Marina desmente Marina, mais uma vez.
Diferentes declarações para diferentes
públicos
Marina desmente Marina, mais uma vez.
Um dia depois de ter dito a pequenos
empresários que iria “atualizar” as leis trabalhistas, ela investiu contra as
próprias declarações.
Disse que os direitos dos trabalhadores
são “sagrados”.
Antes que ela própria se desdissesse,
Dilma aproveitou para afirmar que não mexeria nas leis trabalhistas “nem que a
vaca mugisse”.
O que aconteceu com Marina?
Ela fez uma coisa típica da “velha política”:
afirmou uma coisa para um determinado público e depois se corrigiu para a
coletividade porque o que defendeu é impopular.
O mesmo ocorreu com Aécio quando, num
jantar com empresários, lhes prometeu “medidas impopulares” no sabor das
garfadas.
Em campanha, jamais voltou a falar delas.
Eis a velha política em seu esplendor.
Aos empreendedores, Marina citou, em
apoio de sua ideia de “atualizar” a legislação trabalhista, no “professor”
Giannetti”.
Pois o professor há muitos anos acha que
os trabalhadores têm direitos demais, e defende uma poda neles.
A visão negativa sobre direitos dos
trabalhadores é um clássico dos economistas ortodoxos como Giannetti.
Por uma razão básica: o pensamento de
tais economistas reflete, essencialmente, o interesse dos empresários.
Flexibilizar, os atualizar, os direitos
trabalhistas é bom apenas para as empresas e os empresários. Seus lucros
ficam maiores.
É uma medida que concentra renda, uma
tragédia para um país que tem, desesperadamente, que reduzir a desigualdade.
Existe uma falácia – amplamente propalada
pela mídia – segundo a qual os direitos brasileiros são os maiores do mundo, ou
coisa assim.
Mentira.
Para ficar apenas num caso, a licença
maternidade no Brasil é de 120 dias, cerca de 17 semanas.
Na Noruega, são 56 semanas (com 80% do
salário) ou 46 (com 100%). O pai e a mãe compartilham a licença.
As mães têm que ficar ausentes da empresa
pelo menos três semanas antes do parto e seis depois. O pai tem que tirar ao
menos 12 semanas.
O resto da folga o casal decide.
Economistas conservadores brasileiros
sempre apontaram os Estados Unidos como o modelo ideal de legislação
trabalhista.
Os trabalhadores americanos têm direitos
esquálidos.
Deu certo? Basta ver a crise econômica –
e social — dos Estados Unidos para ver que não.
A taxa de desemprego lá é alta. Numa
medição que inclui desempregados e subempregados, chega a 12,1%.
Um dos mitos conservadores é que,
baixando os direitos, as empresas contratarão mais.
O caso americano desmente isso. De
concreto, o que você tem é uma enorme concentração de renda.
Não é exagero dizer que, se dependesse da
propaganda apocalíptica conservadora, ainda hoje as pessoas trabalhariam 18
horas por dia, sete dias por semana, como no início da Revolução Industrial na
Inglaterra.
Marina tenderá a se contradizer sempre
porque ela tem um DNA de esquerda e escolheu como mentor econômico um
“professor” ortodoxo.
O problema, caso ela se eleja, é saber
qual dos dois lados vai dominar.
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