SEMINÁRIO REFLETE SOBRE CONCENTRAÇÃO, PODER E HEGEMONIA DA GLOBO
Fechando
a maratona de atos de descomemoração dos 50 anos da Rede Globo, o Centro de
Estudos de Mídia Alternativa Barão de Itararé realizou, nesta segunda-feira
(27), seminário “Rede Globo: 50 anos de poder e hegemonia”. O evento reuniu
pesquisadores, estudantes e ativistas em torno a construção e consolidação do
império Globo.
Dividido
em dois momentos, o seminário debateu na parte da manhã a construção do império
global que contou com a presença do professor César Bolaño (Observatório de
Economia e Comunicação – OBSCOM), o professores da Universidade Federal do Rio
de Janeiro – UFRJ Marcos Dantas e professora Suzy Santos.
A
segunda parte do seminário versou sobre o papel dos telejornais, com foco na
produção da informação e na manipulação escancarada. Esse debate foi conduzido
pelo Luciano Martins Costa, editor do Observatório de Imprensa, e a jornalista
Laura Capriglione, do Movimento "Jornalistas Livres" e site A Ponte.
Mercado
oligopólico
Durante
sua fala, Bolaño destacou que os impactos da Rede Globo no campo da cultura e
seus reflexos no desenvolvimento do país. “Ao ser criada, a Globo rompe com o
modelo concorrencial. Somente com a Globo é que observamos a
institucionalização de um mercado oligopólico de TV. É com ela que a cultura
brasileira é empacotada e transformada em mercadoria”, salientou.
Segundo
ele, “a Rede Globo consolida uma visão de mundo, modelando gostos, empacotando
a audiência, que é o seu real negócio. Ao enraizar seu padrão de qualidade, ela
[Rede Globo] realiza um movimento estratégico o qual barra a entrada de outros
capitais no mercado”.
Comunicação,
cultura e desenvolvimento
Na
mesma linha, a pesquisadora Suzy Santos atualizou que hoje a Rede Globo se
constitui como Grupo globo, que comporta a Rede, Fundação Roberto Marinho,
espaços de representação (globo universidade, globo ciência, etc). Ao falar da
relação da Rede com o campo político, Suzy Santos falou da posse ilegal de
concessões por parte de políticos, o que denominou como “coronelismo
eletrônico”.
Ela
também falou da importância e desafio de se estudar a estruturação do mercado
de televisão no Brasil. A ausência de informações sobre a concentração da mídia
e de suas relações com o campo político dificulta o processo de construção do
real impacto da rede no processo de desenvolvimento do país, especialmente, no
processo de consolidação das noções de cultura e comunicação enquanto vetores
do processo”.
Padrão
alternativo, qual buscamos?
Ao
avançar na reflexão, Marcos Dantas destacou a importância de, diante a
concentração e poder da Rede Globo, pensar caminhos alternativos para enfrentar
essa conjuntura. “Pensar alternativas precisamos refletir sobre uma série de
questões centrais e complexas”. E destacou a contribuição do Relatório
MacBride, que já ali propunha o desafio de universalizar a cultura, pensar a
comunicação de um ponto de vista estrutural e sua influência com no
desenvolvimento.
Dantas
destaca que “numa sociedade capitalista, a apropriação dos bens se dá nos
marcos do sistema vigente. Os meios de comunicação de forma geral servem ao
capitalismo. Esse sistema de comunicação desde que foi criado, lá pelos idos
dos anos 1920, tem como principal objetivo construir uma sociedade de consumo,
de venda de mercadorias”.
E
completou: “Como quebrar o padrão ideológico instituído pelos grandes players
da mídia? Como fomentar o pensamento crítico no seio social?”, questionou o
pesquisador ao aponta a complexidade de pensarmos alternativas ao sistema.
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