DOAÇÕES A PT E PSDB SE EQUIVALEM. É PROPINA?
Um
dos pedidos de inquérito do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, na
Lava Jato compra a tese de que doações legais de empreiteiras a determinados
partidos políticos, na realidade, seriam propina. Com base nesse argumento, o
senador Aécio Neves (PSDB-MG) chegou até a apresentar um projeto propondo a
cassação do registro de partidos que possam ser enquadrados nessa classificação
– seu alvo, obviamente, é o PT.
Para provar essa tese, o Ministério Público
pretende fazer uma varredura em R$ 62 milhões doados pelas empresas
investigadas na Lava Jato nos últimos anos (leia mais aqui).
Ocorre, no entanto, que um levantamento das
doações de campanha feitas por essas mesmas empresas em 2010 e 2014, anos das
duas últimas eleições presidenciais, mostra que os valores doados aos
diretórios nacionais de PT e PSDB foram praticamente idênticos. E mais: o PMDB
também recebeu um valor muito próximo, tendo sido o primeiro no ranking em 2010
e o terceiro em 2014.
O levantamento envolve as
empresas Odebrecht, Galvão, UTC, Camargo Correa, OAS, Andrade Gutierrez,
Mendes Júnior, Iesa, Queiroz Galvão, Engevix, Setal, GDK, Techint, Promon, MPE
e Skanska.
Eis os números de 2010:
Partido
Valor % sobre o
total da arrecadação
PMDB 32.850.000,00 24
PT 31.400.000,00 23
PSDB
27.770.000,00 20
PSB
19.515.000,00 14
PR 6.501.000,00 5
PP 4.950.000,00 4
Fonte: TSE
Os dados revelam, portanto, que, em 2010,
quando a presidente Dilma Rousseff superou José Serra na disputa presidencial,
o PMDB recebeu R$ 32,8 milhões, seguido pelo PT, com R$ 31,4 milhões e pelo
PSDB, com R$ 27,7 milhões. Nos três casos, a participação das empreiteiras
sobre o total arrecadado foi próxima a 20%.
Em 2014, quando a presidente Dilma Rousseff
superou Aécio Neves, não foi muito diferente.
Eis os números:
Partido
Valor % sobre o
total da arrecadação
PT 56.386.000,00 25
PSDB 53.730.000,00 24
PMDB 46.620.000,00 21
PSB 15.800.000,00 7
DEM
12.100.000,00 5
PP
10.255.000,00 5
Fonte: TSE
É novamente uma situação de equilíbrio entre
os três maiores partidos: PT, PSDB e PMDB. E, de novo, com a participação das
empreiteiras sobre o total arrecadado pouco superior a 20%.
Esses dados revelam a incoerência de quem
pretende demonstrar que as doações a determinados partidos são
"propina", enquanto a outros representam algum tipo de convicção
ideológica ou cidadania corporativa. (A esse respeito, vale ler, aqui,
a análise de Fernando Brito, editor do Tijolaço).
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