ROGÉRIO CORREIA: “NÓS ENTREGAMOS PESSOALMENTE NO GABINETE DO JANOT AS PROVAS DO ENVOLVIMENTO DE AÉCIO NO CAIXA 2 DE FURNAS”
13
de fevereiro de 2014: Os deputados petistas Adelmo Leão, Padre João,
Rogério Correia e Pompílio Canavez pouco antes de entregar no gabinete do
procurador Rodrigo Janot as provas do envolvimento de Aécio no esquema de
caixa 2 de Furnas
por Conceição Lemes
Nessa
terça-feira 4, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, livrou Aécio
Neves (MG) de inquérito na Lava Jato, apesar de o senador e presidente do PSDB
ser citado na delação premiada do doleiro Alberto Youssef.
Janot
contrariou os procuradores responsáveis pelo caso que teriam
recomendado que se pedisse ao Supremo Tribunal Federal (STF) abertura de
inquérito contra o tucano.
Segundo O Estado de S. Paulo, na delação premiada
à qual teve acesso, Youssef afirmou
“ter conhecimento” de que Aécio, na época em que era deputado federal, estaria
recebendo recursos desviados de Furnas “através de sua irmã”.
O
jornal prossegue:
O
doleiro disse que recolheu dinheiro de propina na empresa Bauruense cerca de
dez vezes. Em uma delas, o repasse não foi feito integralmente e faltavam R$ 4
milhões. Youssef afirmou aos investigadores ter sido informado de que “alguém
do PSDB” já havia coletado a quantia pendente.
Indagado
pelos procuradores, Youssef declarou não ter conhecimento de qual parlamentar
havia retirado a comissão, mas afirmou que o então deputado federal Aécio Neves
teria influência sobre a diretoria de Furnas e que o mineiro estaria recebendo
o recurso “através de sua irmã”, segundo o texto literal da delação, sem
especificar a qual das duas irmãs do senador ele se referia. O delator disse
ainda “não saber como teria sido implementado o ‘comissionamento’ de Aécio
Neves”.
Na
delação, o doleiro descreve que de 1994 a 2001 o PSDB era responsável pela
diretoria de Furnas. Yousseff declarou que recebia o dinheiro de José Janene
nas cidades paulistas de Bauru e de São Paulo e enviava o valor para Londrina
ou Brasília.
Janot, segundo o Estadão, pediu ao STF o arquivamento
das investigações por considerar insuficientes as informações fornecidas pelo
doleiro.
“Se
realmente o Janot mandou arquivar o caso por falta de provas sobre o
envolvimento de Aécio no caixa 2 de Furnas, eu tenho provas suficientes”,
afirma o deputado estadual Rogério Correia (PT-MG). “Em Minas, todo mundo sabe
que Aécio fazia caixa 2 em Furnas.”
“Eu
posso encaminhar tudo para o Janot assim como para o ministro Teori
Zavascki, que está cuidando da Lava Jato no STF, para que o Aécio
não saia impune mais uma vez”, observa.
“Aliás,
o Janot não pode dizer que não tem elementos para abrir investigação
contra Aécio”, atenta Correia. “Há elementos de sobra, inclusive os trabalhos
feitos pela Polícia Federal e pela procuradora federal Andrea Bayão, que agora
trabalha na Procuradoria-Geral da República (PGR), em Brasília. Nós fomos até
lá e entregamos pessoalmente no gabinete do Janot as provas do
envolvimento de Aécio no caixa 2 de Furnas.”
De fato, em 13 de fevereiro
de 2014, os deputados estaduais Rogério Correia, Pompílio Canavez e Adelmo Leão
e o deputado federal Padre João, todos do PT de Minas, entregaram no gabinete
do procurador-geral o pedido
para análise da Lista de Furnas, a partir da denúncia feita em janeiro de
2012 pela procuradora Andrea Bayão.
“Nós
pedimos também que levassem para o Supremo a Lista de Furnas, pois ela possui o
nome de 156 políticos”, frisa Correia. “Se examinar a Lista de Furnas (na
íntegra, no final deste post), vai ver que eles operaram no Brasil inteiro, a
partir de Minas. Operaram pro Serra, Alckmin, Aécio…;”.
“O
desvio de recursos públicos de Furnas foi para campanha tucana e aliados
em todos os níveis: deputados, senadores e governador”, diz Rogério Correia. “O
próprio Aécio recebeu R$ 5,5 milhões, conforme consta da lista. É bom
lembrar que, em 1998, ele já tinha recebido 110 mil de mensalão tucano de
Marcos Valério, que hoje significariam em torno de R$ 400 mil.”
A Lista de Furnas é de 2002 e diz
respeito à eleição de Aécio Neves. Esse caso de corrupção irrigou, através de
processos licitatórios fraudulentos em Furnas e empresas que fizeram “caixinha”,
a campanha tucana daquele ano não só em Minas, mas também em São Paulo, Bahia e
outros estados.
A
Lista de Furnas já teve sua veracidade comprovada pelo Instituto Nacional de
Criminalística da Polícia Federal (na íntegra, abaixo). E posteriormente o caso
de corrupção foi atestado pelo relatório de 2012 da doutora Andrea Bayão, na
época procuradora do Ministério Público Federal no Rio de Janeiro (na íntegra,
abaixo).
“É
um absurdo o Janot, mesmo sabendo disso tudo, não ter aberto
inquérito contra o Aécio”, condena Correia. ” É muita má
vontade de investigar um tucano, de novo.”
A propósito. Em 2011, o tucanos em conluio com a revista Veja disseram que Rogério Correia
tinha falsificado a Lista de Furnas. Tentaram inclusive cassar o seu mandato. O
deputado petista foi absolvido pelo Ministério Publico Estadual de Minas Gerais
que comprovou a veracidade da lista.
Também
por denunciar Furnas e os tucanos o jornalista Marco Aurélio Carone e o
controvertido lobista Nilton Monteiro amargaram cadeia. O primeiro ficou
preso quase dez meses e por pouco não morreu de ataque cardíaco. O segundo
permaneceu dois anos em prisão preventiva sem nenhuma condenação.
Por
tudo isso, sem rodeios, o deputado Rogério Correia põe o dedo na ferida:
“Aécio continuará impune, Janot?”
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