CUIDADO DEMAGOGOS: "O POVO NÃO É BOBO"

CUIDADO DEMAGOGOS: "O POVO NÃO É BOBO"

Postado no Facebook em 14 de agosto de 2015

Em novo artigo, o jornalista Hélio Doyle destaca que "o povo brasileiro não vê nem no governo nem na oposição a capacidade de superar a crise", mas que, dos defensores do impeachment, "poucos têm mostrado que estão entendendo o momento que vive o País"; "Quem não vive na redoma que é a Praça dos Três Poderes e seus arredores (incluindo jornalistas) sabe que (...) a maioria da população está certa. Esses políticos que hoje tomam a frente do processo de agravamento da crise e tramam a derrubada do governo, pelo meio que for, nada têm a ver com o povo, que está muito insatisfeito com o governo, mas sabe que a alternativa que se propõe é pior. Representam no máximo a parcela de direitistas exaltados, neoliberais saudosos e a elite poderosa economicamente, mas social e culturalmente vazia", diz.

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Agradecimentos a Marcos Nunes.

Cheguei à casa do primo Marcos – a quem passei a chamar de Marquinhos – com 15 anos. Ele tinha 22 e morava em Recife com os pais e sua linda irmã Socorrinho, enquanto eu, continuava meu "tour" por casas de parentes, para poder continuar os estudos. Politizado e fã de Elvis Preslley, colecionava os cadernos de política do Diário de Pernambuco e todos os discos de Elvis, que ouvia a toda altura numa moderníssima radiola Hi Fi. Noivo de Dione – hoje são avós – não dispensava as noites de sábados com os amigos. Entre eles os irmãos Bezerra da Rádio Olinda, o comentarista César Filho e o “locutor de futebol” Ivan Lima. Sua turma era bem mais extensa, mas dava para acomodar a todos na sua camioneta Studbaker de cor alaranjada, e ganhar a madrugada. Temos muitas histórias engraçadas desse tempo inesquecível. Marquinhos conduziu minha transição entre a puberdade e a adolescência, me deixando já pronto para a vida adulta que logo viria com o primeiro emprego aos 18 anos e a conseqüente definitiva saída de casa. Podia muito bem ter deixado de lado aquele pirralho com jeito interiorano quando saía com sua turma, mas não... Com sua voz de barítono, me convocava: “Rodolfinho, vamos ali!” Savoy, Botijinha, Sayonara, Chanteclair, ele transformava em “salas de aulas” com lições que me são úteis até hoje. Me protegia como filho quando não me deixava participar das rodadas de poker com seus amigos, ou me repreendia quando não me portava corretamente durante as refeições. Marquinhos sabia ser na medida certa, meu primo, meu amigo, meu pai.

HOMENAGEM ESPECIAL: JOÃO ARRUDA DE VASCONCELOS - Tio Zito

Inesquecível... Sua história de vida sempre me encantou. Saiu de Caruaru com 17 anos após se alistar escondido, e foi combater na Itália durante a segunda guerra, da qual só lembrava as histórias das italianas que conquistara. Certamente a guerra foi a mais leve das suas lutas. Suas melhores qualidades eram a simplicidade, o bom humor e o amor pela família, que serviram de exemplo para todos que conviveram ao seu lado e tiveram sensibilidade para percebe-las dignas. Quando nos encontrávamos, entre um gole e outro combinávamos para chorar "dentro de 20 minutos"... E chorávamos. Ele com seus motivos e eu com os meus, que por sinal eram muito parecidos: todos tinham a ver com saudades. Saudades imensas... Ele era o tio que queria ter os filhos... E eu era o sobrinho que não tinha mais o pai. Adotamo-nos... Morreu em 2010 com 85 anos, cercado por todos os familiares (inclusive os três enteados que vieram com o segundo casamento, os três em pranto incontido). A saudade dos filhos que não o visitavam há décadas, seguramente, foi sua única derrota.

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Avô materno e Padrinho

José Eduardo Vasconcellos - Pai de mamãe, além de avô era também meu padrinho de batismo, e talvez por isso, todos os netos o chamavam de “padrinho”. Morava em Caruaru com minha inesquecível tia Dolores, mas sempre passava uns tempos com a gente em Umbuzeiro. Gostava de cheirar “rapé”, que trazia em um pequeno "corrimboque" no bolso do paletó. Tinha um andar característico, com as mãos entrelaçadas às costas e um balanço prá frente a cada passo. Brincávamos com ele sobre a cama, quando nos beliscava, às vezes com beliscões bem fininhos produzidos pela ponta das unhas, que chamava de formiguinha; ou beliscões com os dedos, que chamava de formigão. Morríamos de rir, enquanto mamãe sentia-se realizada com o carinho entre nós. Emprestava dinheiro aos amigos (com um jurinho, claro!) e anotava tudo em uma caderneta. Adorava jogar “no bicho”, e qualquer coisa lhe servia de palpite. Deixou “deliciosas” saudades.

Mamãe

Minha linda normalista - Colégio Sagrado Coração - Caruaru. Seus pais moravam no Sítio Preguiça, bem próximo a Caruaru, e ela passava a semana na casa de alguém da família, na Rua da Matriz, em Caruaru. Ela contava que à tardinha, quando os soldados do Tiro de Guerra eram liberados do quartel, as moças ficavam à janela para vê-los passar. Assim começou o flerte com papai. Ele dizia que ela nunca o notava, e no dia que foi para o quartel com a farda amassada e suada do dia anterior, ela o percebeu e, muito lentamente, foram se aproximando. Mamãe criou sete filhos em Umbuzeiro - pequena cidade paraibana na divisa com Pernambuco. Não tinha hospital nem médico. Trago imagens muito vivas de como cuidava das nossas enfermidades. Queria exercer a profissão de professora, mas papai não consentia. Queria aprender a dirigir, mas ele não ensinava.

Serra Branca - Pb

"Toda vez que eu dou um passo o mundo sai do lugar" (Ciba). Saímos de Serra Branca quando eu ainda não completara três anos e, por incrível que pareça, apesar da pouca idade trago algumas lembranças de lá. Conversando com mamãe, já adulto, descrevi a casa, a calçada e a rua onde lá moramos. Aos trinta anos regressei a Serra Branca pela única vez, acompanhado dos irmãos Babá e Luiz Carlos para apanhar umas cópias da minha certidão de nascimento. Visitamos alguns amigos de uma lista que nos foi dada por mamãe e papai. Numa das casas, onde moravam três solteironas, após bolinhos e café nos confessaram que, tanto elas quanto as outras moças da cidade iam assistir ao futebol nas tardes de domingo para ver as pernas de papai.

Serra Branca - Pb

O Caminhão de Madeira... Na mesma época tinha um martelo de metal, bem pequeno, que eu chamava de "Tetelo Pipinho"; lembro de soldadinhos de chumbo e de outros de baquelite (um tipo de plástico) com pernas dobráveis, que eu colocava na tampa inclinada da máquina de costura da minha tia Dolores para vê-los descer balançando; tinha papagaios que aprendemos a fabricar com papai e com ele os empinávamos; tinha baleadeiras, bola de meia e de borracha... E depois, a bicicleta, a espingarda pra caçar passarinhos... e o mundo.

Caruaru - Mte. Bom Jesus

A Calça Curta. Se já a chamassem de bermuda, talvez eu não tivesse sentido tanta urgência em livrar-me dela. O Monte Bom Jesus era a atração principal quando das nossas idas a Caruaru. Em frente à casa de Tita (minha tia Dolores) ficava a Praça Nova Euterpe, que naquela época tinha um parque infantil com balanços, burricas e escorregos. Mas, nada era mais tentador que subir a ladeira do Monte, ainda sem os degraus, com as mãos cheias de bois e cavalos com seus cavaleiros, todos de barro e pintados com cores vivas. Fazíamos currais e, como se fôssemos os vaqueiros, tocávamos a boiada em direção à casa da fazenda imaginária. Fazíamos incursões por todos os recantos daquele monte. Havia uma grande pedra pela qual cada um procurava descer mais que o outro, até chegar bem próximo à sua base onde havia uma pequena plantação de hortaliças cultivada por um “homem louco”. Era adrenalina pura na nossa infância. A vista lá de cima era espetacular. Saíamos pela feira provando de tudo: bunda de tanajuras fritas, pitombas, castanhas assadas... Era só perguntar ao vendedor: “Tem ‘espermenta’?” (experimenta). A feira ainda era na Rua do Comércio, e quando o sol esquentava, íamos ao Armazém do Norte onde uma prima de mamãe (acho que se chamava Iza ou Ivete) trabalhava, para ganhar um sorvete. Era uma promoção apenas para os clientes que efetuassem compras. Só mais tarde viria perceber quantas vezes devo tê-la deixado enrascada com seu chefe.

Primeira Viagem ao Recife

Com papai, em nossas roupas de linho, pelas ruas do Recife. O ônibus saía de Umbuzeiro às três da madrugada sob frio intenso. Em Recife, os fotógrafos ficavam espalhados pelo centro da cidade e faziam de conta que fotografavam o turista. Em seguida perguntavam se o cliente aceitava a foto. Em caso positivo - como nesta - era combinado horário e local para a entrega. Durante as compras paramos para tomar um delicioso caldo de cana com gelo em cascalho.Tudo era novidade e papai não deixava que nada passasse despercebido por mim. Depois me levou para almoçar uma peixada no Maxime do Pina. Por pressão de papai, foi a primeira vez que provei azeite de Oliva. Ainda bem que ele insistiu.

Recife - Jogos Estudantis - Colégio Americano Batista

A plasticidade dos "voos" dos goleiros como Gilmar da Seleção Brasileira campeã de 62, ou de Waldemar e Lula Monstrinho do Náutico, ou ainda Dudinha do Central de Caruaru me encantavam. Queria ser goleiro também... Talvez apenas pra voar... Defendi o Colégio Americano Batista nos Jogos Estudantis e depois fui titular da seleção do internato do mesmo CAB. Nessa época, a convite do saudoso Alexandre Borges fiz alguns treinos na equipe juvenil do Náutico. Isso tive que esconder de Papai. Ser jogador de futebol, em vez de médico ou engenheiro, seria demais para ele. Os meus três filhos homens todos estudaram no CAB. Rudy, o mais novo, desde o maternal. O CAB deixou registros inesquecíveis em mim, os quais me norteiam até os dias de hoje. Creio que em meus filhos também.

Recife - Internato do Colégio Americano Batista

Colégio Americano Batista - Seleção do Internato - Depois de Caruaru, nas casas do tio George e de “Outra Mamãe”, fui interno no Colégio Americano Batista, em Recife. Minha infância (e depois a vida toda) foi marcada por imensas saudades. Estava sempre hospedado em casa de parentes que não conhecia (morava em Umbuzeiro desde os quatro anos, e saí aos dez, porque lá só havia escola para o primário) ou de pessoas amigas dos meus pais. Papai voltou do Recife com uma pilha de papéis do Colégio onde estavam todas as regras e uma lista imensa de todo o material necessário, dentre eles uma mala que deveria medir 1,00mx0,60mx0,50m (imensa). Como não encontrou em Recife, encomendou em Campina Grande-PE. Uma semana antes do início das aulas a mala chegou. Era revestida com um plástico amarelo gema e pintas pretas imitando a pele de uma onça. Só quando cheguei no internato foi que percebi como aquela mala era extravagante, no tamanho e na cor. TODOS os colegas tinham malas normais. Não sei como não ganhei algum apelido por conta dela. O internato era misto, embora as meninas “morassem” em outro prédio. Além do horário de aula, só as víamos durante as refeições e a Lexão (reunião no auditório para tratar de variedades). O culto, na igreja da Capunga, era obrigatório, e logo me converti para ter acesso ao pãozinho e ao copinho de vinho. O dormitório era no primeiro andar e as janelas ficavam abertas durante toda a noite. Fazíamos muita bagunça antes de dormir, até o Censor apagar as luzes e alertar a todos sobre o silêncio. Às vezes fazíamos o barulho de peidos com a boca ou a mão embaixo da axila, todos ao mesmo tempo, para loucura do Censor. Outras noites assoviávamos como sapos, ou tossíamos todos juntos. Eram traquinagens juvenis e sadias.

Umbuzeiro - Outras tardes de domingo

Umbuzeiro tinha um único time de futebol: a Seleção da Cidade, representada pelo UFC - Umbuzeiro Futebol Clube. O campo de futebol ficava na periferia da cidade e, nas tardes de domingo quase todos os habitantes vinham torcer por seus ídolos. Treinávamos nas terças e quintas-feiras e sempre tínhamos um adversário de outras cidades a nos desafiar. Fomos motivos de reportagens em jornais da capital e nossas vitórias e os lances mais espetaculares eram reprisados durante toda a semana em grandes rodas de torcedores que se formavam em frente à farmácia de Seo Lula, à Coletoria de papai e ao bar de João Donato.

Umbuzeiro

Lançamento da Pedra Fundamental do Colégio Estadual que trouxe para os umbuzeirenses a possibilidade de continuar seus estudos sem ter que sair da cidade. Em uma caixa de cimento foram colocados os discursos (inclusive o meu), um exemplar do Jornal Correio da Paraíba (estatal), texto sobre o evento e a história de Umbuzeiro e seus filhos ilustres Assis Chateaubriant, Epitácio Pessoa, Luiz Carlos Vasconcelos, entre outros. Era uma manhã de domingo, e estavam presentes além do povo da cidade e das redondezas, o Padre Edwards Caldas Lins (meu melhor professor de português) e o governador Pedro Gondim.

Amigos

Cid - Cid Kape of Mazellaine. Meu primeiro cão com pedigree. O meu filho Raphael, com apenas dois anos à época, costumava cair sentado sobre ele enquanto cochilava. Eu ficava admirado como Cid nunca demonstrava a menor agressividade nessas horas. O Boxer é conhecido pelo cuidado que tem pelas crianças. Mas um certo dia, Raphael e Rodolfinho contornavam a casa pelo terraço acompanhando Cid como se apostassem corrida. De repente, ao emparelhar com Raphael, Cid deu de bunda nele, jogando-o ao chão. Acho que foi a maneira sábia de vingar-se sem machucá-lo.

Love - Exastars Endles Love - Minha primeira cadela Boxer. Escolhera o Canil Exastars de São Paulo para adquirir a melhor cadela. Eles eram proprietários de inúmeros campeões nacionais e internacionais. Quando fiz o pedido, a proprietária me ligou para se desculpar por não vender nenhuma das suas raridades para o Nordeste. Poucos anos depois, transferido para Belo Horizonte, fiz um novo pedido, e lá chegou Love num voo direto, dentro de uma linda embalagem com instruções coladas bem à vista: "Me chamo Love, tomei água às tantas horas e comi às tantas. Se meu papai demorar a me apanhar, liguem para o número tal e me deem água. Em um dos seus partos, ao nascer o terceiro filhote (sempre tinha oito em cada barrigada), ela não removeu sua placenta. Fiquei perturbado, sem saber como proceder. Nasceu o quarto e o quinto, então resolvi eu mesmo rasgar a placenta. O filhote estava vivo, mas tinha lábio leporino e fenda palatina. Não sobreviveria, pois não conseguiria ter sucção ao mamar. Como Love soube disso sem abrir a placenta?

Pandora - Pandora Di Módena - Cães grandes, de cara feia e dóceis, são os meus preferidos. Com certeza Freud explica. Pandora também veio do melhor Canil de Mastins Napolitanos à época. A convivência por nove anos ao seu lado me fez saber qual o cão que poderei voltar a ter. O Mastim é um cão resistente a dor, extremamente corajoso, mas dócil. Não mostra nenhum sinal de hostilidade para as visitas (mesmo as que nunca viu antes), mas adora se "amostrar" para o dono, quando chega o entregador de água mineral ou gás. Quase sempre está presente nos meus sonhos.

MEUS BARES - 18 ANOS ENTRE A BOCA DA NOITE E A MADRUGADA

"EL BODEGÓN" Bairro das Graças – Recife - 1991 - 2001. Com o fechamento do BNCC (Bco. Nac. Cred. Cooperativo - Min. da Agricultura), tirei a gravata do pescoço, e da gaveta um projeto guardado a sete chaves para o período de aposentadoria. O projeto inicial era de um restaurante cubano, mas tivemos que nos contentar com o de um barzinho. Os recursos vieram da venda do carro, que deu pra comprar o “ponto” e iniciar algumas reformas. Antes de encontrar o local, fui a Havana aprender mais sobre a Ilha, seus costumes e seu povo, que têm tanto em comum com a gente daqui de Pernambuco: a mistura étnica, a cana-de-açúcar, o ritmo e a música, a postura política... Costumava dizer aos clientes que cobravam fotos de Che e Fidel, que a ligação do “El Bodegón” com Cuba era “etílica-cultural”. A questão política vinha a reboque. Em cada 13 de agosto (aniversário do Comandante Fidel) servíamos um almoço (embora o bar só abrisse à noite). A dellícia da comida típica, seus drinques maravilhosos, acabavam por produzir discursos inflamados, que culminavam sempre com uma ligação telefônica para o Gabinete de Fidel, que era atendida por seu Chefe de Gabinete, que agradecia de coração e bradava ao final da ligação: "SOCIALISMO O MUERTE!!!" Foram 10 anos de muito sucesso. As cores e o brilho do barzinho seriam depois transportadas para o meu terceiro bar, o Farândola.

Numa das mesas do El Bodegón, com o querido amigo Temo (diminutivo de Antêmio). Apaixonado pela vida, Temo também costumava se apaixonar por lindas e inteligentes mulheres. Nas noites em que escolhia o "El Bodegón" para tomar todas, a casa ficava com um astral melhor ainda, e eu feliz com sua presença amiga. Eu costumava ficar sempre à calçada recebendo os clientes, e quando ele chegava eu tinha que ir para o meio da rua, pois ele "marcava carreira" e saltava na minha cintura se escanchando e me abraçando. Como um filho faria com o pai que não via há tempos. Não sei como não me derrubava. A última vez que fez essa presepada foi em 2008, em pleno carnaval de Olinda. Ali percebemos que não tínhamos mais idade pra essas travessuras. É uma pena que a volta ao serviço público federal tenha me afastado de pessoas como Temo.

Sob os olhares de Luiz Carlos e Xuxu – ao fundo -, os "artistas" Raul Henry e Alceu Valença em campanha política no Farândola. Alceu saiu por volta da meia-noite, mas Raul continuou até as três da madrugada. Cercado de amigos, já estava em campanha – estávamos em 2008. De vez em quando vinha um deles até onde eu estava e dizia: “Daqui a pouco “Raulzinho” vai dar uma canja.” E eu retrucava, como se não estivesse entendo nada: “Oi! E Raul canta?!” No intervalo dos músicos, apanhou o microfone enquanto dois ou três dos amigos o acompanhavam nos instrumentos. Começou cantando sem subir ao palco... Depois subiu, mas cantou uma música voltado para os músicos e de costas para a clientela. Na terceira já criara coragem, então voltou-se e encarou a mim e aos clientes. Parou por aí. Não fui nenhuma vez até a mesa deles e ao vir acertar a conta estava meio desconsertado. Mas, o motivo não era esse, e sim seu envolvimento com a falência do Projeto de Revitalização do Recife Antigo (Rua do Bom Jesus). (Clique na foto para ler carta minha entregue a Raul sobre a iminente falência do projeto). Nas eleições para o governo de Pernambuco em 1989, Alceu Valença, até então uma das bandeiras das esquerdas pernambucanas, aderiu à candidatura de Joaquim Francisco, em troca da nomeação do seu irmão para secretário do Ministério da Cultura. Foi uma revolta geral: Queimamos seus discos em praça pública e demorou muito tempo até seus shows voltarem a ter público. Durante a campanha encontrei-me com ele na Rua da Aurora indo em direção ao comício do seu candidato, no qual faria um show. Vinha caminhando enquanto eu passava de carro bem ao seu lado. Ao vê-lo, gritei em ato reflexo: “Alceu Valeeença!!!”, e logo em seguida, ao lembrar de que lado ele estava, emendei: “Tu és veado, filho da puuuta!” Ele parou, voltou-se em minha direção e, segurando os seus "culhões" com as duas mãos, balançou-os enraivecidamente... Costumava ir ao “El Bodegón” e também ao “El Paso – Cabaré”. Esta aí em cima, foi a primeira e última que foi ao Farândola. Júnior, meu barman e gerente fez as fotos.

abrindo os olhos e acendendo a luz - John Lennon

REVOLUTION: Você diz que você quer uma revolução Bem, você sabe.. Todos nós queremos mudar o mundo Você me diz que isso é uma evolução Bem, você sabe Todos nós queremos mudar o mundo Mas quando você fala em destruição, Você já sabe que não pode contar comigo Não sabe que vai acabar tudo bem? Tudo bem.. tudo bem... Você diz que você tem a solução real Bem, você sabe.. Todos nós adorariamos ver o plano Você me pede uma contribuição Bem, já sabe.. Todos nós fazemos o que podemos Mas se você quer o dinheiro para pessoas que só tem odio na mente Tudo o que posso dizer, irmão, você vai ter que esperar Não sabe que vai acabar tudo bem? Tudo bem, tudo bem Você diz que você mudará a constituição Bem, você sabe.. Todos nós queremos mudar a sua cabeça Você me diz que isso é a instituição, Bem, você sabe.. É melhor você libertar sua mente Mas se você vai andar com fotos do camarada Mao Também não vai convencer a ninguem Não sabe que vai acabar tudo bem? Tudo bem, tudo bem....

Fritjof Capra

Há duas grandes comunidades às quais pertencemos: todos nós somos membros da raça humana e todos fazemos parte da biosfera global. Somos moradores da "casa Terra" e devemos nos comportar como se comportam os outros moradores dessa casa - as plantas, os animais e os microorganismos que constituem a vasta rede de relações que chamamos "teia da vida". Essa rede se desenvolveu e evoluiu ao longo de bilhões de anos sem se romper. A capacidade marcante do nosso planeta é a sua aptidão intrínseca de sustentar a vida. Temos a obrigação de nos comportar de maneira a não prejudicar essa capacidade.

Darcy Ribeiro

"Mais vale errar se arrebentando do que poupar-se para nada."; "Só há duas opções nesta vida: se resignar ou se indignar. E eu não vou me resignar nunca."; "Fracassei em tudo o que tentei na vida. Tentei alfabetizar as crianças brasileiras, não consegui. Tentei salvar os índios, não consegui. Tentei fazer uma universidade séria e fracassei. Tentei fazer o Brasil desenvolver-se autonomamente e fracassei. Mas os fracassos são minhas vitórias. Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu."