NA DELAÇÃO, MORO CONFIRMA VAZAMENTOS SELETIVOS






Do blog 247:

O juiz Sergio Moro, do Paraná, surpreendeu ao não acatar o pedido de réus da Lava Jato, que queriam conhecer o teor da delação premiada de Pedro Barusco (alto à esq.), aquele que havia dito desviar recursos da Petrobras há pelo menos 16 anos, ou seja, desde o governo FHC; a negativa de Moro surpreende porque ele deu publicidade total às delações premiadas de Augusto Mendonça (alto à dir.), que disse que a doação declarada de campanha ao PT era propina, e também de Júlio Camargo (abaixo à dir.), outro executivo da Toyo Setal; outra delação que vem sendo mantida em sigilo é a de Paulo Roberto Costa (abaixo à esq.), que disse que seus US$ 23 milhões de propina vieram da Odebrecht, empreiteira até agora não alcançada pela Lava Jato; qual é a lógica de Moro?

O executivo Pedro Barusco, que aceitou devolver praticamente US$ 100 milhões em valores desviados da Petrobras, fez uma revelação importante em sua delação premiada. Disse que começou a roubar desde 1996, ou seja, no governo FHC, quando a estatal pôde passar a contratar sem licitações (leia mais aqui).

"Essa era a parte da casa", teria dito Barusco, negando que a roubalheira fosse partidária – era coisa de executivos corruptos mesmo.

Não se conhece, no entanto, a íntegra de sua delação. Ontem, uma reportagem do jornalista Fausto Macedo revelou que o juiz Sergio Moro, do Paraná, negou acesso a réus da OAS que pleiteavam a íntegra da delação de Barusco, para saber do que são acusados. Sérgio Moro argumenta que "por ora, ainda se faz necessário o sigilo para fins de investigação e corroboração do por ele declarado" (leia mais aqui).

A decisão de Moro, no entanto, contradiz o que ele fez em relação a outras duas delações premiadas: as de Augusto Mendonça e Julio Camargo, executivos da Toyo Setal, às quais foram dadas total publicidade (leia mais aqui).

Numa delas, a de Augusto Mendonça, dizia-se que as doações legais ao PT, declaradas ao TSE, eram propina – o que poderia ampliar o discurso de criminalização do Partido dos Trabalhadores, no momento em que a presidente Dilma Rousseff ainda não tivera suas contas aprovadas pelo Tribunal Superior Eleitoral. Moro tornou pública a delação exatamente um dia depois do habeas corpus concedido pelo ministro Teori Zavascki a Renato Duque, ex-diretor de Serviços da Petrobras.

Não se pode dizer que, no caso de Mendonça, suas acusações estejam mais provadas, por exemplo, do que as de Barusco. Mendonça é aquele que disse haver na Petrobras um 'clube de empreiteiras', com regras de um campeonato de futebol e presidido pela UTC – algo que foge à lógica, pois é improvável que uma empresa de porte médio possa mandar em gigantes como Odebrecht e Andrade Gutierrez, ainda não atingidas pela Lava Jato.

Sobre a Odebrecht, há também uma delação que vem sendo mantida em sigilo por Moro: a de Paulo Roberto Costa. Ele disse ter recebido US$ 23 milhões da Odebrecht e os promotores de sua força-tarefa já foram à Suíça onde, segundo consta, confirmaram as transferências das propinas. Não se pode dizer que, neste caso, a delação de Costa, que já cumpre prisão domiciliar, esteja menos provada do que a de Barusco.

Ao não conferir o mesmo tratamento a casos semelhantes, Moro contribui para a percepção de que os vazamentos da Lava Jato são seletivos, por razões políticas ou econômicas, o que fere a lisura do processo.

Nota do blog Bastidores: A Polícia Federal não tem a prerrogativa de selecionar informações e procedimentos com objetivos políticos. Ela, na pessoa de cada um de seus delegados e demais servidores, tem que se dar conta da importância que tem para o aprimoramento do nosso processo democrático – que ainda engatinha, como pudemos constatar durante as eleições 2014 ainda em curso, por incrível que pareça – e agir patrioticamente, por mais que esta palavra esteja em desuso; agir com transparência total, por mais que a mídia abutre nativa lhe dite a agenda; manter, a qualquer custo, a credibilidade da instituição Polícia Federal, apesar das informações que chegam à população dando conta de grupos de delegados declaradamente avessos aos governos do PT, escolhidos democraticamente pelo povo que paga seus salários e lhes dá estrutura para suas ações.





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