35 ANOS DEPOIS, O BRASIL VAI SABER QUEM MATOU D. LYDA
Os saudosos da ditadura vão ter amanhã,
afinal, uma oportunidade de verem o grau de loucura e a brutalidade
que marcaram, até quase o final, o regime autoritário neste país.
Fernando
Mollica, em O Dia,
hoje, anuncia que a Comissão da Verdade do Rio de Janeiro, presidida pelo
advogada Rosa Cardoso, vai apresentar os resultados do inquérito que apurou os
responsáveis pela carta-bomba endereçada ao então presidente da OAB, Eduardo
Seabra Fagundes que, ao ser aberta por sua secretária, Lyda Monteiro, explodiu,
matando-a, em agosto de 1980.
É
preciso que os que têm 20 anos agora, como tínhamos àquela época saibam o que
foi aquilo.
Uma
mulher pacata, trabalhadora, ter seu braço arrancado e sangrado até à
morte pela obra macabra de fanáticos que, então, explodiam bombas a torto
e a direito, como forma de tentar evitar a democratização do país.
No
mesmo dia, duas outras bombas foram remetidas pelos terroristas: uma contra a
Câmara Municipal do Rio de Janeiro, outra contra o jornal Tribuna da Causa
Operária. Seis pessoas ficaram feridas e uma delas, José Ribamar de
Freitas, recorda Mollica, perdeu um braço e a visão de um dos olhos.
O
hoje advogado e professor Luiz Felippe Monteiro Dias, que há três décadas
luta pelo esclarecimento do caso diz que “tudo o que quero saber é quem fez e
quem mandou” a bomba que matou sua mãe.
Durante
dez anos Felippe, na Comissão de Direitos Humanos da OAB do Rio, tentou
investigar de forma sistemática o caso, mas as buscas eram boicotadas sempre
que apontavam para uma solução. O momento mais próximo, diz ele, foi a descoberta máquina
de datilografia usada para endereçar a carta.
“Nessa
época os militares retiraram o inquérito da polícia. Não me conformo com o fato
do crime não ter sido apurado. Conseguimos levar o caso para a abertura
política, mas ele acabou no arquivo. O crime é imprescritível e a punição é
inevitável”, diz.
Menos
de um ano depois, quando a explosão do Riocentro matou os dois
militares que pretendiam detonar uma bomba num pavilhão lotado de jovens,
terminava a era das bombas no Brasil.
Lembrar
do que se passou, por mais que seja chocante e desagradável reviver uma cena
assim é essencial para que não se ouça nunca mais o som macabro das
explosões da intolerância.
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