OCIDENTE SE POSICIONA PARA FUTURO MILAGRE CUBANO
O Ocidente redescobriu
Cuba. A visita do presidente da França, François Hollande, que chegou nesse
domingo, 10, a Havana para uma visita oficial à ilha está sendo comemorada pela
imprensa francesa com um dia histórico. Há 55 anos um chefe de estado francês
não aparecia por lá.
Hollande
se reúne nesta segunda-feira, 11, com o presidente Raúl Castro. A viagem também
tem caráter econômico. A França quer fomentar o comércio com Cuba, com
quem teve no ano passado negócios no valor de US$ 200 milhões, número inferior
ao de 2013 e longe dos fluxos que Cuba mantém com outros parceiros europeus
como Espanha, Holanda e Itália.
O
presidente encerrará um fórum no qual participarão diretores da extensa
delegação empresarial que o acompanha, integrada por companhias como a de
bebidas Pernod Ricard, a hoteleira Accor, a companhia aérea Air France, o grupo
de distribuição Carrefour, o de telecomunicações Orange, e vários bancos.
A
visita de um líder de um país europeu a Cuba acontece cinco meses depois da
investida do presidente Barack Obama contra o fim do isolamento da ilha, quando
anunciou o restabelecimento de relações diplomáticas entre Cuba e Estados
Unidos. O país de Barack Obama também está de olho nas relações comerciais com
o país.
O protagonista Francisco
O
Papa Francisco é um personagem importante nos avanços obtidos por Cuba com os
Estados Unidos. A intervenção do Vaticano foi fundamental para a retomada
histórica em dezembro das relações diplomáticas entre os ex-adversários depois
de mais de meio século de antagonismo.
O
presidente Raúl Castro esteve nesse domingo com Francisco e agradeceu ao papa
pela sua atuação na reaproximação entre Havana e Washington. Ele disse ter
ficado tão impressionado com o pontífice que poderia voltar à Igreja, apesar de
ser comunista.
Francisco,
que deve visitar Cuba e os Estados Unidos em setembro, é membro da ordem
religiosa jesuíta. Castro brincou dizendo que "até mesmo eu sou um
jesuíta, em certo sentido", já que ele foi educado por jesuítas antes da
revolução. "Quando o papa for a Cuba em setembro, eu prometo ir a todas as
suas missas e ficarei feliz em fazê-lo", disse.
Brasil apostou antes no fim do
isolamento
A
movimentação de potências econômicas do Ocidente em direção a Cuba, de olho no
potencial comercial do país caribenho, demonstra a vanguarda do governo
brasileiro em antever o fim do isolamento econômico.
O
exemplo mais sintomático é o Porto de Mariel, intensamente criticado pela
direita brasileira. Inaugurado em 27 de janeiro de 2014 com participação da
presidente Dilma Rousseff, o porto foi construído pela empreiteira Odebrecht, e
recebeu financiamento de US$ 800 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES). Além do Brasil, o empreendimento recebeu capital
de chineses e outros países asiáticos. Situado a menos de 200
quilômetros da Flórida, Mariel é atualmente o porto mais próximo do território
norte-americano.
O
empreendimento, alvo de mote pejorativo da direita brasileira, estimulou a ida
de uma cadeia de indústrias brasileiras que devem aumentar as relações
comerciais entre os dois países. Na última década, as exportações
brasileiras para a ilha quadruplicaram a US$ 450 milhões, elevando o Brasil ao
terceiro lugar na lista de parceiros da ilha, atrás apenas de Venezuela e
China.
O
Brasil também pretende aumentar as exportações de alimentos para Cuba, que
importa mais de 80% dos alimentos que consome a um custo de de cerca de US$ 2
bilhões por ano.
O
"milagre econômico de Cuba" já desperta claramente o interesse do
mundo ocidental. Por ter visto e acreditado antes, o Brasil saiu na frente e
deve colher seus frutos, apesar da torcida contrária da direita brasileira.
Comentários
Postar um comentário
comentário no blogspot