EUA: MAIS RICO COM MAIS POBRES
Por Cynara
Menezes, em seu blog
Com
a desigualdade cada vez maior nos
Estados Unidos, a pobreza infantil cresce junto. Enquanto a riqueza do país
aumentou 60% nos últimos seis anos, acima de 30 trilhões de dólares, o número
de crianças sem-teto também cresceu 60% no mesmo período. A cada ano, 2,5
milhões de crianças –uma em cada 30 – vão dormir sem um lar para chamar de
seu na nação mais rica do mundo. Estão abrigadas temporariamente em abrigos,
igrejas ou motéis.
Segundo
um relatório recente da organização Crianças
Sem-Teto da América, as razões para haver tanta criança sem moradia
por lá são basicamente: a alta taxa de pobreza; a falta de habitação a preços
acessíveis; os impactos contínuos da grande recessão; as disparidades raciais;
os desafios para as mulheres de criarem filhos sozinhas; e as experiências
traumáticas, especialmente a violência doméstica. O número de crianças sem-teto
cresceu em 31 Estados e há meninos e meninas nesta situação em cada cidade. Em
todo o país, o crescimento foi de 8% apenas entre 2012 e 2013.
“Crianças que experimentam a vida sem
um lar são mais frequentemente famintas, doentes e preocupadas sobre onde serão
sua próxima refeição e cama; elas se perguntam se terão um teto à noite e o que
acontecerá com suas famílias. As crianças nestas condições desenvolvem-se mais
lentamente. Muitas têm problemas na escola, têm faltas, repetem de ano e até
mesmo abandonam a escola completamente”, diz o relatório.
Símbolo-mor
do “sucesso” do capitalismo e tida como a “terra das oportunidades”, os EUA têm
atualmente um dos maiores índices relativos de pobreza infantil do mundo
desenvolvido. No último informe da Unicef sobre bem-estar infantil, de 2013, os
Estados Unidos apareciam em 26º lugar em uma lista de 29 países. Só ganhavam da
Lituânia, Letônia e Romênia. A Holanda aparecia em primeiro lugar, ao lado de
outros quatro países nórdicos.
Aproximadamente
metade de todos os vales-refeição (food stamps) concedidos pelo governo dos EUA
são para crianças. Em 2007, 12 de cada 100 crianças estavam vivendo de
vales-refeição. Hoje são 20 em cada 100. O fotógrafo Craig Blankenhorn
dedica-se a fotografar
famílias sem-teto EUA
afora. As imagens são melancólicas e desoladoras, sobretudo quando se sabe que
não se trata de um país do “terceiro mundo”, mas da maior economia do planeta.
Em janeiro deste ano, 138 mil
crianças estavam casa. É o mesmo número de famílias que aumentaram suas
fortunas em 10 milhões de dólares por ano desde a recessão. O país também
patina na pré-escola. Enquanto numerosos estudos demonstram que a pré-escola
ajuda as crianças a aprender e a fazer de forma mais tranquila a transição para
a fase adulta, os EUA estão indo na direção oposta de outros países
desenvolvidos e cortando recursos para o setor.
O
mais chocante é descobrir que somente duas nações do mundo deixaram de
ratificar a convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança: Sudão do
Sul e Estados Unidos. Significa.
O
que será que a direita propõe para acabar com a pobreza infantil no país mais
rico do mundo? Meritocracia? Se eles defendem que um menino de 16 anos pode ir
para a cadeia junto com adultos, com que idade acham que podem começar a
trabalhar?
(Com
informações do Alternet)
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