O Cafezinho: Em vídeo bomba, advogados enfrentam Moro em audiência da Lava Jato e o acusam de conduzir um processo ilegal
Advogados acusam Moro de conduzir um processo ilegal
Uma
leitora amiga me manda um vídeo impressionante, que traz os advogados de
Fernando Soares, um dos réus da Lava Jato, protestando veementemente contra as
artimanhas do Ministério Público e do juiz Sergio Moro para enganar a defesa e
manipular o processo.
A
cena do vídeo é uma sala da 2ª Vara Federal de Curitiba, e os personagens
principais são Sergio Moro, dois advogados de defesa, e um procurador que não
aparece no vídeo.
Em
determinado momento, um dos procuradores ofende o advogado, falando em chicana.
Joaquim Barbosa, realmente, fez escola.
O
advogado, porém, responde à altura.
São
dois advogados. O segundo a falar é Nelio Machado, um dos maiores criminalistas
do país, que denuncia: nunca, diz ele, em 30 anos de profissão, testemunhei um
desrespeito tão gritante à Constituição e ao direito da defesa.
Machado
falou que até mesmo a Constituição do Estado Novo, de inspiração fascista,
trazia garantias na lei que respeitavam a defesa dos réus, garantias estas que
Sergio Moro tem agredido sistematicamente, com vistas a promover, sabe-se lá
com que intenções, um circo midiático-judicial.
(Sobre Nélio Machado, ler esse post,
do professor Rogério Dultra).
Talvez
Moro tenha intenção de seguir o exemplo de Ayres Brito e escrever o prefácio do
próximo livro de Merval Pereira, e ganhar uma sinecura de luxo no Instituto
Innovare, da Globo.
Machado
explica ainda ao procurador mal educado e ignorante que o Ministério Público,
segundo a Constituição cidadã de 88, tem como dever auxiliar a justiça. O
procurador não é um justiceiro cuja função é apenas acusar. Sua função não é
ver o réu como um “inimigo” a ser esmagado a qualquer custo. Não. Sua função,
assim como a do advogado, é a de defender a lei.
“Não
existe hierarquia entre advogado e Ministério Público, ambos são auxiliares da
lei”, ensinou Machado.
O
vídeo é uma bomba.
É
notório, no vídeo, que Sergio Moro não atua como magistrado, mas como um
rancoroso beleguim, um verdadeiro inimigo do réu e dos advogados de defesa,
imitando o estilo Joaquim Barbosa.
Emblemático
que ambos, Joaquim Barbosa e Sérgio Moro, tenham ganho o prêmio Faz Diferença
da Globo. Quer dizer, prêmio não. Propina. O prêmio Faz Diferença deveria ser
encarado como propina e os magistrados que o recebem deveriam ser acusados de
corrupção, porque é um prêmio que vale mais que dinheiro. Com esse prêmio em
mãos, os magistrados podem ganhar dinheiro como celebridades políticas, fazendo
palestras pagas com dinheiro público, como está fazendo, sem nenhuma vergonha,
Joaquim Barbosa.
Qualquer
um pode ganhar prêmio: políticos, empresários, artistas. Juiz não. Juiz não
deve ganhar nenhum prêmio. O que ele faz é um dever público, uma obrigação,
pela qual recebe os maiores salários e as maiores regalias oferecidas pelo
contribuinte a um servidor: almoço, transporte, habitação até roupa grátis,
longas férias anuais.
Por
tudo isso, juízes tem de ser sérios, moderados e justos. Nunca devem se deixar
levar por pressões de mídia e jamais devem se portar como acusadores ou
inimigos dos réus.
A outra notícia bombástica é um regaste de uma informação
publicada, ano passado, num dos blogs da Carta Capital.
O
post confirma uma denúncia que já fizemos aqui, com base num depoimento de
Roberto Bertholdo, advogado condenado na 2ª Vara Criminal de Curitiba, onde
atua Sergio Moro.
Segundo consta em matéria da
Folha de 11 de março de 2006, Bertholdo
declarou que seria “condenado por um esquema montado na 2ª Vara Federal
Criminal, que criou a ‘indústria da delação premiada’. Segundo ele, Youssef
entregou doleiros no Brasil inteiro e se apropriou de seus clientes.”
Eu
gostaria de saber: nenhum jornal jamais quis saber a validade dessa denúncia?
Que indústria da delação é essa? E que história é essa de que o esquema foi
montado dentro da 2ª Vara Federal Criminal, a mesma onde atuava e atua Sergio
Moro?
Não
vale falar que Bertholo é um condenado. Se a voz de Youssef é ouvida pela
justiça, pelo ministério público e pela imprensa, porque não ouvir Bertholo?
A matéria
publicada num dos blogs da Carta
Capital, o blog do Serapião, confirma a denúncia
de Bertholdo.
Youssef
delatou os principais doleiros do país, por ocasião da “delação premiada” que
lhe foi oferecida por Moro e pelos mesmos procuradores que hoje integram esta
conspiração judicial em que se transformou a Lava Jato.
O
doleiro vem operando, há tempos, como o personagem da série Black List,
estrelada por James Spader: manipulando a delação para jogar o Estado contra
seus inimigos e concorrentes, e beneficiar a si mesmo.
O
“prêmio” que Youssef obteve, após suas primeiras delações, feitas em 2003, para
o mesmo Sergio Moro, não foi uma mera redução de pena. Foi muito mais! Youssef
tornou-se o maior doleiro do país, e ampliou suas conexões ilegais com figuras
estratégicas da elite política.
É
incrível que depois de ter feito isso, Youssef ainda tenha credibilidade na
mídia e lhe seja oferecida novamente o privilégio da delação premiada, pelo
mesmo Sergio Moro e pelos mesmos procuradores!
A
indústria da delação premiada não só dá lucro como parece ser intocável! O
sujeito delata seus concorrentes, conta um porção de mentiras à justiça, é
solto, volta a roubar, agora na condição de maior doleiro do país, e se torna
um heroi da mídia, sendo paparicado novamente por um juiz supostamente vingador
e procuradores midiáticos (os mesmos da primeira delação!), e tudo porque
aceita representar, com seu imenso talento para manipulação e a mentira, o
papel de pivô de uma conspiração judicial.
A
Lava Jato é uma repetição grotesca do que aconteceu na Ação Penal 470, e traz
vários personagens repetidos, a começar por Sergio Moro, que escreveu o texto
fascistoide com o qual Rosa Weber condenou Dirceu: aquele que traz uma frase
que resumirá toda uma era de arbítrios midiático-judiciais: “Não tenho provas
contra Dirceu, mas vou condená-lo porque a literatura assim me permite”.
Crédito do vídeo: Nilton Araújo. O original, mais longo,
foi publicado no site Consultor Jurídico.
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