ANDRADE, POUPADA POR MORO, CAI NA MIRA DE JANOT
Poupada pela força-tarefa que conduz a Operação Lava Jato, a
Andrade Gutierrez, uma das maiores empreiteiras do País, e a maior doadora à
campanha do senador Aécio Neves (PSDB-MG), com R$ 20,3 milhões, caiu na mira do
procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
Isso porque, em sua delação
premiada, Alberto Youssef narrou como recolheu propinas de R$ 1,5 milhão na
empreiteira, a pedido do lobista Fernando Baiano, para realizar pagamentos a
parlamentares do PP. Segundo Youssef, Baiano era 'muito próximo' ao presidente
da empresa, Otávio Azevedo, que já foi presidente do conselho de Administração
da Oi e é um dos executivos mais conhecidos do País. O valor teria sido
retirado, segundo Youssef, em malas de dinheiro.
Diante das evidências de
envolvimento com os fatos que vêm sendo apurados, Janot decidiu ouvir Azevedo e
outros executivos da Andrade Gutierrez nos inquéritos que correrão no Supremo
Tribunal Federal. Além da delação de Youssef, a empresa também foi envolvida
nos depoimentos de Paulo Roberto Costa. O ex-diretor da Petrobras afirmou que a
empreiteira colocou US$ 4 milhões à sua disposição no banco Vilarte, de
Lichtenstein, segundo reportagem de Fábio Pupo e André Guilherme Vieira, no
jornal Valor Econômico (leia maisaqui).
A proximidade entre a Andrade e
o senador Aécio, que concorreu à presidência da República pelo PSDB, se deve ao
acordo de acionistas da Cemig, a jóia da coroa mineira. Na gestão de Eduardo
Azeredo, a gestão da empresa foi transferida, por valor simbólico, à empresa
americana AES. Quando Itamar Franco assumiu o governo de Minas, retomou o
controle da empresa. Depois, nos governos dos senadores Aécio e Antonio
Anastasia, voltou-se à situação anterior. Primeiro, a Andrade comprou as
participações da AES. Em seguida, conseguiu mudar o acordo de acionistas da
Cemig, passando a ter poder efetivo na administração da empresa.
Na Lava Jato, praticamente todas as empreiteiras do País foram
citadas nas delações premiadas, mas duas das maiores, Andrade Gutierrez e
Odebrecht, não tiveram executivos presos nem submetidos à pressão para fazer
delações premiadas.
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