Boff: Não houve apenas uma alternância de poder, mas de classe
"Quando percebemos conquistas fundamentais que beneficiam o povo, o intelectual não pode ficar equidistante, não pode ficar neutro, ele tem que tomar posição", destacou Boff.
O teólogo Leonardo Boff foi
um dos intelectuais que lideraram na noite da última segunda-feira (15) o ato
de apoio à reeleição de Dilma Rousseff. Boff ressaltou que foi realizada uma
"revolução pacífica democrática" em 12 anos de governos progressistas,
e o desempenho econômico do país em meio a uma crise econômica mundial, com a
criação de empregos enquanto as grandes economias desempregavam.
Não
deixou de destacar, também, o "longo caminho a percorrer", com
urgências como a reforma política e a agrária, além de um melhor planejamento
das cidades.
"É
próprio dos intelectuais, que tentam pensar o todo, manter certa distância e
certa equidade face aos partidos (políticos). Mas há um momento na história em
que, quando percebemos conquistas fundamentais que beneficiam o povo, o
intelectual não pode ficar equidistante, não pode ficar neutro, ele tem que
tomar posição. E é por isso que estou aqui e em outras partes do país, apoiando
a candidatura da Dilma Rousseff", comentou o teólogo.
Boff
salientou que Lula e Dilma fizeram uma revolução pacífica democrática que nunca
houve no nosso país, citando o livro "A revolução brasileira", de
Caio Prado Jr., que definia a revolução como algo que introduz as
transformações que atendem a aspirações de um povo nunca antes atendidas.
Não houve apneas alternância
de poder, houve alternância de classe
"Pois
Lula e Dilma fizeram esse tipo de revolução, e ela não pode ser perdida e nem
desfeita, porque não houve simplesmente alternância de poder, houve uma
alternância de classe social para aqueles que durante séculos estavam à margem,
considerados jeca tatus, óleo gasto, oprimidos", alertou Boff. Essa
revolução, acredita, deve ser continuada, consolidada. "Um sobrevivente da
grande tribulação dos brasileiros chegou a ser presidente e criou projetos que
enriqueceram a dignidade e a autoestima do povo brasileiro".
O
desempenho da economia brasileira, com um dos menores índices de desemprego do
mundo enquanto as maiores economias sofrem com altas taxas de desempregados,
também foi destacado. Ele falou ainda sobre a trajetória do Partido dos
Trabalhadores, se referindo a "grupos que se deixaram tomar pelo
poder", mas que não fizeram com que o sonho do partido se perdessem.
"Há
pessoas por ai lançando borboletas fantasiosas, mas esquecem de plantar as
flores para que as borboletas venham. Lula e Dilma plantaram esse jardim para
que viessem as borboletas verdadeiras e não as virtuais. Uma sociedade que vive
sem um sonho, sem uma utopia, se afunda no brejo dos interesses pessoais e
corporativos. É preciso ressuscitar nossa capacidade de sonhos, de projeções
para frente. Temos um longo caminho a percorrer, como fazer uma reforma
politica. (...) Precisamos da reforma agrária, ela é necessária. Nós precisamos
também, além de distribuir terras, distribuir cidades", lembra.
De
acordo com Boff, é urgente manter um Brasil autônomo e soberano, que dialogue
com todos as nações. "(É preciso) mostrar o que foi feito, e que foi feito
não como esmola, mas como devolução de uma dignidade daqueles que eram os mais
vulneráveis e que foram integrados à nação brasileira. Este projeto, esta
revolução, não pode perder-se."
Fonte:
Jornal do Brasil
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