Senador Randolfe: “Diante das informações divulgadas, vamos chamar Armínio Fraga para depor na CPI do HSBC”
O dono do fundo e o fedor de furnas
por Conceição
Lemes
A
Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigará as contas
dos 8.667 clientes brasileiros no HSBC da Suíça está
pronta para ser instalada no Senado.
Nessa
quarta-feira 18, foram anunciados no plenário os nomes dos parlamentares
que a integrarão. Os trabalhos devem começar até a próxima terça, 24 de março.
“Esta CPI tem de acesso à toda lista do HSBC”,
frisa o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) em entrevista aoViomundo.”Ter conta no exterior não é
crime, mas em torno desse caso existem indícios muito suspeitos.”
Randolfe
foi quem propôs a criação dessa CPI.
“Nós
vamos solicitar a colaboração da Receita Federal e do Coaf [Conselho
de Controle de Atividades Financeiras]“, expõe o senador. “Nós temos de saber
como tantas contas foram registradas em outro país e se esses órgãos têm
controle delas. Nós pretendemos também ter contato com as autoridades
francesas e suíças.”
O
senador já tem alguns requerimentos para começar os depoimentos na
CPI. A sua intenção é chamar os nomes de maior repercussão.
“Obviamente
o nome do senhor Armínio Fraga se encaixa entre os que chamaremos para
depor”, diz.
Fraga
é ex-presidente presidente do Banco Central (BC). Se o senador Aécio Neves
(PSDB-MG) tivesse ganho a eleição presidencial de 2014, seria o seu
ministro da Fazenda.
“Mas,
primeiro,vamos confirmar a existência, a natureza e o motivo dessa conta no
HSBC da Suíça, para saber se houve alguma irregularidade”, prossegue.
“Agora,
diante das informações divulgadas hoje [18 de março], seguramente vamos
chamar o senhor Armínio Fraga para depor na CPI do HSBC.”
Nessa quarta-feira 18, em reportagem publicada
no R7 e reproduzida no Viomundo, o repórter Amaury Ribeiro Jr. revelou
que um fundo de investimento nas Ilhas Cayman administrado por Fraga
está sob investigação nos EUA.
As
Ilhas Cayman é notório paraíso fiscal no Caribe.Amaury Ribeiro denuncia:
O
fundo, intitulado Armínio Fraga Neto-Fundação Gávea, é suspeito de distribuir
para a Suíça e outros paraísos fiscais dinheiro sem origem comprovada.
As
autoridades norte-americanas chegaram ao fundo após investigar a lista dos
clientes de todo mundo que mantinham contas no HSBC da Suíça.
O
tucano e seu fundo, isento de impostos no Brasil por ser uma organização
filantrópica, deixaram rastros bem detalhados na lista do HSBC.
De
acordo com uma fonte do FBI (a Polícia Federal dos EUA) ligada a operações de
lavagem de dinheiro, em 2004 o fundo nas Ilhas Cayman enviou U$ 4,4 milhões
para outra conta da mesma fundação no HSBC da Suíça.
Os
dados apurados apontam que a conta beneficiada era uma conta de compensação.
Conhecida como conta-ônibus, esse tipo de conta só serve para transportar
dinheiro de um paraíso fiscal para outro.
É
uma conta, por exemplo, onde não se pode fazer nenhum tipo de investimento.
Os
documentos levantados pelas autoridades norte-americanas mostram ainda que
antes de cair no HSBC o dinheiro foi transferido para outra conta-ônibus do
ex-ministro no Credit Bank da Suiça.
No
mundo da lavagem de dinheiro há uma premissa: quanto mais rodar em
conta-ônibus, mais limpo fica o dinheiro até chegar ao seu destino final.
As
investigações apontam que após ser lavado na Suíça o dinheiro voltou limpo
para a conta de Fraga no America Bank de Nova York.
A
papelada comprova ainda que, para se livrar da tributação de impostos, Armínio
declarou à Receita que a Fundação Gávea era filantrópica, ou seja, isenta de
tributos.
Mas,
num lapso de memória, enviou o dinheiro para o Caribe por meio de sua conta
pessoal no HSBC. Os investigadores pediram a quebra de sigilo do fundo.
Ou
seja, serão revelados os nomes dos tucanos e de outros brasileiros que usaram
esse duto para enviar dinheiro ao Exterior.
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