A conexão Serra-Matarazzo no caso do jornal anti Haddad e no blog ‘Implicante’. Por Kiko Nogueira
O caso do panfleto anti-Haddad produzido pelo vereador
Andrea Matarazzo, prefeiturável do PSDB em São Paulo, obedece a um modus
operandi de seu mentor e melhor amigo José Serra.
Segundo a Folha, foram gastos,
oficialmente, 13 mil reais para imprimir 55 mil exemplares de um tabloide com
oito página denominado “Nova Cidade”. O dinheiro foi tirado da verba anual de
239 062,56 destinada a “serviços gráficos, assinaturas e materiais de
escritório”.
Segundo as normas da Câmara Municipal,
esse tipo de material precisa ter “caráter educativo, informativo ou de
orientação social”. É permitida a criação de um jornal para divulgação de
atividades institucionais “desde que não haja promoção pessoal de qualquer dos
vereadores por meio desse veículo de comunicação”.
O pasquim automopromocional tem fotos
de Matarazzo triunfante em todo lugar. O editorial, assinado por ele, diz que
“nos últimos dois anos, a vida na cidade piorou muito, graças a uma gestão
ineficiente e sem noção de prioridades”.
Uma das matérias denuncia que São
Paulo tem número recorde de queda de árvores, para emendar que Matarazzo propôs
um projeto de lei para diminuir os processos de poda. Sobra também para as
“ciclovias do absurdo”. O expediente traz o nome de cinco jornalistas, quatro
repórteres e uma editora, todos eles lotados no gabinete do pessedebista.
A gráfica é a do Estadão. O repórter
do DCM Pedro Zambarda fez um orçamento de uma publicação nos mesmos moldes. O
valor foi de 4,1 mil reais, quase 9 mil a menos. Esse montante teria pago o
trabalho do time.
A assessora de imprensa de Andrea, Bia
Murano, editora do panfleto, acha que não há “nenhum problema ético” e que,
pelo chefe ser de oposição, é natural que ele seja “mais crítico com o
prefeito”.
É um uso espúrio de dinheiro público. As digitais de AM
estão também em outra história recente: a do Implicante, o site de difamação
feito pela agência Appendix, contratada por Alckmin por 70 mil reais mensais
para “serviços de comunicação da secretaria da Cultura”.
Ex-subprefeito da Sé na gestão Serra e
secretário de Kassab, Andrea foi secretário estadual de Cultura entre 2010 e
2012, quando saiu para a vereança, mas deixou sua equipe (ganha um sorvete quem
souber o nome do atual secretário). Eles eram chamados, segundo um pessedebista
histórico, de “menudos”.
Uma destas pessoas é Cristina
Ikonomidis, que também passou pela Secretaria de Cultura,
foi secretária-adjunta de Comunicação Institucional do governo Serra e
hoje é sócia da Appendix. Bia Murano gravou em 2010 um depoimento sobre
Serra no YouTube, afirmando que o conhece “desde a infância” e que guarda “com
carinho um presente muito especial que recebeu dele” — uma autógrafo numa cópia
da Constituição.
Em setembro do ano passado, Andrea
Matarazzo organizou uma coletiva de Aécio Neves com donos de mais de 80 jornais
de bairro da capital. “Na semana seguinte, todos eles tinham anúncios da
Secretaria de Cultura”, disse um desses empresários ao DCM.
O jornal detonando a prefeitura, que o
contribuinte paulistano ajudou a lançar, é um aperitivo do que Matarazzo ainda
fará até 2016. José Serra, o homem do “Pó Pará, governador?”, fez escola.
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