Que fazer com o professor que chama Lula de larápio e Dilma de bucéfala?
André Márcio Murad: desonesto sem limites
Boa parte do ódio que
domina a classe média conservadora brasileira se multiplica nas redes sociais,
notadamente o Facebook.
É o
ódio gerando mais ódio, como gravetos lançados a uma fogueira.
O
que mais chama a atenção não é a virulência das agressões – mas a completa
impunidade que os predadores digitais encontram para caluniar suas vítimas.
Um
caso exemplar é o do médico André Márcio Murad, professor da UFMG.
Ele
fez de sua página no Facebook uma fábrica incessante de ataques virulentos a
Lula, Dilma e ao PT.
Lula
é larápio, Dilma é bucéfala e jumenta, o PT é uma organização criminosa.
Num
determinado momento, ele avisou no Facebook que era a favor de um golpe militar
urgente.
Suas
postagens furiosas foram postadas e reproduzidas livremente até o DCM
noticiá-las ontem, depois que um leitor nos informou sobre elas.
Murad
removeu sua página imediatamente. Sua valentia terminou abruptamente.
Murad
é um entre tantos que estimulam o ódio entre os brasileiros.
A
grande questão aí é: por que ninguém coíbe esse tipo de comportamento
criminoso?
Os
advogados do PT não fazem nada? E os do governo?
O
mínimo que se deve fazer, nestes casos, é dizer ao agressor: você vai ter que
responder na Justiça por me chamar de ladrão.
Se
Murad estivesse postando coisas racistas, ele já estaria encrencado na Justiça
há muito tempo. O que ele faz – como tantos outros assemelhados — não é um
crime menor. É, apenas, diferente.
Não
se pode tolerar.
Imagino
o que ocorreria com ele se fosse britânico e postasse acusações contra o premiê
David Cameron. Quantas horas ele teria entre a primeira postagem e uma dor de
cabeça jurídica que rapidamente o levaria à cadeia?
Poucas,
poucas.
No
Brasil, reina a impunidade.
Curiosamente,
os conservadores se defendem muito bem. Ali Kamel, por exemplo, processou
Miguel do Rosário, do Cafezinho, por ter sido chamado de “sacripanta”, um
elogio entusiasmado diante do que Murad fala de Lula e de Dilma.
É
preciso civilizar as redes sociais, em nome do interesse público. Abutres não
podem se servir delas para promover um estado de espírito bélico na sociedade.
Nas
palavras de um estadista britânico que se bateu contra barões da mídia, a
liberdade sem responsabilidade é atributo, ao longo dos tempos, das marafonas.
Você
pode ter liberdade para escrever o que quiser – desde que assuma a
responsabilidade pelo que disse.
Que
Murad faria se alguém começasse a usar contra ele os adjetivos que ele emprega
contra Lula?
Iria
chamar um advogado e processar o ofensor, naturalmente.
É
isso que todo mundo deve fazer.
Repito:
em nome do interesse público. Reprimir a selvageria irresponsável e irracional
de pessoas como Murad é um passo essencial para mitigar o ódio que mancha e
divide o país.
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