Sebastião Salgado - O rastro divino
Sebastião Salgado entre o filho Juliano e Wim Wenders
Documentário vê Sebastião Salgado como testemunha inigualável da história
Fotógrafo ou
deus? Uma etnia latino-americana por ele fotografada o entendeu como divindade,
conta o próprio Sebastião Salgado em O Sal da Terra, documentário que
estreou dia 26 codirigido por seu filho, Juliano Ribeiro Salgado, e Wim
Wenders. E assim o filme parece vê-lo, uma vez que jamais mostra o contexto
fotográfico em que suas imagens foram realizadas. Não houve fotógrafos antes ou
depois desse Salgado, nem influências nem agências como a Magnum a
orientá-lo... No filme, ele é o ser único a testemunhar a história recente e a
interpretá-la com a entonação do ator. Nenhuma palavra sobre a ética a
circundar seus retratos da tragédia humana, sempre tão próximos. Do homem que
viu dessa altura soberana tanto Serra Pelada quanto os sem-terra ou o genocídio
em Ruanda, o filme passa a construir o perfil de quem, ao refazer a Mata
Atlântica em sua propriedade, dá lições sobre a reconstrução da vida global. A
esse Salgado, é permitido não somente registrar o cotidiano de uma tribo
indígena brasileira quanto, ao burlar a vigilância dos preservacionistas,
presenteá-la com um canivete. O filme constitui, assim, a narrativa extensa de
suas aventuras que invariavelmente culminarão em morte, real ou insinuada nas
feições dos seres e animais em suas fotografias.
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