou emocionalmente ele mostrava a expressao que nao entendia nada de medo. Vanessa-PE
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