A arte do passivo-agressivo, segundo Marina Silva
O comportamento passivo-agressivo é, basicamente, um mecanismo de
defesa para pessoas que não se sentem confortáveis sendo hostis. Elas
querem as coisas de seu jeito, mas ainda esperam que todos aceitem sua decisão.
Em tese, parece uma boa maneira de lidar
com conflitos. Não é. Quem não concorda com o passivo-agressivo tem a impressão
de estar louco.
É hostilidade — “hostilidade com açúcar”,
na definição do professor americano Scott Wetzler, autor de alguns livros sobre
o assunto.
Marina Silva é um clássico de
agressividade passiva. Transformou-se numa vítima dos “ataques” dos dois
partidos da — segundo ela — velha política, PT e PSDB.
Não que as críticas não sejam, muitas
delas, pesadas. Mas desqualificar tudo como baixaria é acabar com qualquer
chance de debate.
“Desconfio que a presidente Dilma não
fica confortável com o que diz a meu respeito. Mas deve ter um marqueteiro
dizendo para falar isso”, afirmou Marina. É um jeito supostamente meigo e
esperto de dar uma cacetada generalizada.
No domingo, na Paraíba, ela acusou Dilma
de ser a primeira mulher presidente “a querer destruir outra mulher que também
tem o direito de participar da democracia”.
Também falou que a presidente “vai
continuar escolhendo os diretores da Petrobras com os critérios de acabar com a
Petrobras pelo roubo, pelo dolo”. Marina vai indicar funcionários de carreira,
“não indicados do Renan Calheiros”.
Respondendo a Aécio Neves, Marina cravou
que ele promove sua desconstrução (ah, a riqueza do vocabulário marinístico) e
“os que mentem e querem o poder a qualquer preço são prisioneiros de si mesmos
e de seus interesses mesquinhos”.
No limite, é comportamento autoritário e
infantil. Qualquer um que lembre das contradições de Marina, ou mencione sua
falta de clareza, ou o que quer que seja — essa pobre alma é prisioneira de sua
própria mesquinharia. E isso é um elogio.
É uma maneira de se dar bem de qualquer
jeito. É como dar uma cotovelada fora de jogo e ridicularizar quem reclama.
É o passivo agressivo em ação: acuse
maliciosamente seu adversário e, se ele se defender, diga que é covardia.
Chore.
Não é novidade nenhuma na política, nova
ou velha. Mas, com Marina Silva, está chegando ao estado de arte.
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