UNIDADE POPULAR PARA DERROTAR A DIREITA GOLPISTA
Numa entrevista publicada no último domingo
(6), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva falou que é preciso restabelecer
a harmonia política entre o governo, a Câmara dos Deputados e os partidos para
superar a crise política.
A
preocupação de Lula é correta. A crise é profunda; ela tem raízes na conturbada
situação que o capitalismo enfrenta, sobretudo na Europa e nos EUA, e que afeta
agora também os países emergentes. A China, que tem sido a locomotiva do
desenvolvimento mundial nestes anos, dá sinais visíveis de contágio e procura
soluções para equilibrar sua economia, que continua a crescer a taxas
monumentais mesmo tendo apresentado recuos que se espalham por outras nações
– o Brasil entre elas.
Há também
razões internas que fermentam a crise. O principal fator é o golpismo e o
escasso compromisso com a normalidade democrática da oposição neoliberal e da
direita.
Golpismo
e autoritarismo conservadores e protofascistas que, nunca é demais repetir, têm
sido os principais fatores de instabilidade política na República desde pelo
menos o final do Estado Novo, em 1945.
O
autoritarismo e falta de compromisso com a democracia da direita marcaram a
campanha eleitoral de 2014 e se acentuaram desde a posse da presidenta Dilma
Rousseff em seu segundo mandato.
As
tentativas golpistas se multiplicaram ao longo do ano, movendo-se de gabinetes
oposicionistas para as ruas, envolvendo velhas práticas políticas que
frequentam o cenário brasileiro desde a segunda eleição de Getúlio Vargas para
a Presidência da República, em 1950. Época em que os antepassados da atual
oposição neoliberal queriam que Vargas não fosse candidato; se fosse candidato,
que não fosse eleito; se eleito, que fosse impedido de tomar posse – como dizia
na época o golpista Carlos Lacerda através do jornal Tribuna
de Imprensa.
Não há
novidade no golpismo da direita e dos conservadores. O que há de novo, mais de
sete décadas depois de tanta crise política, é o fato de que, em 2015, os
campos se definem com mais clareza. A direita e os conservadores aparecem
divididos, havendo desde facções francamente golpistas até os setores
“prudentes”, refratários a aventuras políticas e que preferem saídas
institucionais, aguardando a eleição de 2018 para tentar retomar a Presidência
da República. E que temem, sobretudo, uma nova vitória do campo popular e
democrático.
Uma
importante novidade da conjuntura é o avanço da unidade das forças
democráticas, patrióticas e de esquerda, como ficou claro com o lançamento da
Frente Brasil Popular ocorrida no sábado (5). Unidade popular para derrotar a
direita e os conservadores que abarca as principais organizações do movimento
social e os principais partidos da esquerda – o PCdoB entre eles.
A Frente
Brasil Popular dá novo protagonismo à luta popular e democrática.
Neste
quadro, onde fica a harmonia referida por Lula? Ela se dará em torno de que
programa, com que base e objetivo?
Estas são
perguntas cujas respostas são fundamentais. Há um debate intenso em curso. Nos
últimos dias sua feição tem sido a busca por novas fontes de recursos para
enfrentar o rombo orçamentário previsto para 2016, estimado em R$ 30,5 bilhões.
Como
aquele orçamento poderá ser equilibrado? O PCdoB e outras forças do campo
democrático e progressista defendem a taxação das grandes fortunas e o fim da
escandalosa taxa de juros que onera a dívida pública e literalmente rouba
recursos de áreas sociais como saúde, educação, moradia, segurança pública, e
os destina a satisfazer a gananciosa especulação financeira que favorece uma
minoria de ricaços.
Este
debate exige respostas claras e firmes dos setores mais consequentes. Elas
sairão da mais ampla unidade das forças democráticas, populares e patrióticas –
entre os movimentos sociais, os partidos ligados ao povo, a representação
parlamentar progressista e avançada – para apoiar a legalidade e o
governo Dilma e criar as condições para o avanço nas mudanças e a derrota da
direita conservadora e neoliberal.
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