Moro na Globo
Em nome do decoro, Moro deveria ter rejeitado o prêmio da Globo
A resposta cabe em três palavras: não, não e não.
Mídia e Justiça devem fiscalizar uma à outra, numa
sociedade séria e adulta. Não podem se dar tapinhas nas costas e confraternizar
como velhos camaradas.
Que a Globo ignora esse princípio vital da democracia é
óbvio. Cenas constrangedoras, no calor do Mensalão, reuniram juízes do STF e
jornalísticos icônicos da Globo.
Que o juiz Sérgio Moro, da Lava Jato, não sabia disso é um
fato novo, ainda que não surpreendente num país de Justiça partidária como o
Brasil.
Num mundo menos imperfeito, Moro teria recusado um prêmio
da Globo. Polidamente, assim como um jornalista rejeita um presente caro.
Mas Moro não resistiu, e as imagens dele na premiação são
lastimáveis. A posteridade haverá de olhá-las como símbolo de um tempo de
atraso no Brasil.
Não há almoço de graça, e nem prêmio. Uma organização como
a Globo não premia ninguém sem que haja interesses por trás.
Do ponto de vista prático, o que se deve esperar de alguma
causa jurídica que envolva a Globo e que acabe caindo nas mãos de Moro?
A aceitação da homenagem já foi um ruim. Mas as palavras de
Moro – e o olhar deslumbrado traído pelas fotos da cerimônia – tornaram as
coisas ainda piores.
Moro, segundo o site do Globo, disse ter ficado
“particularmente tocado” com os protestos de domingo.
Visto que foram protestos em que Dilma foi massacrada, a
declaração de Moro não poderia ser mais reveladora.
Mais que isso, só se ele dissesse que tem andado batendo
panela.
Como Joaquim Barbosa antes, Moro já se tornou o herói não
dos brasileiros – mas da direita nacional.
Também como Joaquim Barbosa antes, a Globo já tratou de
armar a gaiola para ele.
Entre sorrisos, na premiação, Moro entrou nela – para
prejuízo da sociedade.
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