Administração tucana pode levar universidades do Paraná à falência
Os professores da rede estadual já entram na terceira semana de greve
As sete universidades
estaduais do Paraná correm o risco de não iniciar as aulas na data prevista
este ano porque não há orçamento nem para manter as necessidades básicas como
limpeza, contas de água, luz, telefone, manutenção e vigilância. “O estado está
quebrado”, afirma pró-reitora de Graduação da Universidade Estadual do Paraná,
Liliam Faria Porto Borges.
Por Mariana Serafini
Em 2014 o Estado não
encaminhou todo o orçamento de custeio das universidades estaduais. A
expectativa era que o restante fosse depositado no início deste ano. No
entanto, o secretário da Fazenda do Paraná, Mauro Costa, anunciou que governo
não vai disponibilizar orçamento de custeio este ano. Ou seja, as universidades
não têm condições de abrir as portas.
Para
Liliam, este corte de recursos não se trata apenas de “contingência da crise
financeira, é uma concepção de organização dos tucanos”. “O que nos assusta com
relação à universidade é olhar a experiência tucana de São Paulo e ver que o
Paraná começa a desenvolver os mesmos moldes de lógica na Educação”, diz.
Ela
cita a falência das universidades estaduais paulistas e garante que no Paraná
os servidores estão atentos às tentativas do governador Beto Richa de trilhar
este mesmo caminho. Trata-se de uma lógica de governar do PSDB que vê
investimentos sociais como gastos, tenta reduzir o Estado fazendo cortes em
diversos setores para aumentar o lucro do capital, explica a professora.
Na
tarde desta terça-feira (24) os sete reitores se reuniram com representantes do
governo do Estado para tentar solucionar a crise. Até o fechamento desta
reportagem não havia uma resolução. Em frente ao Palácio Iguaçu, onde acontece
a reunião, milhares de professores de todas as regiões do estado fazem uma
grande manifestação.
O
professor Odair Rodrigues, que é secretário geral da APP-Sindicato no núcleo
metropolitano Sul, participa da manifestação e afirmou que a resistência dos
servidores públicos do Paraná se torna uma referência nacional. “Sabemos que
esses pacotes de austeridade estão sendo debatidos em outros lugares também,
estamos vigilantes com relação a essas medidas neoliberais que o governo tenta
implementar”.
Odair
afirma que o governador Beto Richa tentou utilizar o fundo da previdência
social dos professores, acumulado nas últimas três décadas, que atualmente está
em aproximadamente R$ 8 bilhões, porque o Estado está falido, não tem
absolutamente nenhum orçamento em caixa. “Neste segundo governo do Richa os
quadros não têm competência técnica para tratar servidores públicos, eles têm
uma pauta extremamente neoliberal”, aponta.
A
professora da rede estadual em Foz do Iguaçu, no interior do estado, Paola Oliveira,
é incisiva ao afirmar que a greve continua e o grande desafio é manter a
determinação dos professores que já entram na terceira semana de paralisação.
Segundo ela, Foz é a única cidade do interior que conta com um acampamento de
greve escalonado para funcionar 24 horas. “Os pais dos alunos e os próprios
estudantes têm ido ao acampamento e a comunidade de um modo geral está apoiando
a greve”.
Os
professores da rede estadual estão em processo de negociação com o governo do
Estado que ainda não atendeu a todos os pontos de reivindicação. As medidas do
“pacotaço”, que incluíam utilizar os recursos da previdência dos servidores
para complementar o orçamento do Estado foram retiradas de votação depois de
intensas manifestações, mas ainda há uma série de pontos da pauta a serem
negociados.
Hoje, quarta-feira (25), haverá mais um grande ato dos professores em Curitiba e em
várias cidades do Paraná.
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