FINANCIAL TIMES DIZ QUE IMPEACHMENT PÕE EM RISCO REPUTAÇÃO DO BRASIL
Não há nenhum nome ou partido com legitimidade moral ou política para substituir a presidenta.
Situação irônica.
Mas coerente em relação ao que
tem acontecido há muito tempo.
O Brasil só tem sido defendido
lá fora. Aqui dentro, a nossa imprensa promove o vira-latismo e o golpe.
Primeiro foi o New York Times,
jornal de perfil mais progressista (embora sempre chancelando os clichês
pró-imperialistas da Casa Branca), a fazer um duro
editorial contra o impeachment.
Agora foi o Financial Times,
jornal ultraconservador, sem absolutamente nenhuma simpatia pelo PT ou por
qualquer agremiação política com preocupação social, que publicou um longo
editorial, de página inteira, alertando para os riscos de uma paralisia em caso
de impeachment.
Eu reproduzo abaixo matéria da
BBC Brasil, que fez uma resenha sobre o editorial do Financial Times.
A BBC enfatizou a parte do
editorial que menciona os riscos à "reputação do Brasil de erguer
instituições fortes".
Eu assinei o Financial Times e
li a matéria no
original. É um resumão sobre a situação política brasileira, com
entrevistas feitas, na maioria, com pessoas ligadas à oposição. O
"jurista" entrevistado é Joaquim Falcão, o homem da Globo dentro da
FGV, o comentarista oficial do julgamento do mensalão.
Entretanto, de fato, o
Financial Times alerta que um impeachment poderia causar uma paralisia
econômica e política no país, e por uma simples razão: não há nenhum nome ou
partido com legitimidade moral ou política para substituir a presidenta.
O FT, esperto, conclui que a
única "coisa boa" que pode resultar da crise política brasileira é
obrigar o governo a fazer reformas conservadoras radicais...
Acontece que nem New York Times
nem Financial Times tem noção exata do que está acontecendo no Brasil,
sobretudo porque eles não tem capacidade ou interesse para fazer uma análise
crítica dos procedimentos judiciais totalmente extraordinários que tem sido usados
para dar consistência à crise política.
As conspirações têm,
deliberadamente, paralisado a economia nacional, visando o golpe. É o caso da
Lava Jato.
Em que outro país do mundo, os
sigilos bancários, eletrônicos e telefônicos de um ex-presidente da república,
dos principais quadros do partido desse ex-presidente, além de emails
estratégicos das grandes companhias nacionais de engenharia, são expostos e
vazados seletivamente para a mídia?
Em que outro país do mundo, que
não seja uma ditadura ou um regime autoritário, os dirigentes das principais
empresas de engenharia são presos por tempo indeterminado antes mesmo de
qualquer sentença ou condenação, apenas como prática de tortura?
Hoje a capa do Globo faz mais
um violento ataque político ao ex-presidente Lula e à Dilma, vazando emails dos
diretores, do presidente da Odebrecht, de ex-ministros de Estado.
Não há governo nem companhia
que resista a uma devassa tão imoral, tão arbitrária, tão truculenta desse tipo.
Até os emails da Odebrecht
discutindo suas preferências políticas por este ou aquele indicado, coisa que
evidentemente todas as empresas do país fazem, são tratados como "prova do
crime".
A Lava Jato se tornou uma
espécie de Midas sui generis. O antigo rei bíblico transformava tudo que tocava
em ouro. A Lava Jato, com apoio da mídia, transforma tudo que toca em crime.
Temos alertado há tempos: se o
ministério da justiça não exercer a autoridade sobre uma polícia federal
transformada em polícia política antigoverno, como interromper a marcha do
arbítrio?
O ex-presidente Lula viajava
com delegações de empresários. Ele defendia, abertamente, o interesse das
empresas brasileiras, porque é assim que fazem todos os chefes de Estado do
mundo.
Defendem os interesses das
empresas de seu país. No Brasil, a nossa imprensa e os estamentos golpistas
devem considerar que nossos dirigentes políticos devem defender empresas
americanas, como sempre fizeram os tucanos, jamais empresas nacionais.
Os jornalões brasileiros apenas
disfarçaram seu apoio ao golpe. Na verdade, eles repetem a estratégia que tem
usado há muitos anos. Ao contrário dos jornais europeus e americanos, que dão
sua opinião nos editoriais e tentam ser isentos no noticiário, os congêneres
brasileiros juram isenção em seus editoriais, e enfiam sua opinião, suas
narrativas combinadas, na seção de notícias.
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