Coronel norte-americano: EUA não consegue mais viver sem guerra
Os norte-americanos estão viciados em guerra e
o medo da paz é constantemente alimentado por um "patriotismo
paranoico", escreve o coronel do exército e professor de história da
Academia Militar dos EUA Gregory A. Daddis, em artigo publicado pela revista
norte-americana The Nacional Interest.
Desde o fim da Segunda Guerra Mundial os EUA
vivem um ciclo vicioso de guerras, alimentado por um constante medo de uma
ameaça externa. Durante a Guerra Fria as autoridades norte-americanas
retratavam de forma "apocalíptica" os perigos representados pela União
Soviética e pelo comunismo. No entanto, desde a dissolução do bloco soviético
nada mudou. A nova estratégia de segurança dos EUA em 2015 continua falando
numa suposta "constate ameaça de ataques", ignorando os atuais
poderio e influência dos EUA, destaca Daddis.
Segundo
ele, uma série de intervenções militares em outros países, em particular no
Iraque e no Afeganistão, não apenas sustentou, mas reforçou as posições dos
partidários das "constantes" operações militares. O coronel destaca
que a "tentação da guerra" está ofuscando o pensamento racional. Na
sua opinião, aqueles que justificam as intervenções norte-americanas no
exterior com "liberdade" e "democracia" não passam de
hipócritas.
"Esta
aceitação voluntária do conceito de "guerra perpétua" oferece um
mercado propício (e lucrativo) para visionários em segurança nacional, que
vislumbram o futuro e oferecem conselhos sobre temas relacionados à defesa, e
que vão desde a guerra cibernética até o uso de drones" – escreve Gregory
A. Daddis.
Além disso,
os EUA caíram na armadilha da necessidade de sustentar o papel criado por eles
mesmos. Segundo o artigo, ânimos semelhantes podem ser caracterizados como
"patriotismo paranoico", cunhado pela filósofa Kelly Oliver.
Tentativas dos EUA de manter a sua supremacia a qualquer custo criaram na
população a sensação de desconfiança frente a países capazes de minar o papel
dos EUA na arena internacional. Daddis destaca que é esse medo que justamente
alimenta o "vício em guerra".
"Na
verdade, nós não queremos a paz. Nós estamos simplesmente encantados pela
guerra. Nós chegamos ao ponto em que tememos não conseguir mais viver sem ela.
A guerra se tornou uma forma de lutarmos contra os nossos medos, enquanto que
os medos viraram justificativa para darmos continuidade às guerras" –
escreve Gregory A. Daddis.
O autor
do artigo reconhece a necessidade de abandonar esse estado de
"paranoia" constante, que não deve ser confundido com deixar de estar
de prontidão para repelir ameaças.
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