Carlos Sampaio, o pitbull tucano do impeachment, é Lassie. Por Kiko Nogueira
Cara de Pittbul, coragem de Lassie
O
deputado Carlos Sampaio, líder do PSDB na Câmara, transformou-se na grande
esperança branca de alguns para tirar a “frouxidão” (esse o termo usado por um
colunista burro) do partido.
Sampaio, promotor cuja carreira foi construída em Campinas,
seria merecidamente esquecido não fosse pelo apetite em acionar a Justiça e
pelo histrionismo. Sua participação na CPI da Petrobras, como um torquemada de
fancaria, faz sucesso entre os suspeitos de sempre, que enxergam nele um
justiceiro.
É ele quem está levando adiante a chama do impeachment,
abusando do clichê da “vontade das ruas”. Na semana passada, pagou um mico
federal. Na manhã do dia 24, falou o seguinte: “Se depender da bancada do PSDB,
protocolamos este pedido [de impeachment] entre terça e quarta-feira”.
Ainda faltam os pareceres de juristas e, dentro do próprio
partido, Serra e FHC recuaram. Aécio mesmo, parceiro de CS em suas cavalgadas
na justiça, o desautorizou.
À noite, Sampaio avisou que voltou atrás. “Talvez tenha me
expressado mal. Vou na terça pela manhã tomar um café com o Aécio para levar a
posição da bancada, para ouvi-lo. Ouvi-lo mesmo, porque a decisão tem que ser
conjunta. Não faria sentido eu falar: ‘Eu vou na terça ouvir o Aécio’ e na
quarta eu entro”, afirmou. “Para a bancada, não tem mais o que aguardar. Já temos
os elementos e daí vamos decidir conjuntamente.”
Carlão “avançou”, disse um colega dele.
Jânio de Freitas o classificou como ridículo. A busca
desesperada de holofotes causa essas patetices.
Ele já protocolou na Procuradoria Geral da República uma
representação por improbidade administrativa contra Dilma por causa do envio de
cartões de Natal aos servidores públicos.
Pediu explicações quando Padilha, então ministro, convocou
uma cadeia de rádio e TV para falar da campanha nacional contra o HPV — talvez
Padilha devesse, na visão de Sampaio, mandar um SMS. Requisitou a apuração de
uma possível lavagem de dinheiro no processo de arrecadação de fundos para
pagar multas dos petistas condenados pelo mensalão.
Em outubro passado, apresentou o pedido ao TSE para verificar
a “lisura” da eleição. Segundo o texto protocolado, a apuração e a
infalibilidade da urna eletrônica foram questionadas nas redes sociais.
Ele mesmo se jacta da repercussão de suas atividades.
“Amigos, a imprensa deu destaque ao nosso relatório paralelo na CPMI da
Petrobras, muito mais abrangente do que o relatório oficial”, escreveu no
Facebook.
Para os desavisados, Sampaio é um sujeito corajoso, o único
tucano com sangue nos olhos, ou algo que o valha. Não é. Tomou um pito, sentou
e deu a patinha. Mas voltará a latir assim que os donos mandarem: “isca, isca!”
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