Dilma: Corruptos devem ser condenados, não as empresas e trabalhadores
Presidenta concedeu entrevista coletiva após cerimônia no Palácio do Planalto.
Em
entrevista coletiva nesta sexta-feira (20), a presidenta Dilma Rousseff rebateu
os ataques contra a Petrobras e afirmou que os empresários devem ser
investigados, mas a punição a empresas não pode gerar risco de desemprego.
“Iremos tratar as empresas
considerando que é necessário criar empregos e gerar renda no Brasil, isso não
significa ser conivente ou apoiar ou impedir qualquer investigação qualquer que
seja. Doa a quem doer”, reafirmou a presidenta em coletiva após a cerimônia de
entrega das cartas credenciais dos embaixadores estrangeiros no Palácio do
Planalto, em Brasília.
A
presidenta enfatizou que os “malfeitos” devem ser investigados, mas a estatal
não poder ser tratada como se tivesse cometido irregularidades. “Não tratarei a
Petrobras como se a companhia tivesse praticado malfeitos, quem praticou foram
os funcionários da estatal”, disse.
Ela
salientou que os funcionários investigados devem responder pelos atos de
corrupção praticados ao longo de 20 anos. “Quem praticou foram funcionários da
Petrobras, que vão ter de pagar por isso. Quem cometeu malfeito, quem
participou de atos de corrupção vai ter de responder por eles, essa é a regra
do Brasil”, enfatizou.
Questionada
sobre a relação do governo com as empresas, a presidenta considerou que é
preciso levar em conta a importância das companhias para a geração de empregos,
mas que isso não pode impedir as investigações. “As empresas, os donos das
empresas e os acionistas serão investigados. Porque a empresa não é um ente que
esteja desvinculado dos seus acionistas. Agora, o que o governo fará é tudo
dentro da legalidade", completou a presidenta.
As
declarações da presidenta rebatem os intentos provocados pelos vazamentos
seletivos das investigações da Operação Lava Jato, que tem sido utilizado pela
oposição golpista e setores da grande mídia para insuflar o discurso de
privatização da maior empresa brasileira na sua ânsia de entregar a Petrobras
aos cartéis do petróleo.
Corrupção deveria ter sido
investigada desde FHC
Dilma
salientou que as investigações deveriam ter sido feitas desde a década de 1990,
quando o país era governado pelo PSDB de Fernando Henrique Cardoso.
“Se em
1996 ou 1997 tivessem investigado e punido, nós não teríamos esse caso desse
funcionário da Petrobras que ficou mais de 20 anos praticando atos de
corrupção. A impunidade leva água para o moinho da corrupção”, afirmou Dilma,
que destacou que as investigações como a Lava Jato nunca havia ocorrido no
Brasil, não porque não existia corrupção, mas por não haver investigação.
“Quando você investiga e descobre, a raiz das questões surge e você impede que
aquilo se repita e seja continuado”, afirmou.
Em
depoimento à Polícia Federal, o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco afirmou
que começou a receber propina da SBM Offshore em 1997. Outro a confirmar o
esquema em depoimento foi o executivo da Toyo Setal, Augusto Mendonça, que
relatou em juízo que o “clube de empreiteiras” passou a combinar resultados de
licitações desde meados da década de 1990.
"Hoje
nós demos um passo e para esse passo devemos olhar e valorizar. Não tem
engavetador da República, não tem controle da Polícia Federal, nós não nomeamos
pessoas políticas para os cargos da Polícia Federal. O que está havendo no
Brasil é o processo de investigação como nunca foi feito antes”, enfatizou a
presidenta.
Credenciais dos embaixadores
Na
cerimônia no Palácio do Planalto, a presidenta Dilma recebeu as cartas
credenciais dos novos embaixadores da Venezuela, de El Salvador, do Panamá, do
Senegal e da Grécia. A cerimônia foi encerrada sem a participação do embaixador
da Indonésia, Toto Riyanto, que esteve no Palácio para repassar ao governo
brasileiro a carta credencial, mas não participou da solenidade.
“Achamos
que é importante que haja uma evolução na situação para que a gente tenha
clareza em que condições estão as relações da Indonésia com o Brasil. O que nós
fizemos foi atrasar um pouco o recebimento de credenciais, nada mais que isso”,
explicou a presidenta Dilma.
No dia
17 de janeiro, o brasileiro Marco Archer foi fuzilado na Indonésia, em
cumprimento à pena de morte por tráfico de drogas. Outro brasileiro condenado à
pena de morte no país, Rodrigo Gularte, aguarda execução.
Comentários
Postar um comentário
comentário no blogspot