“Irmão vota em irmão”: a base do voto de Marina Silva
Apesar de ser evangélica, Marina Silva faz campanha de caráter político e evita rejeição de outros grupos religiosos
Nem todo evangélico é conservador. Assim como nem todo evangélico
vota na candidata do PSB à Presidência, Marina Silva, por ela ser fiel da
Assembleia de Deus, a maior denominação pentecostal do País. Isso não
significa, no entanto, que não exista uma tendência ao voto por afinidade por
parte dos evangélicos. O trabalho do cientista político e professor da PUC-Rio
Cesar Romero Jacob mostra que os eleitores evangélicos tendem a votar de
maneira parecida. Especialista na análise de mapas eleitorais no Brasil, Jacob
diz que há algum tempo os evangélicos adotaram a “tradição” de votar em
representantes da própria religião. De acordo com ele, esse fenômeno começou a
ser observado em 2002 e é uma das bases da candidatura de Marina Silva desde
2010.
“Tem
havido essa tradição do evangélico pentecostal de votar no irmão. Foi assim em
2002, com Anthony Garotinho (PR) para presidente, e com o Marcelo Crivella
(PRB), em 2004, para prefeito e, em 2006, para governador do Rio”, afirma.
“Publiquei um trabalho mostrando que havia uma enorme semelhança entre as
votações do Garotinho, a distribuição dos evangélicos pentecostais e o mapa das
repetidoras da Rede Record no Brasil. Por esse trabalho já se via como havia um
projeto dos evangélicos pentecostais na linha do irmão vota em irmão”, afirma.
Segundo Jacob, a estratégia é efetiva pois faz com que o piso do candidato
[número mínimo de votos] seja alto, pois 22% do eleitorado se declara
evangélico. “Em contrapartida, o teto [número máximo de votos] é baixo porque
essa mistura de religião e política acaba fazendo com que o eleitorado geral
rejeite o candidato”, explica o cientista político.
Mas
para empatar nas pesquisas eleitorais com a presidenta e candidata à reeleição,
Dilma Rousseff, Marina não tem apenas o voto dos evangélicos pentecostais. Como
ela não possui a rejeição comum que outros candidatos evangélicos costumam ter
de diferentes grupos religiosos, a candidata do PSB tem aglomerado outros tipos
de eleitor. Na opinião de Jacob, três grupos compõem o voto da Marina nesta
eleição: os evangélicos pentecostais, os “sonháticos” e os “antipetistas”.
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