O que aconteceria em caso de impeachment?
por Paulo Nogueira no DCM
É hora de
defender vigorosamente a permanência de Dilma até o final de seu mandato.
Sobretudo nas ruas, mas não só nelas: as redes sociais são hoje um importante
polo formador de opiniões.
Não se trata de defender Dilma em si e muito menos o PT: é a defesa da
democracia, da justiça, da Constituição.
E, mais que tudo, é a defesa da decência.
O pequeno grupo que fez o Brasil ser a sociedade abjetamente
desigual que é tenta, com métodos grotescos e argumentos sórdidos, cassar 54
milhões de votos.
Desde o momento em que a derrota de Aécio foi confirmada, iniciou-se uma louca
cavalgada pelo golpe.
Da suspeição absurda sobre as urnas eletrônicas até o dinheiro de doações que
irrigaram tanto a campanha de Dilma quanto a de Aécio, sucedem-se argumentos
aos quais cabe um adjetivo: criminosos.
A direita brasileira, inflada pela imprensa, já provou que não é mais
civilizada que a direita venezuelana, ou a equatoriana, ou a argentina.
Todas essas direitas fazem, neste momento, a mesma coisa: sabotam a democracia.
Tratam seus países como republiquetas, passíveis de serem ludibriadas para a
perpetuação de privilégios e mamatas ancestrais. E para a manutenção e
ampliação do maior câncer da região: a desigualdade social.
O país seria atirado a um abismo com um impeachment, a uma noite longa e
escura.
O maior erro é confundir Dilma com Collor. Collor não tinha sustentação
nenhuma. Ninguém iria chorar a morte de sua presidência, sabia-se, e ninguém
chorou exceto ele mesmo.
Mesmo com o desgaste de todos estes anos de poder, o PT tem uma base forte, a
começar pela CUT e pelo MST.
Outros movimentos sociais haveriam certamente de se insurgir contra um golpe.
Guilherme Boulos, do MST, já disse que é vital a união dos progressistas contra
as manobras dos golpistas.
O Brasil, num caso de impeachment claramente forçado como este ora tramado,
ficaria simplesmente ingovernável.
Para reprimir os que se manifestarem contra o golpe, a polícia vai ter que
bater pesado. Seremos um enorme Paraná.
Ecos da ditadura ressurgirão na repressão aos protestos. Sangue de brasileiros
correrá, como aconteceu num passado ainda recente.
(...)
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