Janot pede que Supremo investigue Agripino
Coordenador da campanha de Aécio Neves (PSDB), o senador Agripino Maia (DEM-RN) teria recebido propina de R$ 1 milhão
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot,
solicitou, nesta segunda-feira (23), que o Supremo Tribunal Federal (STF) abra
inquérito para investigar se o senador José Agripino Maia (DEM-RN), coordenador
da campanha do candidato à presidência Aécio Neves (PSDB), recebeu propina de
R$ 1 milhão. O valor teria sido cobrado para aprovação de uma lei que tornaria
obrigatória a inspeção veicular no estado.
O esquema foi revelado em delação premiada do
empresário George Olímpio, do Rio Grande do Norte, ao Ministério Público e
veiculada no programa Fantástico, da
TV Globo, na noite do último domingo (22).
Como
senador, Agripino Maia tem foro privilegiado. Por isso, a abertura de
investigações contra o político precisa ser autorizada pela Suprema Corte. A
decisão está nas mãos da ministra Cármen Lúcia. A PGR pede que ele seja
investigado por suposto crime de corrupção passiva.
A
senadora Fátima Bezerra (PT-RN) defendeu, também nesta segunda, a apuração no
“rigor da lei” das denúncias contra Agripino Maia.
“Que
os órgãos de fiscalização investiguem e a Justiça julgue. Se for considerado
culpado, que seja condenado como qualquer cidadão; se for considerado inocente,
que seja absolvido. O senador tem corriqueiramente se apressado em acusar,
julgar e condenar desafetos”, disse.
De
acordo com George Olímpio, políticos do estado norte-rio-grandense receberam
propina entre 2008 e 2011 para aprovar leis de seu interesse. À época, ele
conta que criou o instituto Inspar, dedicado a prestar serviços de cartório ao
Departamento de Trânsito do estado (Detran-RN). Esse instituto, segundo o
delator, cobrava uma taxa de cada contrato de carro financiado na região, na
qual era embutida o valor da propina.
Segundo
Olímpio, o pedido de mais de R$ 1 milhão em propina foi feito por Agripino Maia
2010. Na ocasião, o senador democrata disse ao empresário que tinha informações
de que ele havia dado R$ 5 milhões para a campanha do então governador do
estado, Iberê Ferreira, e exigiu o mesmo valor.
Ainda
de acordo com George Olímpio, no entanto, o pagamento feito para o então
governador do estado custou R$ 1 milhão. Assim, Agripino aceitou receber o
mesmo valor, que seria pago em três parcelas, de R$ 200 mil, R$ 100 mil e R$
700 mil.
“Ele
disse: Pronto. E ai vai faltar R$ 700 mil para você dar a mesma coisa que deu
para a campanha de Iberê”, conta o empresário.
“Para
mim, aquilo foi um aviso bastante claro de que ou você participa ou você perde
a inspeção. Uma forma muito sutil, mas uma forma de chantagem. R$ 1,150 milhão
foram dados em troca de manter a inspeção”, explicou. Ao Fantástico, por
telefone, Agripino Maia negou as acusações.
O caso
de Agripino nos faz lembrar do também senador e ex-companheiro de legenda
Demóstenes Torres, que era conhecido pelo discurso da moralidade, de combate à
corrupção contra seus adversários políticos. Mas foi acusado de ser cúmplice de
negócios ilegais controlados pelo bicheiro Carlinhos Cachoeira.
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