DEPUTADO APONTA PROPINA DA ODEBRECHT EM 1980 - É A MERDA VIRANDO BONÉ
247 - O deputado federal Jorge
Solla (PT-BA) entregou nesta quinta-feira (17) à CPI da Petrobras cópias de
documentos da contabilidade extraoficial da Odebrecht do fim da década de 1980,
que aponta pagamento de propina para políticos como percentual das obras executadas
pela empreiteira naquele época. O material original foi entregue ao delegado
Bráulio Cézar Galloni, coordenador-geral da Polícia Fazendária, na sede da
Polícia Federal, em Brasília.
Na
lista, há políticos aposentados e parlamentares que estão na ativa, como o
também deputado federal baiano Antônio Imbassahy, do PSDB, que é membro da CPI
e é identificado com o codinome de 'Almofadinha', listado como beneficiado da
obra da barragem de Pedra do Cavalo, na Bahia.
Imbassahy
foi diretor-presidente da Companhia de Eletricidade da Bahia (Coelba). Ele
ficou no cargo entre 79 e 84, cinco dos seis anos de execução da obra. Neste
mesmo período ele foi também membro e depois presidente do Conselho da
Companhia do Vale do Paraguaçu, a DESENVALE, estatal que contratou a obra.
Entre
os mais conhecidos, estão o senador Jader Barbalho (PMDB), o ex-ministro Edson
Lobão (PMDB), o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio (PSDB), do ex-deputado João
Agripino Maia Neto, do empresário Fernando Sarney, do deputado José Sarney Filho
e da ex-governadora Roseana Sarney. Na lista, o PMDB de Recife aparece
relacionado com a obra do metrô de Recife. Aparecem também os nomes de cinco
ex-governadores e dois ex-senadores que já saíram da política.
O
presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Aroldo Cedraz, aparece na
lista com codinome de 'Toldo', e está vinculado à Adutora do Sisal. Na época,
ele ocupava o cargo de presidente da Companhia de Engenharia Rural da Bahia
(CERB) e secretário de recursos hídricos e Irrigação da Bahia.
Um
dos beneficiados no esquema, conforme consta nas ordens de pagamento da
Odebrecht, é o tio do ex-presidente peruano Alan Garcia, que ocupou o cargo de
presidente entre 1985 e 1990 e entre 2006 e 2011. Identificado nos documentos
como Pescoção, Jorge Ramos Roncero aparece em ao menos duas notas de pagamento
com valores de US$ 900 mil, que foram depositados em contas na Suíça e Bahamas.
A obra referente a propina no Peru foi a da construção da usina de Charcani V.
No
projeto do terminal de passageiros 2 do Aeroporto Galeão, no Rio, o
major-brigador Lauro Ney Meneses, que foi comandante da Aeronáutica, é listado
com o codinome 'Positivo'. Segundo as anotações, ele teria recebido 2% sobre
uma ordem de pagamento, o que somava 5,5 milhões de cruzados.
Na
lista consta também obras como o metrô de Recife, a Ponte de Vitória, os Canais
de Cuiabá, o Porto de Natal, o esgotamento de Rondonópólis, no Mato Grosso, a
ponte Colatina, no Espírito Santo, BR-163, BR-101, Transmaranhão, e usina de
Capanda, em Angola. Na década de 80, a estatal Furnas prestou assessoria
técnica na obra da usina de Capanda, que foi construída pela Odebrecht. Na
lista dos beneficiados com repasses que variam entre 10 e 33 mil dólares estão
quatro funcionários de alto escalão de Furnas.
Entre
os políticos aposentados ou já falecidos, aparecem nomes como o de Cesar Cals,
ex-ministro de Minas e Energia, Ary Valadão, ex-governador de Goias e Gerson
Camata, ex-governador do Espírito Santo. O ex-senador Lazaro Barbosa (PMDB)
aparece como Paris. Nas anotações há um pedido de entrega para ele em Brasília
de 112 mil dólares. O ex-parlamentar era de Goias e a obra, a usina de
Cachoeira Dourada.
Na
lista também tem um Transporte de Massa Salvador, que foi a elaboração do
projeto de transporte público pra capital baiana, apresentado como uma proposta
de VLT. O projeto foi encomendado pelo poder público à Odebrecht. "Nada
foi construído, mas segundo os antigos contabilistas da Odebrecht, dinheiro
público foi pago e desviado por propina", destacou Solla.
O
deputado relatou como se dava o pagamento de propina. "As pessoas que me
entregaram este material me contaram que a distribuição de propina se dava por
depósito bancário – na agência do falido banco Econômico que tinha dentro da
sede da Odebrecht, em Salvador – mas também na calada da noite. Das 9 horas da
noite às 2 da manhã era a hora que os políticos e agentes públicos envolvidos
no esquema iam pegar suas caixinhas de camisa recheadas de dólar", disse
Solla na sessão da CPI da Petrobras.
O
petista destacou que boa parte dos pagamentos era feito em dólar, como consta
nas anotações. "Mesmo para obras realizadas no Brasil, havia a orientação
escrita para transformar em dólar black e pagar. Para quem não lembra, o dólar
black era o dólar do mercado negro, era comercializado ao arrepio da lei, por
quem praticava contravenção", disse.
Segundo
Jorge Solla, os políticos que interessavam a Odebrecht pagar propina
regularmente eram direcionados para a DGU (Diretoria-Geral da empresa), sem
vinculá-los a nenhuma obra.
"Vamos
parar com esse conto da carochinha que vocês e o pessoal lá de Curitiba querem
contar para a população, porque não convence mais ninguém. Empreiteira pagar
propina a agentes públicos e políticos como percentuais em cima de obras, a
gente está vendo aqui, é mais velho que nossa democracia", disse Solla.
Comentários
Postar um comentário
comentário no blogspot