A SURRA QUE GABRIELLI DEU NA CPI
Ilustração publicada no Twitter de Joaquim Neto
Nessa quinta-feira 12/03, Sérgio Gabrielli foi
submetido a um odiento tiroteio de Heróis da Moral e da Ética parlamentar, como
Arnaldo Faria de Sá, Julio Delgado, do
partido do jatinho sem dono, e o campeão do
partido da Privataria
Tucana, o líder do PSDB, Carlos Sampaio, de São Paulo,
por óbvio.
Gabrielli aplicou-lhes o drible da vaca, com
segurança, firmeza e, sobretudo, competência.
Na maioria, os deputados leem perguntas feitas
pelos assessores e não como replicar a resposta de Gabrielli.
Gabrielli, em boa parte do tempo, parecia bater em
gatos mortos.
A seguir, um resumo do que Gabrelli disse na
frustrada tentativa de desmoralizá-lo.
Desmoralizados saíram seus ineptos inquisidores
(não deixe de assistir, em seguida, àexcelente
entrevista que Gabrielli deu ao C Af).
Depoimento Gabrielli – 12/03/2015
A Petrobras
Em defesa brilhante sobre o desempenho,
importância e crescimento da companhia, Gabrielli traçou a trajetória da
Petrobras nos últimos 15 anos. Falou sobre a empresa que, quando assumiu o
governo Lula, em 2003, estava sucateada e desvalorizada. Fez um comparativo de
valores de mercado da companhia, do número de funcionários, dos desempenhos
operacionais.
“A Petrobrás hoje tem em suas reservas 15 bilhões de barris”, destacou.
“Na área de exploração e produção de Petróleo a Petrobrás se tornou a
empresa com maior potencial de crescimento no mundo”, afirma o ex-presidente da
estatal.
O ex-presidente da estatal disse que média de sucesso na indústria de
petróleo é de 20% e no pré-sal foi de 90%. “É fácil encontrar petróleo do
pré-sal, difícil é produzir. Por isso ele é viável economicamente”, explicou.
Segundo ele, com o crescimento da empresa a indústria naval saiu da estagnação
com 2 mil empregados para 70 mil.
Ele ressaltou que a indústria de petróleo não é importante somente na
geração de emprego e renda, mas para o financiamento nos governos federal e estaduais.
“Não é uma coisa trivial que estamos falando”, declarou.
O risco
sistêmico
Após afirmar que os atos de corrupção ocorreram
externamente à estatal, Gabrielli diz que a paralisação do setor de petróleo do
País pode ameaçar um milhão de empregos e que não se pode ameaçar todo o
cenário por conta dos desvios de alguns ex-funcionários corruptos.
Corrupção
“Corrupção é um problema criminal que precisa ser
combatido policialmente”, Gabrielli.
Para Gabrielli, a CPI que investiga suspeitas de corrupção na estatal,
os crimes relatados pelo ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa e
ex-gerente de Serviços Pedro Barusco são “caso de polícia”.
“É impossível se identificar esse tipo de comportamento internamente.
Isso é caso de polícia. Não é possível identificar esses comportamentos nos
procedimentos internos da Petrobras. Tanto é que Barusco confessa que fazia
isso há 18 anos e não foi pego”, afirmou.
Gabrielli declarou que os ex-funcionários da petroleira confessaram
“crimes e atividades corruptas” e se apropriaram privadamente de recursos, mas
afirmou que os negócios da Petrobras respeitavam a “realidade de mercado,
portanto não estavam superfaturados”.
“Todos os parâmetros estão aceitos pela Petrobras e são impossíveis de
ser percebidos como atos de corrupção. O ato de corrupção ocorre na negociação
externa a Petrobras”, declarou.
O ex-presidente da Petrobras disse que o pagamento ilícito de propina
não foi identificado pelas auditorias internas porque o dinheiro era desviado
do lucro que as empreiteiras obtinham com os negócios.
Gabrielli também afirmou que os diretores da Petrobras já estavam
escolhidos quando ele assumiu a presidência da estatal. Ele comandou a
petrolífera entre 2005 e 2012. “Critérios que governo adota para escolher
diretores são critérios do governo”, disse Gabrielli.
“Quando eu disse que a corrupção é indetectável, isso não quer dizer que
não seja acesa uma ‘luz amarela’.” diz o ex-presidente da Petrobras, José
Sérgio Gabrielli, em resposta ao deputado André Moura (PSC-SE). De acordo com
ele, havia investigações de sobrepreço na estatal, mas buscavam-se causas em
motivos além de corrupção, como aquecimento do mercado e greves.
“Os controles internos, ao meu ver, não conseguem captar corrupção dessa
forma. Portanto, não vejo corrupção sistêmica na Petrobras”, diz o
ex-presidente da estatal.
“Não é competência empresarial investigar corrupção. Não pode ser
atribuída a mim responsabilidade sobre isso”, defende-se o ex-presidente da
Petrobras.
Gabrielli, em resposta ao deputado Edmilson Rodrigues (PSOL-PA), diz que
discorda da versão de que a corrupção de alguns seja associada à empresa como
um todo. “Eu digo peremptoriamente que não há corrupção sistêmica na Petrobras,
e isso não quer dizer que não há corrupção na empresa.”
“Eles fizeram negociações ilícitas na relação direta com o fornecedor.
Não era possível que se captasse essa situação. Estamos na terceira CPI do
Congresso Nacional, o que significa que na vida cotidiana é quase impossível
perceber isso”.
Questionado, Gabrielli admite que cometeu um equívoco ao dar uma
entrevista ao Jornal Nacional, ao responder que a Petrobras não indicou João
Ferraz e de Pedro Barusco à diretoria da empresa Sete Brasil, criada em 2010.
“Pelo que podemos perceber nesta CPI, existem dois mundos. O mundo
Barusco, em que ele disse que a corrupção passou a ser institucionalizada na
Petrobras a partir de 2003. E o mundo Gabrielli”, diz Bruno Covas. “Ao fim
desta CPI vamos saber qual destes mundos é real e qual é fantasia.”
“Auditoria não é polícia”, afirma Gabrielli para reforçar a tese de que
a estatal não teria condições de investigar os desvios investigados pela Lava
Jato.
Ex-presidente da estatal lembra ainda que os dois escritórios de
advocacia contratados para apurar internamente os desvios ainda não chegaram a
conclusões, e que a Câmara já está na terceira CPI e também não chegou a uma
conclusão.
Para Gabrielli, negociações ilícitas de Paulo Roberto Costa e Pedro
Barusco ocorreram diretamente nas negociações com os fornecedores. “Não é
possível que o sistema de governança da Petrobrás identificasse isso”.
Ele lembrou que nem o TCU chegou a conclusões sobre os desvios na
estatal e afirma que a empresa tem um volume muito grande de negócios e que a
investigação dos desvios “é um caso de polícia”. “É impossível a Petrobrás,
dentro do funcionamento normal da empresa detectar estes desvios”.
Segundo o ex-presidente, as propinas se deram em negociações externas à
Petrobrás. “Não é possível, portanto, identificar esses comportamentos nos
procedimentos internos da Petrobrás”, explicando que a estatal contratou dois
escritórios de advocacia para apurar os desvios após as denúncias.
Para ele, é preciso separar a Petrobras daqueles que desviaram recursos
dela. “Não podemos confundir o comportamento criminoso de alguns com o
comportamento de uma empresa que está muito bem e funcionando.”
Contribuições
partidárias
“Não posso me colocar aqui a sua frente sem dizer
que suspeito do senhor”, diz o deputado André Moura (PSC-SE) ao começar sua
fala. Em seguida, pergunta se José Sergio Gabrielli possui contas no exterior.
“Tenho uma conta em Portugal, absolutamente declarada no Imposto de Renda”,
responde
Deputado Afonso Florence (PT-BA) pediu que Gabrielli dê um depoimento
sobre a acusação de Paulo Roberto Costa à Justiça Federal de que houve
pagamento de propina de R$ 10 milhões a Sérgio Guerra, ex-presidente nacional
do PSDB.
“Nunca fui informado sobre essa conversa”, diz Gabrielli, em referência
ao depoimento de Paulo Roberto Costa. Ele diz que seja uma questão de “uma
palavra contra a outra” neste caso.
Pasadena
O ex-presidente da Petrobras discorreu sobre a
compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. Ele sustentou que a
auditoria do Tribunal de Contas da União, após uma auditoria de três meses, não
achou irregularidades de preço na compra.
Deputados da oposição riram após o ex-presidente da Petrobras, Sérgio
Gabrielli, afirmar que, na opinião dele, a aquisição da refinaria de Pasadena,
nos Estados Unidos, foi um bom negócio. “Com certeza absoluta, não tem dúvida
em relação a isso”, afirmou Gabrielli.
Ele disse que a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, foi
“barata” ao ser considerada a capacidade de refino de 100 mil barris ao dia.
Segundo o ex-dirigente, o preço ficou em 5.540 dólares por barril refinado ao
dia, pouco mais da metade do custo médio de refinarias norte-americanas.
Abreu e Lima
Gabrielli também negou que a Petrobras fez uma
refinaria sem saber o que iria fazer. Segundo ele, o valor da refinaria ficou
maior do que o esperado porque o Brasil não fazia esse tipo de projeto desde os
anos 1980 e orçou um valor genérico. “Fixamos um valor genérico do que seria um
custo, baseado no valor de uma refinaria do golfo do México. Não há verdade em
dizer que a Petrobras fez uma refinaria sem saber o que ia fazer”, disse.
As obras da refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco, tiveram 4,2
bilhões de dólares em sobrepreço, segundo o relatório aprovado, em dezembro
passado, pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI). O valor é 29,3%
do custo total de implementação da refinaria, de acordo com cálculos da
comissão, de 14,3 bilhões de dólares.
“Em 2006, os preços internacionais variaram entre US$3.400 e US$ 19 mil
por barril”, diz Gabrielli. De acordo com o ex-presidente da Petrobrás,
as refinarias Abreu e Lima e Comperj estão caras em comparação com preço
internacional.
Ele reconheceu que o preço final de construção da refinaria de Abreu e
Lima, em Pernambuco, mais de US$ 18,5 bilhões, ficou acima do praticado no
mercado internacional. Afirmou, porém, que isso se deveu basicamente ao câmbio
e a mudanças no escopo da obra. Ressaltou que todas as licitações ficaram dentro
da margem de -15% e +20% do orçamento previsto para a companhia. Afirmou que
não há ainda processo concluído no Tribunal de Contas da União (TCU) sobre a
refinaria.
TCU – Abreu e Lima:
Questionado sobre as suspeitas de irregularidades
na refinaria de Abreu e Lima investigados pelo TCU, Gabrielli respondeu que
“nenhum destes processos tem conclusão ainda” e lembrou que há sete
investigações naquela corte.
O ex-presidente da Petrobras Sérgio Gabrielli defendeu as políticas de
construção de refinarias da estatal ao longo dos últimos anos. Até 2006,
segundo Gabrielli, a estratégia da companhia era refinar petróleo no exterior,
o que teria justificado a compra de refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos.
A partir dessa data, a estatal muda o direcionamento por causa da
perspectiva de crescimento econômico. “Ao analisar o mercado brasileiro, viu
que ele ia crescer mais no nordeste, centro-oeste e norte”, disse Gabrielli, ao
justificar a proposta de construção das refinarias Premium I (no Maranhão) e
Premium II (Ceará), cancelada em janeiro.
Relações pessoais com denunciados
“Minhas relações pessoais com Duque, Barusco e Nestor nunca passaram das
reuniões”, ressalta Gabrielli. De acordo com ele, não havia
condições de saber que Barusco recebia propina, uma vez que as contas
estavam fora do País.
Sete Brasil
Gabrielli explicou que a companhia de capital
misto, cuja maior parte pertence a estatal petrolífera, foi criada no contexto
do pré-sal. E que a empresa foi criada junto com capitais privados para
possibilitar a construção de sondas de exploração do pré-sal.
Gasene
Gabrielli lembrou que as SPEs são frequentemente
usadas por empresas brasileiras para viabilizar projetos e dar garantias de
pagamento aos financiamentos. “É estrutura comum para viabilizar o
financiamento da construção e transformar o investimento em fluxo de gastos
operacionais. É padrão, é legítima”, disse Gabrielli.
Quanto ao Gasene, Gabrielli afirmou que o projeto foi viabilizado com
empréstimo do Banco de Desenvolvimento da China e uma SPE foi constituída para
utilizar esse financiamento. “Existem dezenas de SPE na Petrobras e em várias
outras empresas do país”, acrescentou. Gabrielli, no entanto, admitiu que possa
haver dificuldades de fiscalização das SPEs em função do capital privado dessas
sociedades.
África
Gabrielli não quis comentar sobre a venda de
ativos da estatal na África porque, segundo ele, todo o processo foi feito
depois de sua saída da Petrobras em 2012.
SBM
Questionado sobre Julio Faerman, da SBM Offshore
e que foi apontado por Pedro Barusco como responsável por negociar as propinas
em contratos de navios-plataforma, Gabrielli afirmou não conhecer o executivo.
Indicações políticas
Luiz Sérgio perguntou para Gabrielli sobre o
depoimento de Paulo Roberto Costa, que afirmou que as indicações na estatal
sempre foram políticas. O ex-presidente da estatal reforça o argumento e
explica que as escolhas dos diretores dependem do governo federal e dos membros
do Conselho de Administração. “Quando cheguei na Petrobrás como presidente, em
2005, os diretores já estavam escolhidos”, afirmou Gabrielli.
Relator perguntou sobre os membros do Conselho de Administração da
estatal na época de Gabrielli, que explicou que o único membro do conselho
empregado na estatal é o presidente da empresa. “Os critérios de escolha do
membro do Conselho portanto, são dos acionistas majoritários”, lembrando que a
prática ocorre em outras empresas também.
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