Imprensa abafa operação Voldemort, esquema de corrupção tucano
Richa deu a entender que foi em busca de conselhos de FHC para enfrentar sucessivas crises de seu governo
Primo de Beto Richa e outras seis pessoas são
acusadas pelo MP de esquema criminoso para obter contrato emergencial de R$ 1,5
milhão com o governo paranaense.
No inicio deste mês, o Ministério Público do
Paraná abriu ação penal contra o empresário Luiz Abi Antoun, primo do
governador Beto Richa e ex-assessor parlamentar do tucano. Para a Justiça, Abi
é considerado um dos nomes mais influentes no governo Richa, ainda que não
ocupe nenhum cargo público. Abi e outras seis pessoas são acusadas pelo MP de
montar um esquema criminoso para obter um contrato emergencial de R$ 1,5 milhão
com o governo do estado. Eles agora respondem por organização criminosa,
falsidade ideológica e fraude em licitação.
As
suspeitas sobre a ação de Abi nos bastidores do governo tucano ganharam força
depois que parte do depoimento de um ex-funcionário do governo foi revelada.
Marcelo Caramori, que tinha um cargo comissionado no Executivo até o início do
ano, afirmou em delação premiada que Abi é "o grande caixa financeiro do
governador Beto Richa, incumbindo-lhe bancar campanhas políticas e arrecadar
dinheiro proveniente dos vários órgãos do estado". O delator está preso
desde janeiro em Londrina por exploração sexual de menores.
A atuação
do primo de Richa nos bastidores ajudou a batizar a Operação Voldemort, do
Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério
Público do Paraná, que investiga esquema criminoso montado para obter um
contrato de R$ 1,5 milhão entre a empresa Providence Auto Center e o
Departamento de Transporte Oficial do Estado. O nome faz alusão a Lord
Voldemort, o temido personagem da série literária e cinematográfica Harry
Potter, que nos livros de J. K. Rowling é conhecido como "aquele que não
deve ser nomeado".
Richa, em
vez de pedir à Polícia Federal uma ampla investigação da corrupção instalada
dentro de seu governo, tentou amenizar o caso publicando em seu facebook um
breve relato de uma visita feita ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso,
dando a entender que foi em busca de conselhos para enfrentar as sucessivas
crises que assolam seu governo.
Richa
terminou seu primeiro mandato em crise econômica. Desde 2013 tem dificuldades
de caixa para pagar fornecedores em dia e não consegue cumprir compromissos
assumidos com o funcionalismo. Iniciou seu segundo mandato pior ainda, com
greves de profissionais do ensino e da saúde, e com aumento de 50% nos impostos
estaduais sobre vários produtos.
FHC não é
uma pessoa das mais apropriadas para dar conselhos econômicos. Em seus oito
anos de gestão na Presidência da República quebrou o Brasil três vezes, mesmo
fazendo o maior aumento da carga tributária da história. Vendeu patrimônio
público para abater a dívida, mas a dívida explodiu. Privatizou tendo como um
dos argumentos atrair investimentos e eles vieram pífios, resultando em
racionamento de energia, má qualidade nos serviços públicos concedidos e
tarifas altas de pedágios e telefonia. Também fracassou na geração de empregos;
a renda do trabalhador e a proteção social foi arrochada. Enfim, se for seguir
aqueles conselhos, pobres paranaenses.
Outro
tema que leva o governo paranaense à crise política é a corrupção envolvendo
familiares e rondando seu gabinete. Outra relação de proximidade é a sociedade
de Fernanda Richa, mulher do governador, e Eloiza Fernandes Pinheiro Abi
Antoun, mulher de Abi, entre 1999 e 2002. As duas foram sócias da União
Metropolitana de Ensino Paranaense Ltda.
Apesar de
o Judiciário nem sempre individualizar condutas criminosas quando acusa
petistas, o princípio deve valer para todos e Beto Richa não pode responder
criminalmente pela conduta de terceiros sem provas. Porém, o Paraná precisa que
as investigações sejam feitas e precisa que o governo seja depurado, doa a quem
doer, como acontece no governo federal.
E neste
ponto, FHC também não é um bom conselheiro. Em seu governo reinava a impunidade
do engavetamento. A corrupção cresceu assustadoramente ao não ser combatida
como deveria, favorecendo a sobrevivência eleitoral de políticos corruptos. E
ainda contava com a complacência da imprensa tradicional simpática ao tucanato.
Deixou
uma herança maldita que, a duras penas, vem sendo combatida diuturnamente. Se
Richa fosse agir republicanamente, faria tudo ao contrário do que o
ex-presidente aconselhasse. O problema é que os dois tucanos se parecem muito
no jeito de agir e de governar. Para desespero dos cidadãos paranaenses.
Fonte:
Rede Brasil Atual
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