O juiz do Porsche tem direito de defesa ou vamos metê-lo numa cela da PF?
Texto de Fernando Brito, no Tijolaço
O Dr. Flávio Souza, colega e aluno da escolinha do Dr. Sérgio Moro, mostrado
ontem cedo aqui, horas depois foi flagrado dirigindo, gostosamente, o Porsche
apreendido de Eike Batista, além de guardar, com alto espírito público, uma
picape do empresário na garagem do seu prédio.
Ele,
o juiz vingador, que ameaçava “esmiuçar a alma” do réu, “pedaço por pedaço”
parece ter começado pelo pedaço mais agradável e invejado.
Eike
decorava a sala de sua casa com um Lamborghini, o Dr. Flávio parece ter
preferido decorar o Fórum com o carrão.
Abriu-se
contra ele uma sindicância, não um processo criminal por peculato.
Muito
menos fez-se a prisão – neste caso em flagrante, porque o carro ali estava, no
momento da denúncia – contra o magistrado.
Ao
contrário, o Juiz Flávio ainda tem a caradura de dizer à Folha que isso é praxe.
“É absolutamente normal, pois comuniquei em
ofício ao Detran que o carro estava à disposição do juízo. Vários juízes fazem
isso.”
Será
que os valentes integrantes do Ministério Público vão pedir a prisão provisória
de Sua Excelência, numa cela coletiva com “privada em público” até que ele
confesse, talvez em “delação premiada” que são os outros “vários juízes (que)
fazem isso”?
Não
seria o caso de um “ato exemplar” de Justiça?
Terá
o Dr. Flávio o privilégio que não teria, certamente, o funcionário da garagem
do Tribunal se decidisse “dar uma voltinha” com o possante?
Não,
o Dr. Flávio deve responder por seus atos como qualquer pessoa e não pode ser
coagido, pela prisão, a delatar os outros juízes bandalhos.
Tem o
direito que não se lhe “esmiuce a alma”, mas apenas seus atos.
Pois,
meu caro amigo e querida amiga, o Dr. Flávio é um ser humano e um cidadão e não
deve ser submetido a ilegalidades, não importa o quão imoral tenha sido o ato
praticado. O critério para a prisão é o da periculosidade e o de ter capacidade
de impedir ou distorcer a investigação do crime, o que até se poderia alegar
neste caso, “forçando a barra”.
Quando
publiquei o post de ontem, saltava aos olhos que o Dr. Flávio havia perdido o
decoro ao sair da posição de juiz isento e austero para a de “vingador da
corrupção”.
E o
decoro, como se sabe, é a antessala da violação.
Por
isso, caro amigo, quando encontrar um moralista arrogante, que se quer mostrar
“paladino da honestidade”, cuide da carteira e prepare o estômago.
E
lembre que o Vinícios de Moraes, há uns 50 anos, cantou: “O homem que diz
“sou”, não é!”
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