A Globo é o principal agente da imbecilização da sociedade
A Rede
Globo é o aparelho ideológico mais eficiente que as classes dominantes já
construíram no Brasil desde o início do século XX. Substitui perfeitamente a
Igreja Católica como instrumento de controle das mentes e do comportamento.
Por Igor Fuser, no Diário da Liberdade
A Globo esteve ao lado de todos os governos de
direita, desde o regime militar – no qual se transformou no gigante que é hoje
– até Fernando Henrique Cardoso. Serviu caninamente à ditadura, demonizando as
forças de esquerda e endossando o discurso ufanista do tipo "Brasil Ame-o
ou Deixe-o" e as versões sabidamente falsas sobre a morte de combatentes
da resistência assassinados na tortura e apresentados como caídos em tiroteios.
Mais tarde, após o fim da ditadura, alinhou-se no apoio à implantação do
neoliberalismo, apresentado como a única forma possível de organizar a economia
e a sociedade.
No plano cultural, é impossível medir o imenso prejuízo causado pela Rede
Globo, que opera como o principal agente da imbecilização da sociedade
brasileira. Começando pelas novelas, seguindo pelos reality shows, pelos
programas de auditório, o papel da Globo é sempre o de anestesiar as
consciências, bloquear qualquer tipo de reflexão crítica.
A Globo impôs um português brasileiro "standard", que anula o que as
culturas regionais têm de mais importante – o sotaque local, a maneira
específica de falar de cada região. Pratica ativamente o racismo, ao destinar
aos personagens da raça negra papéis secundários e subalternos nas novelas em
que os heróis e heroínas são sempre brancos. Os personagens brancos são os
únicos que têm personalidade própria, psicologia complexa, os únicos capazes de
despertar empatia dos telespectadores, enquanto os negros se limitam a funções
de apoio. Aliás, são os únicos que aparecem em cena trabalhando, em qualquer
novela, os únicos que se dedicam a labores manuais.
A postura racista da Globo não poupa nem sequer as crianças, induzidas, há
várias gerações, a valorizar a pele branca e os cabelos loiros como o padrão
superior de beleza, a partir de programas como o da Xuxa.
O jornalismo da Globo contraria os padrões básicos da ética, ao negar o direito
ao contraditório. Só a versão ou ponto de vista do interesse da empresa é que é
veiculado. Ocorre nos programas jornalísticos da Globo a manipulação constante
dos fatos. As greves, por exemplo, são apresentadas sempre do ponto de vista
dos patrões, ou seja, como transtorno ou bagunça, sem que os trabalhadores
tenham direito à voz. Os movimentos sociais são caluniados e a violência
policial raramente aparece. Ao contrário, procura-se sempre disseminar na
sociedade um clima de medo, com uma abordagem exagerada e sensacionalista das
questões de segurança pública, a fim de favorecer as falsas soluções de caráter
violento e os atores políticos que as defendem.
No plano da política, a Rede Globo tem adotado perante os governos petistas uma
conduta de sabotagem permanente, omitindo todos os fatos que possam apresentar
uma visão positiva da administração federal, ao mesmo tempo em que as notícias
de corrupção são apresentadas, muitas vezes sem a sustentação em provas e
evidências, de forma escandalosa, em uma postura de constante denuncismo.
A Globo pratica o monopólio dos meios de comunicação, ao controlar
simultaneamente as principais emissoras de TV e rádio em todos os Estados
brasileiros juntamente com uma rede de jornais, revistas, emissoras de TV a
cabo e portais na internet.
Uma verdadeira democratização das comunicações no Brasil passa,
necessariamente, pela adoção de medidas contra a Rede Globo, para que o
monopólio seja desmontado e que a sua programação tenha de se submeter a
critérios pautados pela ética jornalística, pelo respeito aos direitos humanos
e pelo interesse público.
*Igor Fuser é jornalista e professor de Relações Internacionais na Universidade
Federal do ABC (UFABC).
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