DEMISSÕES EM O GLOBO - A CRISE REAL DE QUEM CONSTRÓI CRISES FICTÍCIAS
por Fernando Brito - no Tijolaço
O Infoglobo está demitindo jornalistas,
hoje, em número ainda não conhecido, mas que deve passar de 30, cota do
último corte nas redações de O Globo, Extra e Expresso,
há seis meses, quando mandou para a rua 160 funcionários de diversos setores.
Ontem,
alguns já receberam o “bilhete azul”, entre eles o excelente Marceu Vieira, bom
amigo a quem não vejo talvez há uma década, um dos mais gentis profissionais
com quem convivi.
Ao
ler a informação no site Conexão Jornalismo, um dos comentários, de Cláudio
Cordovil, chamou-me tristemente a atenção:
“O que
me parece mais triste e perverso é que O Globo demandou destes profissionais
que cavassem , lentamente, as covas nas quais seriam enterrados , ao defenderem
e representarem uma linha editorial que contribuiu determinantemente para levar
esse país à recessão como profecia auto-cumprida.
Que possam aprender esta amarga
lição para reinventarem se sim como seres políticos, que não vão como plácidos
cordeiros para o forno crematório. A maior das reinvencoes, na terra do ‘Sim, Sinhô’ , é saber dizer não.
É se unir como categoria, e fugir de Sobibor, quando possível.(Nota do Tijolaço: um
campo de extermínio alemão, localizado na Polônia, onde aconteceu a única
revolta relativamente bem-sucedida de prisioneiros nazistas, onde
algumas centenas deles conseguiram escapar, embora a maioria tenha sido morta).
O problema é que é
dificílimo fugir de Sobibor. Bons salários são emolientes de
consciências. Desejo sorte aos demitidos. É que possam pensar na cova que
sistematicamente cavaram a cada dia. Alfabetização política eh necessária
quando vamos ficando grandinhos.
O que me parece mais grave é
ver que no Brasil estão conseguindo destruir uma profissão altamente valorizada
em países verdadeiramente desenvolvidos. Agradeçam ao Aécio, e a Joaquim
Barbosa, e a Moro.”
A
alternativa de outras mídias, como os blogs que cresceram em audiência mas são
cada vez mais malditos, vivendo à míngua de publicidade – que jorra de
cofres públicos e privados para os jornalões – não existe, porque não temos
como contratar colegas que nos permitam ser maiores e melhores.
Vivemos,
como se diz nas Alagoas de meus avós paternos, “da mão para a boca”.
Somos
“sujos”, “vira-latas” e o pouquinho que a um ou outro se concede anunciar vira,
pelas mão de quem está ou se acha bem aboletado numa grande redação, resultado
de “favoritismos políticos” que merecem, até, a fúria de gente mais que bem
aquinhoada de privilégios, como o Ministro Gilmar Mendes.
Ainda
assim, somos solidários. E a derrocada dos grandes jornais, caindo pelo abismo
que cavaram com seus pés, deixa triste quem ama o jornalismo, feito por
jornalistas, ainda que controlado pelas corporações.
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