Resumo do Debate no SBT
Parafraseando Luiz Carlos
Azenha
O fato de que os juros
bancários e o papel dos banqueiros na economia brasileira dominaram boa parte
das falas dos sete candidatos no debate do SBT fez com que a candidata
socialista, Marina Silva (PSB), saísse dele menor.
O assunto foi tratado,
direta ou indiretamente, pelos candidatos Eduardo Jorge (PV), Luciana Genro
(PSOL), Levy Fidelix (PRTB) e Dilma Rousseff (PT).
Marina, que sempre surfou
em sua origem humilde, desta vez teve o nome e o projeto político associados a
juros e banqueiros.
Fidelix chegou a nomear
duas pessoas próximas a Marina — o empresário Guilherme Leal, da Natura, e a
educadora Maria Alice Setubal, a Neca, acionista do banco Itaú — como devedores
de impostos à União.
Embora não o tenha feito
de forma didática, Dilma criticou a proposta de Marina de dar autonomia ao
Banco Central. No governo Dilma a decisão do Banco Central de aumentar ou não
os juros é tomada depois de consultas ao mercado. Num eventual governo Marina,
o BC teria autonomia para fazê-lo independentemente da população ou de seus
representantes eleitos.
Eduardo Jorge teve a
melhor apresentação individual no debate, considerando a coerência e a ênfase
com que defendeu pontos polêmicos. Por exemplo, creditou a falta de apoio
popular a duas de suas propostas — descriminalização das drogas e direito à
interrupção da gravidez — à falta de coragem dos políticos de debater o assunto
com a população. Explicou bem o domínio dos dez maiores bancos sobre a economia
brasileira e prometeu reduzir os juros.
O maior confronto se deu
entre as candidatas que lideram as pesquisas, com Marina afirmando que Dilma
fracassou na economia e esta sugerindo que Marina usa “frases de efeito e
frases genéricas”, típicas de campanha eleitoral, mas não sabe governar.
Diferentemente do que
aconteceu no debate da Band, no debate do SBT os jornalistas se destacaram por
perguntas apropriadas, duras e pertinentes, com destaque para Fernando
Rodrigues, Fernando Canzian e Kennedy Alencar.
Alencar, que sugeriu ao
candidato do PRTB que ele liderava uma legenda de aluguel, foi chamado por Levy
Fidelix de “língua de aluguel” e “língua de trapo”.
Fernando Rodrigues encaixou
um direto no rosto do pastor Everaldo (PSC), ao revelar que o candidato já foi
acusado de agressão por uma mulher com a qual se relacionou. Ao informar que
foi absolvido, o defensor dos “valores da família” acabou admitindo que seu
primeiro casamento não deu certo, que tinha mesmo namorado a acusadora mas que
agora, sim, estava casado de maneira estável. Fernando Rodrigues, de forma
sagaz, escolheu Aécio Neves para comentar o assunto – o jornalista Juca
Kfouri, do UOL, informou em seu blog que o tucano teria cometido, em 2009, uma
“covardia” com uma “acompanhante” num evento no Rio. Foi
a saia justa da noite. Aécio mudou de assunto.
A frase de efeito que
marcou o debate partiu de Luciana Genro, que perguntou a Marina: “Tu és mesmo a
segunda via do PSDB?”. Luciana também questionou o fato de Marina ter mudado
seu programa de governo, no trecho que defendia o casamento entre pessoas do
mesmo sexo, por pressão do pastor Silas Malafaia, ao que a socialista disse que
tinha sido um erro “da equipe” responsável pelo processo.
Aécio Neves aproveitou sua
fala final, quando já não havia direito de resposta, para alfinetar Marina
Silva e dizer que ele, sim, é uma alternativa segura de mudança.
No conjunto da obra, é
opinião deste blog que Marina Silva saiu menor que entrou no debate, por dois
motivos: entrou no rol dos que defendem os banqueiros e sofreu acusações de que
muda de posição de acordo com o vento.
Além disso, perdeu o
debate com Dilma quando ambas trataram do pré-sal, especialmente quando a
presidente informou que em breve o Brasil será o segundo maior produtor mundial
de energia eólica.
Tanto a presidente Dilma
quanto Aécio Neves sairam maiores, com o tucano perdendo para a presidente o
confronto específico que ambos travaram — sobre investimentos federais em
transporte público.
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