“Mujica admira Lula profundamente”, dizem autores de livro sobre presidente uruguaio





A conversa entre Mujica, seu vice, Danilo Astori, e Lula teria ocorrido no início de 2010, quase cinco anos após a entrevista de Roberto Jefferson que deu origem ao caso.



E para entender como manejar essa projeção mundial e importância estratégica da América Latina, sempre recorreu a outro de seu grandes amigos na política internacional: Luiz Inácio Lula da Silva. Ele foi um modelo, um de seus faróis.
Mujica vê o Brasil como o país mais importante da América do Sul, com as características de um continente. Sua opinião é que o país deveria estar na vanguarda e liderar a união regional. Governar esse gigante é uma tarefa digna de ser observada com atenção.
O Brasil é, além disso, um país em que a corrupção está incorporada. Sempre foi desse maneira, por mais que mudem os partidos do poder. Não é possível para ninguém acabar com certos políticos e empresários que se movimentam de acordo com essas práticas. As denúncias mancharam todos os governos, inclusive os de Lula e Dilma Rousseff, que tiveram de substituir vários ministros por esses motivos.
Lula teve de enfrentar um dos maiores escândalos da história recente do Brasil: o mensalão, uma prestação cobrada por alguns parlamentares para aprovar os projetos mais importantes do Poder Executivo. Compra de votos, um dos mecanismos mais velhos da política. Mesmo José Dirceu, um dos principais assessores de Lula, acabou processado por esse caso.
“Lula não é um corrupto como o foi Collor de Mello e outros presidentes brasileiros”, nos disse Mujica ao referir-se ao caso. Contou, além disso, que Lula viveu todos esses episódios com angústia e um pouco de culpa. “Neste mundo, tive de lidar com muitas coisas imorais, chantagens”, disse-lhe Lula, pesaroso, a Mujica e Astori, algumas semanas antes de que assumirem o governo do Uruguai. “Essa era a única forma de gobernar Brasil”, se justificou. Mujica havia ido visitar Lula em Brasília e sentiu a necessidade de aclarar a situação. “O mensalão é como este país, tudo é grande”, refletiu.
“O mensalão é mais velho que bomba de mate”, opina Mujica. Grandes políticos da história tiveram de recorrer a mecanismos similares. “Às vezes, esse é o preço infame das grandes obras”, argumentou, enquanto recordava o nome de Abraham Lincoln, justamente nos dias em que havia estreado o filme de Steven Spielberg sobre a vida do presidente norte-americano, em que se mostrava como ele teve de entregar ao deputados algo em troca de que votassem seus projetos.
Lula é uma figura recorrente nas conversas com Mujica. Ele o admira profundamente. “Um baixinho incrível” é sua definição para o primeiro presidente brasileiro do Partido dos Trabalhadores. Os cinco anos em que Mujica foi o chefe de Estado do Uruguai, Lula sempre esteve pronto para oferecer um conselho ou para pedi-lo.
Assim foi que Mujica soube que Dilma Rousseff seria a candidata de Lula muito antes de que isso se tornasse público. Também, que depois apoiaria sua reeleição. Entendeu perfeitamente essa jogada. Lula preferia ser o poder nas sombras e, depois do mensalão, não ficar demasiadamente exposto.




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