Entenda tudo sobre o caso dos vazamentos do HSBC
Segurança privado em frente à sede do HSBC na Suíça: o banco está sob grande pressão
A filial suíça do banco é acusada de ignorar crimes de clientes e ajudar milhares de correntistas a sonegar impostos em seus países
.
Que caso é esse dos vazamentos do HSBC?
O que aconteceu?
O jornal inglês The Guardian e outros órgãos da imprensa (como o
francês Le Monde) vazaram
documentos internos da filial suíça do banco inglês HSBC, que mostram que essa
instituição ajudou 106 mil clientes com contas secretas a sonegar impostos no
valor de 120 bilhões de dólares (334 bilhões de reais) entre 1988 e 2007.
Segundo os documentos divulgados, o banco orientava seus clientes a fugir de
impostos e permitia que sacassem grandes quantias em dinheiro, o que sugere que
o HSBC ajudava essas pessoas a transportar quantias sem declará-las,
facilitando crimes como a lavagem de dinheiro. Além disso, ajudou a manter
contas secretas, para evitar que clientes ricos tivessem de pagar imposto de
renda. E ainda abriu contas para criminosos e corruptos.
Quem vazou os documentos?
Um ex-funcionário do HSBC, chamado Hervé Falciani. Ele
trabalhava no setor de Tecnologia da Informação (TI) da empresa. O The Guardian diz que as autoridades de vários
países já conheciam esses documentos desde 2010, mas o caso só foi divulgado
agora.
Quem está divulgando essas informações?
O International Consortium of Investigative Journalists (ICIJ), Consórcio Internacional de
Jornalistas Investigativos), que compartilhou os dados com 140 jornalistas de
vários países.
Que crimes foram cometidos? Por quem?
A princípio, sonegação de impostos. Muitas dessas contas não
eram declaradas pelos donos em seus países de origem. É o caso dos pilotos de
Fórmula 1 Fernando Alonso e Michael Schumacher. Ambos guardam suas fortunas no
banco e podem ser processados.
Existem brasileiros envolvidos?
Sim. Segundo o ICIJ existem 6.606 contas relacionadas ao
Brasil, que somam juntas mais de 7 bilhões de dólares (19 bilhões de reais). Na lista dos que têm conta
no banco está o banqueiro Edmond J. Safra, morto em 1999. Segundo o site do
ICIJ, os representantes da viúva dele disseram que todas as contas serviram
apenas para propósitos legais. A família Steinbruch, dona da indústria têxtil
Vicunha, manteve 464 milhões de dólares no HSBC entre 2006 e 2007. Também foram
divulgados os nomes de 11 envolvidos na Operação Lava Jato, que investiga casos
de corrupção na Petrobras. O jornalista Fernando Rodrigues, do UOL, escolheu, por enquanto,
divulgar apenas os nomes dos investigados na Operação Lava-Jato, preservando os
demais. Citou Fernando Barusco (ex-gerente da petroleira), o doleiro Henrique
Raul Srour e oito pessoas da família Queiroz Galvão.
Se existem tantas contas do Brasil, por
que só esses nomes foram divulgados?
Não está claro. Rodrigues é um dos jornalistas com quem o
ICIJ tem trabalhado e imagina-se que ele tenha acesso a mais nomes, senão à
lista completa. O que se sabe é que a mídia internacional tem revelado o
envolvimento de grandes empresários, atletas, políticos e artistas. No site do
consórcio de jornalistas há uma lista que
pode ser acessada.
Todas as pessoas que têm contas no HSBC
da Suíça cometeram crimes?
Não. Muitas dessas 106 mil contas são legítimas. As
autoridades europeias e americanas ainda estão investigando para saber se houve
sonegação de impostos e outros crimes.
Por que falam tanto de contas na Suíça?
É melhor ter contas lá, tem alguma vantagem?
A Suíça é um "paraíso fiscal". Isso quer dizer que
as regras para abrir contas e fazer investimentos são mais flexíveis do que em
outros países. Por isso, pessoas que movimentam grandes quantidades de recursos
preferem guardar suas economias no país, já que pagam pouco (ou nada) em impostos.
A princípio, não é ilegal ter dinheiro na Suíça, mas as leis de diversos
países, como o Brasil, exigem que seus cidadãos declarem o dinheiro que possuem
no exterior para que impostos sejam cobrados sobre essas quantias. Quem não faz
isso comete crime de evasão de divisas e pode pegar de dois a seis anos de
prisão, além do pagamento de multa.
O Brasil está investigando esse caso?
Ainda não. Mas o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS)
encaminhou um pedido de abertura de investigação à Procuradoria-Geral da
República para saber se as contas dos brasileiros têm irregularidades. França,
Estados Unidos, Argentina e Bélgica já estão apurando os crimes. Desde 2009, quando as autoridades
francesas obtiveram a lista de
contas suspeitas no HSBC, elas conseguiram obter de volta 820 milhões sonegados
por 3 mil clientes. No mesmo período, a Espanha conseguiu 960 milhões de reais,
também de 3 mil clientes espanhóis do HSBC.
* O jornalista Diogo Antonio Rodriguez é criador do site meexplica.com
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